sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Review - Sword Art Online


Existe alguma série mais fácil de odiar na internet do que Sword Art Online?

Não, sério, eu acho que não existe, pelo menos não atualmente. Tem tantas pessoas que falam mal de Sword Art Online na internet, tantos textos de blogs, reviews do Youtube por diversas "celebridades" de anime diferentes, tudo isso literalmente dissecando Sword Art Online, falando de tudo o que há de errado com essa série aos mínimos detalhes e de como o Reki Kawahara devia ser condenado à guilhotina por ter criado uma aberração tão asquerosa quanto essa... Você praticamente nem precisa assistir a porra do anime pra odiar ele! Os caras já contam tudo o que acontece na história e todos os erros, daí pra ser um dos garotos legais da comunidade de animes, basta apenas repetir o que essa galera aí diz que você logo será aceito como um dos "conhecedores" da arte de criticar desenho chinês da internet, é um caminho facílimo, assim como odiar qualquer coisa mainstream, especialmente aquelas que têm falhas mais óbvias, te faz parecer legalzão.

Por mais que alguns me digam que eu sou assim... Eu não sou, eu não tenho ódio de coisas mainstream. Diabos, meu anime favorito é Fullmetal Alchemist: Brotherhood, o anime que tá no topo do ranking do MAL e de várias outras listas genéricas de "melhores animes" por aí! E se isso não te convence ainda, eu também amo Dragon Ball, Code Geass, Angel Beats, Death Note, Steins;Gate... Todos esses aí são mainstream, são conhecidos e referenciados até por gente que sequer gosta de anime, e também todos esses são criticados por uma parcela considerável de pessoas das quais algumas têm pontos válidos nas suas críticas e dá pra entender o porquê delas não gostarem, e outras só odeiam o bagulho porque é mainstream, um monte de gente gosta e eles querem ser os diferentões que nadam contra a maré. E é por isso que... Eu não queria odiar Sword Art Online, muito pelo contrário, eu adoraria gostar dessa série e encarar o pessoal que odeia que nem eu faço com os outros citados aí, mas infelizmente eu não consigo...

Acho que Sword Art Online dispensa introduções, todo mundo já sabe que foi um dos animes mais bem sucedidos e influentes da década passada, por bem ou por mal, causou um impacto na indústria e fez com que ela mudasse de alguma forma, o reflexo disso agora é o fato de que toda santa temporada tem algum isekai genérico esquecível graças ao fato de que Sword Art Online popularizou o gênero. Pois bem, apesar do anime ter ficado tão insanamente popular quando saiu lá pros últimos suspiros de 2012, eu não assisti ele naquela época, já havia perdido meu interesse em animes e não tava afim de assistir mais nenhum, mas eu sabia que Sword Art Online existia porque tanto as pessoas na internet quanto os meus colegas de sala do curso de jogos digitais que eu fazia na época comentavam sobre. Mesmo assim, não me interessei, e continuei sem assistir anime nenhum até ir voltando aos poucos pra isso em 2016.

Então quando eu considerei dar uma olhada em Sword Art Online, pra minha surpresa todo mundo parecia odiar isso, e eu não queria assistir um anime que todo mundo dos meus círculos tava falando que é uma bosta, provavelmente eu não ia gostar também. Mas será que isso pode ser tão ruim assim? Eu li a sinopse e parecia legal, um anime sobre pessoas que ficam presas dentro de um video game de realidade virtual e morrer no jogo significa morrer na vida real... Video games, caras, eu gosto de video games! Um dia, a curiosidade acabou falando mais alto e eu fui assistir Sword Art Online, me preparando pra isso ser o pior anime já feito e me broxar de anime por mais 4 anos que nem Mirai Nikki fez em 2011-2012. E honestamente... Não, Sword Art Online não chegou nem perto de ser tão abismal quanto esse pessoal faz parecer, mas eu definitivamente concordo que é um anime ruim de modo geral, e eu me senti frustrado por esse anime ter sido ruim.

Ainda assim... Não, caras, não é a pior coisa do mundo. Eu posso citar pelo menos uns 10 animes que são bem piores que Sword Art Online aqui e agora. Quer ver? Lá vai: Mirai Nikki, School Days, Guilty Crown, Deadman Wonderland, Aldnoah.Zero, Blood-C, Erased, Musaigen no Phantom World, Domestic na Kanojo e Arifureta. Pronto, não-ironicamente prefiro assistir Sword Art Online do que assistir qualquer um desses aí, e tem mais de onde eles vieram! Agora que eu deixei bem claro que eu não tenho esse ódio visceral de SAO e muito menos acho que é o pior, ou sequer um dos piores animes que eu já assisti, acho que dá pra começar essa review sem os outros tendo ideia errada sobre mim. A propósito, essa é uma review especificamente do anime de Sword Art Online, eu nunca li a Light Novel que é a obra original que foi adaptada aqui, não sei como ela é e nem se ela faz as coisas melhor ou pior do que o anime, só sei que é uma novel que foi escrita e publicada na internet pela primeira vez em 2002, e depois teve a versão física lançada em 2009, continuando até hoje. Essa review também é apenas da primeira temporada do anime, eu faço reviews separadas pras outras quando tiver afim, mas por agora é só a primeira mesmo.

E aí, gamers! Oprimindo muitas minorias nesse belo dia 6 de Novembro de 2022? Que tal jogar esse novo MMORPG chamado Sword Art Online? Um game de realidade virtual com um gigantesco mundo de fantasia criado pra você explorar como nunca antes, travar batalhas épicas, se juntar com outros gamers pra xingar as jogadoras mulheres querendo farmar escravos e depois espancar não só elas, mas os próprios escravos até zerar o HP! Tudo isso é possível em Sword Art Online, essa nova experiência revolucionária que traz a imersão dos video games a um nível completamente novo. O futuro dos jogos eletrônicos está aqui, e você pode experienciá-lo agora mesmo indo na loja de jogos mais próxima da sua casa e comprando seu Sword Art Online junto com o novo console, NerveGear, um capacete que estimula os cinco sentidos do usuário e assim o permite controlar seu avatar do jogo como se fosse ele mesmo! Cortesia da Argus!

E foi isso que o nosso protagonista, Kirigaya Kazuto, um geek de 14 anos mais conhecido como Kirito, fez assim que o jogo lançou, tendo sido um dos 1000 jogadores a terem o privilégio de testar a beta fechada de Sword Art Online alguns meses antes do lançamento do título. Chegando lá, ele encontra um outro jogador chamado BallsDeep69... Digo... Klein... E após ensinar os básicos do jogo a esse noob do caralho que nem deve ser um gamer de verdade e os dois ficarem meio que amigos, Kirito descobre que não tem como dar logout no jogo. Bem, acontece que na verdade o criador do jogo, Kayaba Akihiko, tirou a opção de logout e basicamente prendeu todos os 10000 jogadores presentes ali dentro do jogo, e se eles quiserem sair e voltar às suas vidas normais, eles vão precisar passar dos 100 andares de Aincrad, o castelo enorme onde Sword Art Online se passa. A propósito, quem morrer no jogo morre na vida real, aparentemente o NerveGear vai fritar o cérebro do usuário se ele morrer no jogo ou se alguém de fora tentar tirar o aparelho da cabeça dele, ou algo assim.

Então no episódio 2 já rola um time skip de 2 meses, 2000 dos 10000 jogadores morreram e todo mundo ainda tá no primeiro andar, um outro beta tester chamado Diavel organizou um encontro com outros jogadores pra derrotar o boss do primeiro andar de Aincrad que só agora o grupo dele encontrou. Nisso, os beta testers começam a ganhar uma má fama porque aparentemente eles são um bando de trapaceiros cuzões que tiram vantagem do conhecimento extra que eles têm do jogo pra ficar mais fortes do que o resto dos jogadores e rola toda uma discussão por causa disso, mas no fim todo mundo resolve se juntar em grupos separados pra ir lutar contra o boss, e o Kirito acaba ficando junto com uma garota chamada Asuna. No dia seguinte, a galera vai lá derrotar o boss e tudo parece correr bem, até que o Diavel acaba sendo morto pelo boss porque ele agora usa uma arma diferente do que tinha na versão beta e o Kirito tentou avisar quando ele percebeu, mas já era tarde demais. O Kirito acaba derrotando o boss, o resto dos jogadores acusam ele de ser um beater... Não, não tão chamando ele de punheteiro, é uma mistura de beta tester com cheater, mas o uso desse termo ainda é hilário de qualquer forma.

Kirito então simplesmente assume esse papel de vilão que omitiu informações sobre o jogo só pra ninguém além dele derrotar o boss e ganhar a jaqueta preta que ele dá de loot como recompensa, agindo como um edgelord da internet com os caras enquanto prossegue pro próximo andar. Eu... Entendo a lógica do que ele quis fazer aqui e até gosto da ideia, todos os beta testers tavam sendo mal vistos e isso tava causando uma falta de confiança generalizada nos jogadores, então o Kirito resolveu aproveitar que esse infortúnio aconteceu pra direcionar esses maus olhares que tavam nos outros beta testers pra ele mesmo, assim todos teriam um inimigo em comum e ficariam mais unidos, aumentando as chances do jogo ser terminado. O problema é que não faz sentido culpar o Kirito pela morte do Diavel, ele claramente tentou avisar sobre a arma diferente do boss e o cara não deu ouvidos, e quando ele tava morrendo, o Kirito tentou dar a ele uma poção que ele mesmo recusou... E os outros viram aquilo acontecendo! Então por que diabos o Kirito teria culpa? Ele até podia muito bem falar que ele tentou salvar o Diavel e que os próprios caras que acusam ele agora viram isso claramente, mas ele não o faz porque... Tem que ter algum drama nisso, eu acho.

Acho que é mais fácil falar sobre o que eu gostei nesses dois primeiros episódios de Sword Art Online antes de sair falando dos defeitos. O episódio 1 introduz as coisas muito bem, a gente é apresentado ao Kirito, vemos que ele vive com a mãe e a irmã e aparenta não ser lá uma pessoa muito sociável pelo modo como ele já foi entrando no jogo e indo jogar sozinho, só parando pra ensinar o Klein a jogar depois que ele insistiu um bocado, e nisso as mecânicas básicas do jogo também são bem explicadas. O Kirito menciona que ele se sente mais vivo no mundo do jogo do que no real, o que reforça a ideia de que ele não é muito sociável, diferente do Klein que até tinha um encontro marcado com uma galera dentro do jogo e tentou chamar o Kirito pra ir junto, mas acabou sendo recusado. Os dois personagens foram bem caracterizados e o anime conseguiu fazer os dois parecerem gostáveis e relacionáveis da sua própria forma.

A revelação do Kayaba sobre Sword Art Online ser um jogo da morte, com os avatares das pessoas se desfazendo e se tornando réplicas dos seus corpos reais e tudo foi bem legal também, inclusive essa parte tem um momento onde dois caras após terem os corpos reais revelados falam um pro outro "Você é um homem!" "E você não tem 17 anos!" e isso foi hilário, sem brincadeira, foi uma das melhores cenas do anime inteiro. O episódio 1 no geral foi bem divertido e me deixou curioso pra ver o que vem depois, foi uma ótima primeira impressão! Então vem o episódio 2 que... Não é tão bom quanto o 1, mas foi decente, ver o pessoal se juntando pra lutar contra um boss com esses termos e mecânicas de video game sendo usados num anime assim foi bacana, apesar dos meus problemas com o lance todo dos beta testers e do Kirito, a Asuna também até então parecia ser uma personagem interessante.

Agora sobre os defeitos... Por onde eu começo? Então, se acostume com time skips como esse do episódio 1 pro 2, porque Sword Art Online faz muito isso, especialmente pra justificar os pulos absurdos de nível que o Kirito ganha de um episódio pro outro, e eu honestamente acho isso um jeito bem preguiçoso de fazer a história ir saltando de um evento pro outro sem o autor precisar explicar o que aconteceu entre antes e agora. Sim, eu sei que o Kirito treinou, é óbvio, isso é um RPG, você sobe de nível matando monstros e ainda por cima o Kirito é um beta tester, então ele e mais 999 outros jogadores sabem mais do que o resto e provavelmente conhecem os atalhos pra subir de nível mais rápido. O problema é que o Kirito é praticamente o único jogador disso que fica tão OP assim, os outros beta testers, mesmo tendo tanto conhecimento quanto ele, sequer são relevantes pra história e aparentemente também tão vários níveis abaixo. Onde diabos tavam esses beta testers que supostamente tão usando os melhores lugares pra ganhar exp e subir de nível rápido pra ir lá enfrentar o boss do primeiro andar junto com o Diavel e os outros? Obviamente nenhum dos outros jogadores ali além do Kirito e do Diavel era um beta tester, caso contrário ele saberia o que fazer também.

Aliás, algo me diz que o Kawahara não sabe exatamente como beta testing funciona, porque beta testers precisam jogar o jogo todo, o propósito disso é justamente testar tudo o que tem no jogo pra se certificar que tudo funciona direito, que não haja falhas em lugar nenhum, e as que forem encontradas precisam ser reportadas pros desenvolvedores consertarem. Como diabos isso sequer é um jogo finalizado e tecnicamente estável se os beta testers nem ao menos chegaram até o fim dele? Por acaso a Argus era pra ser uma paródia da Bethesda ou algo assim? Nah, provavelmente eu só tô dando crédito demais pra esse anime pensando isso. Aliás, alguém pode me explicar como diabos os desenvolvedores de Sword Art Online concordaram em fazer esse jogo do jeito que ele é? Ninguém dessa empresa estranhou quando o Kayaba sugeriu que fizessem uma função pro NerveGear que matasse os usuários dele? Por que nenhum dos desenvolvedores desse jogo tomou alguma atitude sobre essa situação toda? Todos eles tavam de acordo com esse plano do Kayaba? Se sim, por que? O que picas eles têm a ganhar com isso?

Existem alguns defeitos menores que valem pro anime todo, como as inconsistências no modo como o NerveGear funciona, porque aparentemente você não sente dor, mas sente frio, sente o gosto das comidas virtuais ali, sente até prazer transando dentro do jogo... É... Pelo visto os caras programaram orgasmo em Sword Art Online, me pergunto como diabos os beta testers testaram essa função. Mas eu não ligo muito pra isso, isso é um anime sci-fi, eu consigo suspender minha descrença ao ponto de acreditar que o NerveGear é avançado o suficiente pra bloquear certos sinais do sistema nervoso e manter outros. Algumas reviews que eu vi por aí também falaram sobre como Sword Art Online não funcionaria como um jogo oficialmente lançado pras massas jogarem porque os bosses dos andares não respawnam depois dos andares, skills exclusivas apenas pra um jogador, etc. Isso seria um ponto válido... Se Sword Art Online fosse um jogo lançado pras massas jogarem, mas não é, isso foi apenas o marketing que fizeram, o plano do Kayaba era prender aquele bando de nerds fedidos no jogo dele pra que ele possa ser o deus do seu próprio mundo ou alguma merda do tipo. Seguindo essa narrativa de que ele quer ser um deus, ou um vilão, e lutar contra algum herói que seja capaz de derrotá-lo e sair do jogo no fim, esse design faz sentido.

Honestamente, eu nem quero ficar entrando em detalhes demais sobre o jogo em si porque esse anime não é exatamente sobre o jogo, mas sim sobre as pessoas que tão nesse jogo e as relações que elas formam dentro dele, assim como o modo como elas se adaptam a essa situação toda. O jogo é apenas uma gimmick, eu não exijo que ele seja 100% precisamente igual a um MMORPG do mundo real... O meu problema é com a história que envolve esse jogo dentro do universo do anime, essas coisas sem sentido que ficam sem explicação e poderiam até ser parte do mistério da trama que ia sendo resolvido aos poucos se o autor tivesse pensado mais nisso, mas ele não pensou. Isso e os time skips constantes são os maiores problemas com o arco de Aincrad, não tem muito senso de conexão de um episódio pro outro, e em alguns desses episódios a história se move em um ritmo rápido demais pra eu me importar com as coisas que ela quer que eu me importe.

Por exemplo... Lembra de quando no final do episódio 2 o Kirito fez toda aquela atuação de anti-herói solitário que trabalha sozinho e até desfez o grupo dele com a Asuna? Pois então, no episódio 3 já tem outro time skip e o Kirito de repente tá ali numa guilda chamada Moonlit Black Cats e se tornou amigo dessa galera! Mas hein? A gente mal viu o cara jogando sozinho e ele aparentemente conheceu/ajudou essa galera em offscreen, inclusive ele já tá no nível 40 nesse episódio e mente pra eles que tá no 20... Por algum motivo. Detalhe que ele também comenta que jogadores solo como ele atacam inimigos isolados e que isso não é uma maneira muito eficiente de subir de nível... O que só me deixa mais curioso pra saber como diabos ele é consistentemente o jogador com o nível mais alto da história se o método que ele aparentemente usa é ineficiente! Sério, o que esse cara faz? Aparentemente já tem vários andares liberados como resultado do time skip, mas por algum motivo ele fica brincando por aí nos andares mais baixos e de alguma forma consegue chegar a níveis absurdos assim. O anime vai explicar isso alguma hora? Mas é claro que não!

Ok, então nesse episódio a gente vê mais ou menos o Kirito ficando amigo desses caras, mas nenhum deles tem muito foco com exceção de uma garota chamada Sachi, que morre de medo de lutar e morrer, e mesmo assim os caras mantêm ela na guilda e levam ela pras quests. Numa certa noite, o Kirito encontra a Sachi por aí e ela continua com medo, então eu te pergunto: O que exatamente o gênio Kirito com toda a sua sabedoria faz?

a) Convencer a Sachi a sair dos Black Cats e tentar viver a vida dela em paz na cidade até alguém conseguir derrotar o último boss, já que as cidades são tratadas pelo jogo como locais seguros onde nenhum perigo alcança e ninguém pode morrer.

b) Encorajar a Sachi a ir lá lutar, mesmo a garota se cagando de medo de morrer.

Se você escolheu a opção B... Meus parabéns, você acertou! E o fato de que o Kirito mentiu sobre o nível dele pros caras enquanto eles foram pegando quests fez com que eles ficarem confiantes o suficiente pra entrar numa dungeon perigosa bem acima do nível deles... Com a Sachi junto... Você imagina que essa seria uma boa hora pra falar "Peraí, pessoal, olha, eu tava mentindo e eu tô num nível bem acima do de vocês, é melhor não fazer isso se não cês vão morrer", mas não, esse imbecil do caralho não fala nada! Pra surpresa de ninguém, todo mundo morre, inclusive a Sachi, e o Kirito é o único sobrevivente. Nosso herói, pessoal!

Depois desse desastre todo com os Black Cats, Kirito tenta consertar o seu erro indo lá pro 35º andar atrás de um item que pode reviver outro jogador, porém outras guildas também estão atrás desse item e já se reuniram pra derrotar o boss que dá ele. Felizmente, o Klein aparece com a guilda que ele montou com o passar do tempo e luta com os caras enquanto o Kirito vai lá derrotar o boss, no fim das contas não adiantou muita coisa porque o item de reviver só funciona quando é com um jogador que tá morto há até 10 segundos, então ele dá o item pro Klein e se manda pra casa onde ele vai ter uma crise emo por causa da própria burrice que causou a morte dos Black Cats. Lá ele acaba encontrando uma mensagem que a Sachi gravou antes dessa merda toda dizendo pra ele não se culpar pela morte dela e e tal... Exceto que a morte dela foi totalmente culpa dele sim, porra! Ele podia ter evitado literalmente tudo de ruim que aconteceu nesse episódio se tivesse sido honesto com os caras, tenho certeza que eles não se importariam em saber disso logo de cara, considerando que todos eles eram bem amigáveis com o Kirito.

Foi a partir do episódio 3 que eu comecei a pensar "Hmm... Ok, talvez esse anime seja uma merda... Talvez...", porque vendo o 1 e o 2 eu tava gostando. Apesar disso eu me enganei, Sword Art Online não fica um lixo completo desse episódio em diante, eu diria até que dá uma melhorada por um tempo, mas Jesus, esse episódio foi ruim... E poderia não ter sido. Eu gosto da ideia desse episódio: O protagonista comete um erro que acaba custando a vida de uma ou mais pessoas que eram importantes pra ele, deixando ele com um sentimento de culpa no fim. Isso mostra que o personagem tem falhas, ele comete erros e na teoria aprenderia com eles na medida em que a história progride e ele se desenvolve. Então sim, eu entendo pelo menos a intenção por trás disso, e por mais que essa tragédia que houve com os Black Cats tenha sido mais forçada que a minha quinta punheta da madrugada, ainda dá pra ver algum potencial ali.

Só que o Kirito não aprende porra nenhuma com isso e nem cresce de maneira alguma também. Ou pelo menos o anime não faz parecer que sim, porque depois desse episódio já tem outro time skip e outra história sem conexão alguma com o anterior, com o Kirito aparentemente ficando de boa e ajudando a loli desse anime aí a ressuscitar o dragãozinho morto dela... Porra, Kawahara! Ou A-1 Pictures... Ou seja lá quem for o culpado por isso! Você faz um episódio inteiro focado num evento trágico que afetou o protagonista da sua história emocionalmente, e faz ele superar isso em offscreen? Mas o que caralhos, velho? Por que? Vocês são alérgicos a escrever personagens lidando com as consequências dos seus atos ou algo assim? E não é como se isso fosse um evento que assombra o Kirito apesar dos time skips, como se isso ainda ficasse na mente dele por uma boa parte do tempo ou algo assim, ele sequer menciona a Sachi ou os Black Cats por todo o resto do anime.

O único efeito disso que a gente vê mais ou menos é o Kirito continuando a ser um jogador "solo" e supostamente ficando mais distante dos outros, mesmo que em 90% dos episódios desse arco ele esteja sempre acompanhado de alguém, normalmente alguma garota que ele para pra ajudar e que depois se apaixona ou fica atraída por ele de alguma forma, ou a Asuna depois de reencontrá-la. Se o Kirito realmente tem um arco de personagem nessa história no qual ele começa tendo receio de se aproximar das pessoas, especialmente depois do que aconteceu com a Sachi e os Black Cats, e aos poucos vai aprendendo a confiar mais nos outros e em si mesmo através das histórias que ele presencia dentro desse mundo e a relação dele com a Asuna... O anime comunicou isso mal pra caralho, a impressão que ficou é que o Kirito muda de personalidade de um episódio pro outro de acordo com o que for mais conveniente pra história andar no momento. Provavelmente é por causa dos time skips... Sério, o maior problema com esse arco é a porra dos time skips.

Não, eu não acho time skips uma coisa automaticamente ruim, mas acontece que no caso desse anime aqui eles não têm propósito nenhum fora o de dar ao autor uma desculpa pra não ter que explicar o Kirito sendo o jogador mais OP do bagulho o tempo todo, impedir que o anime dure mais de 100 episódios explorando todos os 100 andares de Aincrad, o que é compreensível e nem eu ia querer isso... Mas o provável maior motivo pra esses time skips é o fato de que Sword Art Online originalmente foi uma história escrita por um amador no começo dos anos 2000 pra uma competição de escritores amadores, e havia um limite de páginas nessa competição. E mesmo com esses time skips, a história aparentemente ainda passou do limite de páginas permitido e ele ao invés disso a publicou na internet mesmo. Entende agora o porquê de certos aspectos do roteiro do arco de Aincrad parecerem amadores? Pois é, é porque a história foi literalmente escrita por um amador, e a A-1 Pictures ao invés de aproveitar a oportunidade pra consertar esses problemas e melhorar Sword Art Online na sua adaptação, resolveu só pegar o negócio com os problemas e tudo, misturar com as histórias secundárias lançadas no segundo livro e foda-se.

O Kawahara sabe tanto de como esses time skips prejudicaram a história original dele que ele tá escrevendo uma nova versão desse arco chamado Sword Art Online: Progressive, e a ideia desse remake aí é explorar cada um dos andares de Aincrad sem time skips e nem nada. Existe uma adaptação em mangá do Progressive, eu li essa adaptação e honestamente gostei, obviamente o mangá não cobre tudo porque nem a novel terminou ainda, mas até onde o mangá foi eu realmente gostei e espero que o Progressive ganhe um anime algum dia desses aí. Quer dizer, eu não acho que seja necessário que cada andar seja explorado em detalhes, por mim tava ok usar time skips desde que eles sejam bem posicionados na história, mas tanto faz, não sou totalmente contra explorar cada um dos andares também, por mais que isso acabe resultando numa história muito mais longa.

De qualquer maneira, depois do episódio 3, Sword Art Online vira uma série de histórias separadas dentro do mundo do jogo, a única ligação que essas histórias têm uma com a outra é que elas se passam dentro desse mundo e o Kirito tá presente em todas elas, não dão muita atenção ao plot de chegar ao fim do jogo. Pra ser honesto, essa é provavelmente a minha parte favorita do anime... Sim, é ridículo o fato de que o Kirito ajuda umas garotas que se apaixonam por ele logo depois só porque ele ajudou elas, isso parece o tipo de coisa que eu me imaginaria fazendo nos meus 12 anos de idade baseado na minha idealização do que uma garota faria caso eu ajudasse ela com alguma coisa. Diabos, eu já segurei uma garota aleatória que ia atravessar a rua mexendo no celular sem perceber que o sinal tava aberto, e ela simplesmente me agradeceu e a gente foi cada um pro seu lado depois de atravessar a rua. Eu literalmente salvei a vida dela! Por que ela não se apaixonou? Sword Art Online mentiu pra mim!!!

Mas quer saber? Tirando esse retardamento todo com o harém do Kirito e tal... Eu meio que gosto da maioria das histórias separadas que esses episódios do 4 ao 12 contam. Sim, elas são inconsequentes pro plot principal, mas foda-se, o plot principal já é cheio de problemas e tem uma conclusão horrível quanto a história volta pra ele nos episódios 13 e 14. Pelo menos o Kirito (e a Asuna depois que eles se reencontram) se aventurando por aí em Aincrad é divertido de assistir, apesar do Kirito ser tão OP remover a tensão de 90% das cenas de ação. A história lá onde o anime vira CSI Online deles investigando uns assassinatos misteriosos que ocorreram numa cidade foi interessante, o Kirito indo atrás de um dragão pra matar e pegar o mineral que ele dropa pra Lizbeth (uma ferreira que também é uma das garotas do harém dele) forjar uma espada nova através dele foi um episódio de aventura legalzinho... Enfim, não é nada incrível essa parte meio slice of life/aventura do anime, mas é o ponto dele que eu mais me diverti assistindo.

O que ajuda isso é que Aincrad é um mundo de fantasia legal, os andares que o anime mostra são bem distintos um do outro ao mesmo tempo que ainda assim parecem todos parte do mesmo universo, e como estamos falando da A-1 Pictures que sempre foi um estúdio ótimo com visuais e produção, esse aqui sendo um dos animes mais bonitos e consistentemente bem animados que eles fizeram, acaba capturando bem a sensação de estar se aventurando num JRPG com vários locais únicos a serem desbravados. Agora eu vou fazer uma afirmação meio controversa aqui, provavelmente a maioria de vocês que estiverem lendo esse texto aqui e agora vão arregalar os olhos assim que a informação processar, então lá vai:

Eu gosto da Asuna, e até um pouco do relacionamento dela com o Kirito.

... Bem, eu avisei que era uma opinião controversa.

Primeiramente, eu gosto da Asuna porque ela é uma personagem feminina bem forte... Não, eu não tô tentando dar uma de feministo aqui, é só que eu gosto de personagens femininas, em especial interesses amorosos, que não são completamente dependentes do protagonista pra tudo. A Asuna a princípio parecia ter muita pressa de sair desse jogo logo porque aparentemente ela tinha assuntos importantes a resolver no mundo real e isso tava deixando ela ansiosa e estressada o tempo todo, e depois de interagir com o Kirito ela foi tentando ficar mais calma e aprender a viver nesse mundo, e dá pra ver uma mudança dela no começo do anime pra mais ou menos metade, ela parece bem mais tranquila e receptiva com os outros. Apesar do anime focar quase exclusivamente no Kirito, é perceptível a progressão que a Asuna tem, de uma garota ansiosa e distante lá no começo ela com o tempo acaba se tornando vice-líder de uma guilda chamada Knights of the Blood Oath, se mostra capaz de lutar sozinha. Não que a parte de ser capaz de lutar já não tenha sido mostrada antes, mas a atitude dela no geral tá diferente.

O romance do Kirito com a Asuna têm essa fundação, os dois se distanciavam dos outros por seus próprios motivos, então de certa maneira eles se entendiam bem, a relação deles é construída de um jeito bem natural e plausível com o tempo que eles passam juntos na história, isso resulta em alguns dos poucos momentos desse anime onde o Kirito demonstra mais lados da personalidade (ou falta de tal) dele do que só ser o cara bonzinho que quer ajudar os outros ou o emo depressivo que quer ficar sozinho. Uma das coisas que eu queria nesse anime é ver mais da Asuna, saber mais sobre o background dela, ver as coisas que ela andou fazendo depois de separar do Kirito no episódio 2 até eles se reencontrarem e tal, e isso é uma coisa que o Progressive faz, inclusive, pelo menos no mangá a Asuna é a protagonista e o Kirito é mais secundário, e a história fica bem melhor assim, além do próprio Kirito ser um personagem mais legal lá também. Sério, se você quer uma versão boa de Sword Art Online, tem duas alternativas: Progressive e Abridged.

De qualquer forma, essa relação do Kirito com a Asuna não é sem defeitos também. Depois que os dois passam um tempo juntos, a Asuna vai tendo cada vez menos papel importante nas lutas, porque o anime ainda tá mais preocupado em mostrar o Kirito sendo OP e tal... A última vez que a gente vê a Asuna fazendo alguma coisa significativa é quando ela salva o Kirito daquele antagonista stalker genérico da guilda dela, que depois se revela membro de uma guilda edgy que mata jogadores por diversão chamada Laughing Coffin. Primeiro que todo o conflito com esse cara é ridículo, a Asuna é a vice-líder da guilda dele e uma jogadora de nível bem mais alto, ela podia muito bem ordenar ele a parar de encher o saco desde o começo ou então descer a porrada no cara ali mesmo, mas por algum motivo ela precisa do Kirito derrotar esse cara numa luta pra ele parar de encher ela por um tempo. Aí depois esse mesmo cara atrai o Kirito pra uma armadilha lá, deixa ele paralisado e vai torturando ele até o HP quase zerar, nesse momento a Asuna chega lá e desce a porrada no cara. Isso devia ser o momento dela, mas no fim ela fica sem coragem de matar o cara... E aí o Kirito de alguma forma consegue dar o golpe final, sabe-se lá como diabos ele se desparalizou.

Acho que essa seria uma boa hora pra falar que eu gosto de alguns personagens secundários desse anime também, em especial o Klein e o Agil, que era um dos caras do primeiro episódio que defendeu os beta testers do ódio injusto dos outros jogadores. Uma das coisas legais sobre esses episódios era ver como esses caras andavam do começo do anime pra cá: O Klein conseguiu montar a guilda dele, liderando e protegendo os caras até todos eles se tornarem jogadores bons o suficiente pra lutar nas linhas de frente e ajudar a terminar o jogo, e o Agil deu um jeito de abrir uma loja em uma cidade ao mesmo tempo que ele também andou treinando pra lutar nas linhas de frente. Cês sabem que eu gosto quando uma história mostra os outros personagens progredindo ao mesmo tempo que os principais, Sword Art Online faz isso, apesar de todos os problemas que o anime tem. Vou dar crédito onde é merecido, oras!

Dito isso, um pouco antes da reta final desse arco, o Kirito e a Asuna se casam e passam a viver juntos, eles até chegam a transar e tal. Então, uma hora eles acabam encontrando uma garotinha chamada Yui, que parecia perdida e depois de um tempo passa a tratar os dois como seus próprios pais, e depois de muitas confusões aprontadas pela nossa família do barulho, é revelado que na verdade a Yui é uma inteligência artifical do próprio jogo criada pra ajudar os jogadores a ficarem com um estado psicológico bom. Por algum motivo, a Yui ficou impedida de interferir no jogo e ajudar os jogadores, então ela ficou deprimida vendo todo mundo sofrer, mas então quando ela viu que o Kirito e a Asuna eram felizes ali, ela quis interagir com eles. Só que como ela interferiu no jogo, ela vai ser deletada... Exceto que o Kirito usou o console da GM pra impedir que ela suma totalmente, transformando ela num item pra ser usado depois ou algo assim. Não tenho nada contra a Yui como personagem, mas não entendi qual foi o propósito dela no fim das contas... O que o Kayaba queria? Pra que ele programou essa IA no jogo se ele não vai fazer nada com ela? Sei lá... Apenas mais uma das várias coisas sem sentido que nunca são explicadas em Sword Art Online...

Aliás, foda-se, vamo falar do Kayaba aqui. A última parte do arco de Aincrad se consiste em todo mundo se juntando pra derrotar o boss do 75º andar, e depois de uma luta até bem legal contra esse boss, acontece a grande revelação de que o líder dos Knights of the Blood Oath, Heathcliff, era na verdade ninguém menos do que o Kayaba Akihiko esse tempo todo! Woooow, que reviravolta! Pois bem, o Kayaba é o boss do 100º andar, o que significa que derrotando ele, todo mundo tá livre do jogo, mas obviamente ele não deixa isso acontecer tão fácil e usa os seus poderes de adm pra paralizar todo mundo menos o Kirito, propondo um duelo contra o nosso protagonista e aceitando libertar todo mundo se ele perder. O Kirito perde a luta e tava prestes a ser morto, quando a Asuna misteriosamente conseguiu se desparalizar e entrar na frente dele, levando o ataque do Kayaba e morrendo pra proteger o Kirito... Que fica todo tristão e sem vontade de lutar, daí ele acaba sendo morto pelo Kayaba também... Exceto que não, ele por algum motivo conseguiu dar um golpe final no Kayaba mesmo com o HP zerado... E agora a Asuna tá viva também... Que? Como? Isso tudo aí foi algum bug do jogo ou algo assim? É claro que o anime não explica essa merda, o Kirito e a Asuna sobreviveram porque sim!

Então antes do jogo acabar e ser deletado, eles têm uma conversa com o próprio Kayaba e perguntam por que caralhos ele fez isso... E esse é provavelmente o momento mais estúpido desse arco: Ele diz que esqueceu. Sério, ele realmente diz isso, não tô inventando coisa. Depois ele faz um monólogo idiota pra caralho sobre como ele sempre sonhou com um castelo que flutua no céu, um mundo acima das leis ou alguma merda do tipo... O que não explica por que diabos ele prendeu um monte de gente dentro desse bagulho e colocou todas essas vidas em risco, na verdade não explica porra nenhuma sobre nada! Qual diabos era a intenção desses caras com o Kayaba? Que tipo de vilão ele era pra ser afinal? Eles acham que deixar o vilão sem uma motivação aparente e umas indicações ridiculamente vagas do que ele quer torna esse vilão profundo ou algo assim? Fala sério, vai chupar um pinto, Kawahara! Ou a culpa disso é da A-1 Pictures? Sei lá, vai todo mundo chupar um pinto então!

O pior é que o Kayaba é só um dos vários vilões horríveis de Sword Art Online... Não, sério, essa série é péssima com vilões, quase todos eles são ruins das suas próprias maneiras, a primeira vilã decente dessa merda só foi surgir no Alicization, que é o último arco que o anime tá adaptando aí ainda. Comparado com o vilão do próximo arco, o Kayaba é até aceitável, sério, o próximo arco depois do episódio 14 desse anime é tão terrível que até os fãs de Sword Art Online que eu conheço odeiam ele, acho que é a única parte desse anime que eu diria que realmente merece esse ódio todo e é bem mais do que só um anime ruinzinho.

Bem, eu tô me adiantando aqui, de qualquer forma. O arco de Aincrad termina assim então, o jogo acaba, as pessoas que sobreviveram voltam pras suas vidas normais depois de se recuperarem no hospital, já que essa galera ficou dois anos com um capacete de VR na cabeça com o corpo inativo e isso obviamente causaria problemas de saúde. O Kirito sai da sua sala do hospital e vai lá encontrar a Asuna, fim do arco!

Apesar desses defeitos, eu continuo não achando o arco de Aincrad necessariamente ruim... Não, isso não significa que eu ache ele bom, mas ele tem um certo charme, sabe? O conceito dele é bem interessante, o mundo virtual que ele apresenta é bonito e variado, alguns dos personagens são gostáveis e a mensagem sobre relacionamentos virtuais e como eles podem ser tão significativos quanto os que temos no mundo real, muitas vezes até mais, é bem relacionável pra pessoas como eu que têm mais amizades na internet mesmo. Sim, tem coisas estúpidas e sem sentido nessa história, as que eu mencionei aqui foram apenas as que me incomodaram, isso aqui tinha potencial pra ser um híbrido incrível de realidade virtual com jogo de sobrevivência, romance e mistério... Mas o anime nunca aproveitou muito desse potencial, desperdiçando boa parte disso sendo wish-fulfillment de otaco moderno estereotipado, e o resto com um plot principal que tem sérias dificuldades em fazer sentido e se desmorona na reta final. É frustrante, eu admito, dá raiva ver uma coisa que tinha tudo pra ser boa pra caralho acabar sendo medíocre assim.

Apesar disso... Meh, esse arco é no máximo divertidinho e na pior das hipóteses um pouco abaixo da média. Aquele negócio bem nota 5 mesmo, sabe? Essa é a minha opinião sobre o arco de Aincrad, nota menor que 4 é exagero e maior que 6 é inocência. Agora vamos ver a obra prima que vem depois dele, o tal do arco Fairy Dance...

Sabe como o arco de Aincrad começou bem, com uma premissa boa, uma introdução legal e depois acabou decepcionando porque a história não conseguiu aproveitar o potencial que ela mostrou no começo? Pois bem... O arco Fairy Dance não tem nem isso, ele já começa ruim e continua sendo uma bosta durante todos os 11 episódios que ele dura, sério, não tem um único episódio que eu assisti dessa merda que eu tenha gostado ou achado pelo menos aceitável. A história faz menos sentido ainda do que a do arco de Aincrad, o jogo em si é desinteressante... E é um arco maçante no geral, não dá nem pra se divertir assistindo que nem o de Aincrad, eu quase morri de tédio com esse bagulho. Pra mostrar pra vocês o absoluto nível da estupidez da história desse arco, vou resumir a premissa dele.

Kirito e a maioria dos outros jogadores voltam pras suas vidas normais, porém ainda existem 300 jogadores que tão em coma, um deles sendo ninguém menos do que a Asuna. Em uma das suas visitas à sua waifu no hospital, Kirito acaba encontrando o pai dela, que é o chefe de uma das empresas associadas a Sword Art Online, junto do pai da Asuna está um dos seus programadores principais chamado Sugou Nobuyuki. O Sugou foi escolhido pelo pai da Asuna pra se casar com a filha dele pra herdar a sua empresa, mas como a garota ainda tá em coma e obviamente recusaria o pedido de casamento, ele então foi adotado pela família, mas mesmo assim o Sugou quer se casar com a Asuna por algum motivo e ameaça o Kirito, que a princípio não pode fazer nada a respeito disso. Exceto que depois acaba sendo descoberto que a Asuna e os outros 300 jogadores estão em um MMORPG de realidade virtual novo chamado Alfheim Online, e a diferença desse pro jogo anterior é que não tem níveis, ao invés disso você melhora as suas habilidades através de repetição, também tem raças diferentes, magia e um sistema de voo, e ele é jogado em um console novo chamado AmuSphere.

A propósito, o Kirito tem uma irmã que na verdade é prima chamada Kirigaya Suguha, ela também joga Alfheim Online, por acaso ela encontra o Kirito lá e se junta com ele... Sem nenhum dos dois saberem quem eles são por trás dos seus avatares do jogo. E adivinha só...? A Suguha acaba se apaixonando pelo Kirito. Mas é claro que sim, caralho! Que personagem feminina não quer dar pro Kirito nessa merda? Aposto que o único motivo da Yui não ter acabado por se apaixonar por ele também é o fato de que provavelmente o Kawahara já tinha pensado nela como filha dele e da Asuna, e aí... Botar interesse amoroso nisso seria passar dos limites, né? Aliás, a Yui também tá nesse arco, o Kirito conseguiu dar um jeito de fazer ela brotar em Alfheim Online com a desculpa de que ele usa a mesma engine que Sword Art Online ou algo assim. Honestamente nem vale a pena falar sobre o quão ridícula é essa ideia de que um MMORPG de realidade virtual novo foi criado com um console totalmente novo em menos de 2 anos, foi permitido que lançassem isso mesmo com o incidente de Sword Art Online acontecendo e ainda por cima as pessoas simplesmente foram lá jogar depois do incidente com MMORPG virtual que matou milhares de pessoas alguns meses atrás. Até porque tem muito mais coisa errada com esse arco além de isso aí...

Esse negócio todo da Suguha com o Kirito é tão estúpido e podia ter sido feito de tantas formas melhores que toda vez que dão foco nisso eu ficava rangendo os meus dentes enquanto mal esperava a hora dessa merda ser resolvida logo... E é claro que isso não é resolvido rápido! Qual diabos é o propósito de arrastar isso da Suguha ter se apaixonado pelo Kirito no jogo sem saber que era o primo dela o tempo todo se eu, que tô assistindo a merda do negócio, já sei que ele é o primo dela e que isso não vai dar em nada? Por que ela sequer precisa se apaixonar por ele de qualquer forma? Não dava pro Kirito simplesmente explicar pra Suguha a situação dele, e então ela como jogadora experiente, resolve ajudar ele com isso e os dois apenas vão se aventurando no jogo atrás da Asuna enquanto ficam mais próximos sem esse elemento de romance? Não daria, né? Aí seria uma história sobre o Kirito se reaproximando da Suguha depois do trauma que ele teve com Sword Art Online, e no fim conseguindo voltar a ter a mesma relação que ele tinha com a sua família antes do incidente ao mesmo tempo que ele salva a Asuna, e isso claramente não funcionaria tão bem quanto mais uma garota pro harém do Kirito porque sim. Não dá pra ter uma personagem feminina nisso sem ela fazer algo que não seja querer a piroca do Kirito dentro dela, não é mesmo?

Falando em personagens femininas... Uau, o que esse arco fez com a Asuna me deixou até sem palavras a princípio, é como se o anime tivesse ouvido as minhas reclamações sobre o papel da Asuna no arco de Aincrad, falado "Ah é? Pois eu posso fazer pior!" e... Bem, dito e feito. Primeiro que essa história de donzela em perigo já é bem manjada e se você não tiver algo interessante pra fazer com ela, provavelmente o resultado vai ser medíocre na melhor das hipóteses. De alguma forma, esse arco consegue parecer que vai fazer algo interessante, pra depois acabar fazendo algo pior do que apenas seguir o clichê da donzela em perigo que não faz nada até o protagonista salvar ela. Basicamente, a maioria das cenas da Asuna nisso aqui se consistem nela sendo molestada e quase estuprada pelo Sugou dentro da gaiola lá onde ela tá presa, e na parte em que ela quase consegue escapar sozinha, ela é pega por dois monstros de tentáculos que não poderiam estar mais fora de lugar nesse negócio... Com essas cenas sendo retratadas de uma forma bizarramente erótica, como se o anime realmente esperasse que eu fosse paudurecer ou até tocar um punhetão pra isso. Não, caras... Não... Isso não é sexy, é nojento pra caralho!

E antes que alguém me chame de SJW, feministo e derivados... Não tem nada a ver com isso, eu não sou totalmente contra a ideia de um anime ter abuso sexual ou até mesmo estupro independente de como isso for feito simplesmente por dar gatilho ou alguma merda do tipo. Quer colocar estupro na sua história? Ok, coloque, é um tema interessante, apesar de ser de fato um assunto delicado pra muita gente e exigir um certo cuidado na hora de se abordar... O que significa que retratar isso de uma forma erótica com certeza não é uma maneira inteligente de abordar o assunto, né? E eu sei o que você deve estar pensando, que essas cenas são feitas pra quem tá assistindo odiar o Sugou, mostrar o quão detestável e doentio ele é. Pois bem, eles conseguiram, eu tive um ódio visceral desse maluco desde o primeiro episódio desse arco até o último... Mas eu também fiquei com ódio do anime por fazer isso da forma mais infantil e errada possível numa tentativa falha de parecer mais adulto. Não tem nenhuma nuance, nenhuma reflexão, não tem nada que justifique a necessidade de Sword Art Online ter essa merda aí, isso não é um comentário sobre abuso sexual e o impacto negativo que isso deixa na vida das vítimas. É como se High School Musical tivesse uma cena onde uma garota fica grávida e acaba abortando o bebê, vocês não sabem do que estão falando.

Mesmo ignorando esses elementos, o arco Fairy Dance é absurdamente tedioso. O mundo de Alfheim Online não chega nem perto da variedade que os cenários de Sword Art Online ofereciam, o Kirito é OP nesse jogo também, porque é claro que ele é, e mesmo com as mecânicas novas de voo e magia as lutas nem mudam tanto assim porque o método principal do Kirito lutar ainda é usando a sua espada pra retalhar tudo e dar one-hit kill em jogadores que tão no jogo há muito mais tempo do que ele porque ele é muito fodão. Quer dizer, o Kirito chega a aprender a usar magia, ele até consegue se transformar em uma espécie de demônio super poderoso parecido com aquele minotauro que ele enfrentou em Aincrad... Ele simplesmente destrói os inimigos dele com a maior facilidade quando usa essa magia, e nunca mais usa isso de novo depois daquele ponto, mesmo em situações onde ele era perfeitamente capaz de usar isso e resolver o problema logo. Por que? Sei lá, esse arco é estúpido.

E apesar do fato de que a Asuna é uma refém do Sugou tentar dar uma sensação de urgência à história, não adianta muito quando o Kirito não demonstra ter muita pressa pra salvar ela e fica brincando por aí nesse jogo fazendo nada que ajude a história a avançar. Sabe o que seria muito melhor? Se o arco não tivesse nenhum vilão, fosse só o Kirito e a Asuna se encontrando no mundo real e jogando esse bagulho juntos, e com isso eles poderiam simplesmente se divertir em um mundo virtual online como ele queria desde o começo. Mas não é só isso, fora do jogo poderia ter um drama com a Asuna e o Kirito se reaproximando das suas famílias depois de ficar 2 anos presos dentro de Sword Art Online, nisso entraria a Suguha, que queria ficar mais próxima do Kirito e resolveu começar a jogar MMORPGs nesse meio tempo pra tentar entender ele melhor. O Kirito e a Suguha acabam se encontrando em Alfheim Online, e na medida em que ela acaba jogando junto com ele e a Asuna, os dois vão ficando mais próximos e o Kirito passa a ter uma relação melhor com a família dele. Pronto, tá aí um anime sobre realidade virtual perfeitamente aceitável e com um drama humano que com certeza muita gente acharia relacionável... Mas não, eles tinham que enfiar um plot idiota com um vilão mais idiota ainda nisso.

Pra você ter uma ideia do quão estúpida é essa história toda, eu vou explicar aqui qual é o plano do Sugou. Basicamente, ele prendeu esses 300 jogadores dentro de Alfheim Online pra fazer experimentos em seus cérebros e aprender a manipular os pensamentos, as emoções e até as memórias das pessoas... De alguma forma ele quer vender esses experimentos pra outras companhias e dominar o mundo com isso, porque ele odeia o Kayaba e sofre de um complexo de inferioridade fodido. É sério, esse é o vilão do arco e a motivação dele. Imagina o Kawahara escrevendo isso mantendo uma expressão completamente séria no rosto, crente que ele tá no processo de criar uma obra prima e lançá-la pra que o mundo inteiro contemple o que saiu da sua mente brilhante. A única coisa remotamente satisfatória sobre esse cara é a cena do penúltimo episódio em que o Kirito desafia ele pra um x1 sem a função de absorção de dor lá e ainda dando pra ele a Excalibur, que é a espada mais forte do jogo, foi muito bom ver o Sugou sendo humilhado e depois morto como se ele fosse inferior a uma fralda cagada usada pelo autor de Mirai Nikki. Especialmente depois dele molestar a Asuna na frente do Kirito no que é provavelmente a pior cena dessa série inteira.

Eu nem ligo pro fato de que o Kirito conseguiu ganhar só por causa da ajuda do fantasma digital do Kayaba que surgiu do nada e deu a ele privilégios administrativos do jogo ou algo assim, a esse ponto asspulls estão entre os menores dos problemas com esse arco. Mas ok, depois de ir lá junto com a Suguha e a Yui salvar a Asuna e derrotar o Sugou, Kirito finalmente pode voltar pra sua vida normal... Exceto que o Sugou no mundo real ainda tenta matar ele, mas acaba se fodendo e sendo preso por seus webcrimes. Graças a um item chamado World Seed que o fantasma digital do Kayaba deu pro Kirito, um novo sistema pra MMORPGs virtuais é criado e agora todo mundo pode jogar feliz, eu acho, além do mais, Kirito e seu harem viram estudantes numa escola especial pra ex-jogadores de Sword Art Online. Final feliz!

Olha... Eu tenho quase certeza que o motivo das pessoas odiarem tanto Sword Art Online é o Fairy Dance, esse arco no seu melhor é desinteressante e no seu pior é horroroso, foram 11 episódios que honestamente pareceram ter durado uma eternidade e isso deixa uma péssima impressão final. É como se tivessem descartado os aspectos legais do arco de Aincrad, mantido os aspectos ruins e adicionado mais uns novos desses, desde a premissa sem sentido até as situações forçadas, o uso imaturo e nojento de abuso sexual, os plot twists hilariamente ruins e o péssimo vilão, isso aqui é de longe o ponto mais baixo da série inteira e a parte que eu concordo merecer todo esse ódio. Se Sword Art Online fosse um anime dividido em duas temporadas, uma sendo o arco de Aincrad e outra sendo Fairy Dance, eu daria respectivamente uma nota 5 pra primeira temporada e... 1 ou 2 pra segunda.

Porém, Sword Art Online não é só Fairy Dance, na verdade são 14 episódios de Aincrad e 11 desse, por mais que pareça mais longo por ser muito mais chato e desinteressante em comparação. Então... Eu não consigo de boa fé dizer que isso aqui é o pior anime que eu já assisti, e nem um dos piores, me diverti de verdade com o arco de Aincrad apesar dele ter as suas falhas também e nem todos os episódios serem exatamente bons, outros fatores compensaram isso... Mais ou menos... Mas o importante é que tiveram coisas pra eu gostar ali. E sim, se há algo que eu gosto em uma obra que a maioria (ou pelo menos a galera mais barulhenta) odeia, eu vou dizer que eu gosto e tô cagando e andando pro que os outros pensarem. Não tô aqui pra ficar seguindo opinião popular e sim pra expressar as minhas opiniões que podem ou não coincidir com as mais populares.

Com a opinião possivelmente popular de que Sword Art Online é um anime ruim falando de modo geral, no entanto, eu sinto dizer sou obrigado a concordar... Era bastante promissor, mas acabou que a execução dessas ideias legais foi bem falha. Mas olha, eu fico feliz por esse anime existir, de verdade, se não fosse por ele não existiria Sword Art Online Abridged, a série Abridged suprema que todos vocês deveriam estar assistindo desde já! Talvez esse post todo aqui até tenha sido só uma propaganda glorificada de SAO Abridged, interprete-o como quiser.

Nota: 4

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

10 animes não tão populares que mais pessoas deviam ver


Ei, você!

É, você mesmo que tá lendo esse post e por acaso é um otaco fedido que gosta de animes!

Tá cansado de olhar essas listas genéricas de "melhores animes já feitos" que existem aos montes na internet e ver sempre aquelas obras manjadas como Fullmetal Alchemist, Dragon Ball, Naruto, Gurren Lagann, Steins;Gate, Evangelion e afins? Você também por acaso não aguenta mais ver os cults e elitistas de anime falando sempre das mesmas porras de animes intelectuais filosóficos 2deep4u como Legend of the Galactic Heroes, Serial Experiments Lain, Texhnolyze, Haibane Renmei e Monster? Se a sua resposta pra ambas as perguntas for um "sim", saiba que os seus problemas acabaram, pois eu, com toda a minha sabedoria, decidi que é uma boa ideia dar os holofotes a alguns desenhos chineses que me agradam bastante, porém que não são exatamente famosos com o público mainstream, e também não são lá muito discutidos pela turminha dos cults.

Ok, uns dois ou três desses que tão na lista são relativamente conhecidos pelo pessoal cult, inclusive eu os conheci por recomendação deles mesmos, mas ainda assim são animes que nem todo cult conhece, então ainda conta. Outro detalhe importante é que essa lista se trata de animes pouco conhecidos pela comunidade daqui do Brasil, porque lá fora uma boa parcela dessa lista é bem conhecida, alguns até já chegaram a ser mainstream enquanto passaram e com o passar dos anos foram caindo na obscuridade. Mas aqui no Brasil hoje em dia eu raramente vejo pessoas comentando sobre qualquer um desses animes abaixo, e o meu objetivo é mudar isso... Objetivo esse que provavelmente não será alcançado, mas o que vale é a intenção.

Sem mais delongas, vamos começar isso logo.

Bokurano
Chamado de "Evangelion melhorado" por alguns malucos cult que acham que hoje em dia Evangelion tá mainstream demais pra eles gostarem como o faziam antes, Bokurano é um mecha psicológico deprimente pra um caralho, baseado no mangá do Mohiro Kitoh, mas não é uma adaptação completamente fiel e eu ainda nem li o mangá pra saber se é melhor ou pior. De qualquer forma, Bokurano conta a história de um grupo de 15 adolescentes que acabaram sendo manipulados a entrar em um "jogo" onde precisam pilotar um mecha gigante que eles apelidam de Zearth e lutar contra robôs misteriosos que ameaçam destruir o mundo em que eles vivem, com o  Zearth só podendo ser pilotado por um dos seus escolhidos em cada batalha, e se esse personagem escolhido perder, a Terra já era.

Com um elenco principal tão grande, você imaginaria que Bokurano cagaria fortemente na questão de desenvolver esses personagens e as histórias deles, mas surpreendentemente esse não vem a ser o caso. Primeiro porque Bokurano não tem um protagonista de fato, os mais próximos disso são os poucos personagens que continuam ali até o fim da história, mas mesmo eles não são exatamente tratados com prioridade sobre os outros, ao invés disso o anime se foca no/na personagem que foi escolhido pra ser o/a piloto do Zearth no momento e através disso ele/a é caracterizado/a e tem toda a sua história explorada enquanto o dia da batalha dele/a vai se aproximando. Cada um desses personagens tem uma história única e uma perspectiva diferente quanto à situação em que eles se encontram e a vida no geral, alguns deles são pessoas felizes e bondosas, outros têm problemas familiares e sociais, há também aqueles que nem boas pessoas são e não ligam nem mesmo pro dano colateral e as mortes que acabam sendo causados durante as batalhas. Talvez você não se lembre dos nomes, em alguns casos mesmo da aparência da maioria desses personagens, mas com certeza você vai se lembrar da história de cada um deles.

E não, Bokurano não é um anime repetitivo onde vamos vendo personagens com histórias deprimentes pilotando mecha um de cada vez até o fim. Quer dizer, o lance deles pilotarem o Zearth fica até o fim da história sim, mas existem outras coisas acontecendo na trama ao mesmo tempo que isso, e os plot twists que vão acontecendo na segunda metade do anime em maior parte são bem executados e ajudam bastante a não deixar a história ficar estagnada. Minha única reclamação grande com Bokurano é que a história meio que não responde todos os mistérios que existem em volta desse jogo, e eu meio que tive a impressão de que isso seria respondido se o anime fosse mais longo... O CG também não envelheceu muito bem, como de costume com animes dos anos 2000. De qualquer forma, isso não chega a comprometer demais a história porque o foco maior é nos personagens e os questionamentos que as histórias de cada um deles levantam, isso junto com a atmosfera melancólica torna Bokurano mais do que recomendável, especialmente pra pessoas que gostam de histórias mais trágicas com mais substância do que simplesmente ter morte e tragédia só pra tentar parecer mais maduro.

Samurai Flamenco
Como diabos eu vou conseguir resumir um anime tão peculiar e imprevisível quanto Samurai Flamenco em um simples pedaço de lista sem arruinar completamente a experiência de um possível futuro espectador? Honestamente, eu não sei, pois a melhor coisa mesmo a se fazer é assistir esse treco sem ter a menor ideia do que diabos você tá indo assistir. Mas ok, eu vou tentar o meu melhor pra não revelar coisa demais... Talvez falar da premissa básica ajude o suficiente.

Os dois protagonistas da trama são Goto Hidenori, um policial comum que procura apenas fazer o seu trabalho, e Hazama Masayoshi, um supermodelo famoso que é obcecado por super heróis a um nível que já passou do ponto de ser saudável. Ambos acabam se conhecendo por acaso quando Hidenori pensa que havia encontrado um tarado no beco, mas na verdade era só o Masayoshi vestindo seu uniforme de super herói pra ir lutar contra o crime pelo bem da justiça, acreditando ser o herói conhecido como Samurai Flamenco. No entanto, diferente de outros super heróis, Masayoshi não tem nenhum poder especial e muito menos capacidades físicas acima da média, logo ele acaba se envolvendo em situações extremamente perigosas com bandidos locais e muitas vezes o Hidenori precisa ir lá fazer alguma coisa antes que aconteça alguma merda muito grande. Bem, se você achou que essa premissa soa parecido com Kick-Ass, você não tá errado em fazer essa comparação, e isso é o máximo que eu posso falar sobre a premissa.

Bem, sabe esses animes que o pessoal gosta de chamar de "desconstruções" só porque eles subvertem alguns clichês e quebram expectativas, e então são endeusados por causa disso? Pois bem, Samurai Flamenco não só é um dos poucos animes que realmente merecem o rótulo de "desconstrução" por realmente desconstruir elementos convencionais em animes e até mesmo tokusatsus e super heróis diversas vezes, como também o faz de uma forma paródica, de modo que o conteúdo seja efetivamente virado de cabeça pra baixo. Absolutamente nada é o que parece nesse negócio, e se você pensa que sabe exatamente qual é a direção que a história tá tomando em um determinado momento... Não, você não sabe, você na verdade nem imaginava o que diabos ia acontecer! É no mínimo irônico que esse seja um anime raramente mencionado nessas discussões em volta de desconstrução e afins, provavelmente porque muitos plebeus foram filtrados enquanto o assistiam e foi demais pra compreensão da maioria das pessoas. Felizmente não foi o meu caso, na verdade Samurai Flamenco não só é o meu anime favorito de 2013 como também é um dos meus favoritos da década de 2010 toda, assista isso logo!

Shigofumi
Saindo desse negócio de paródia desconstrutora e voltando pro clima sombrio e pesado, temos aqui Shigofumi, um anime que nenhum cult me recomendou e eu nem sabia que existia até por acaso um dos meus amigos que tavam assistindo anime comigo no falecido Rabbit escolher esse pra gente assistir. A princípio, eu nem esperava muita coisa disso, mas bastou apenas o primeiro episódio pra esse anime ter todo o meu interesse e mais um pouco, foi uma grande surpresa do jeito mais positivo que eu poderia expressar aqui, é um dos melhores animes psicológicos que eu já assisti, sem brincadeira nenhuma.

No universo de Shigofumi, as almas das pessoas que morreram recentemente têm direito a escrever uma carta a qualquer pessoa viva que ela quiser, e nessa carta todos os pensamentos e sentimentos do remetente são colocados ali da forma mais nua e crua possível. As cartas dos mortos são entregues por outras almas que vão até a Terra como se fossem carteiras, e uma dessas carteiras é uma garota chamada Fumika, junto com a sua vara falante chamada Kanaka. Porém tem uma coisa bem curiosa sobre a Fumika comparado às outras carteiras: Ela continua envelhecendo, o que não deveria acontecer porque, assim como as outras, ela deveria já estar morta. Ninguém sabe o porquê dela ser assim, nem mesmo as suas colegas de trabalho, uma delas sendo a sua amiga, Chiaki.

Esse é um anime semi-episódico, metade dele se consiste em histórias separadas nas quais a Fumika vai entregar uma carta de uma pessoa morta pra seja lá quem for o destinatário que tem qualquer relação com ela, e são histórias bem pesadas envolvendo pessoas que tiveram experiências de vida horríveis, algumas vezes causadas pelos próprios remetentes das cartas. Através dessas histórias, Shigofumi aborda temas como abuso doméstico, depressão, bullying e até mesmo pornografia infantil, o último citado me pegou de surpresa porque eu realmente não esperava algo assim em um anime, muito menos que fosse abordado de um jeito tão maduro quanto nesse aí... Algumas vezes pareceu tão próximo da realidade que ficou até um pouco desconfortável de assistir pra mim, mas isso não é exatamente um defeito. Fora isso, a segunda metade se trata de resolver esse mistério em volta da Fumika e dar uma explorada nos personagens secundários que acompanham ela, e essa história toda também é interessante, mas eu admito que a parte episódica me pegou bem mais. Não ajuda muito que eu achei a conclusão da história da Fumika meio fraca também, mas a segunda metade não é ruim de maneira alguma.

Last Exile
Esse aqui é outro anime que eu vi por acaso uma galera cult comentando sobre, achei o título maneiro e fui pesquisar mais a respeito pra ver se valia a pena. Assim que eu descobri que Last Exile é um anime steampunk, pode ter certeza que eu fui assistir esse filho da puta com toda a alegria do mundo, porque steampunk é um dos meus subgêneros de ficção favoritos e é raro ver animes feitos nesse estilo por algum motivo. Inclusive, esse aqui também é um dos animes que eu mencionei foram bem populares lá fora enquanto eram transmitidos originalmente e hoje em dia são mais obscuros.

Last Exile se passa no mundo de Prester, onde as pessoas usam veículos aéreos chamados de Vanships como meio de transporte principal e os dois lados são separados por um forte turbilhão conhecido como o Grande Fluxo. Um lado de Prester é dominado pela nação de Anatoray e o outro é dominado pela nação de Disith, com o tempo as duas foram tendo conflitos e agora se encontram em uma guerra, enquanto uma terceira facção superior às duas, a Guilda, supervisiona essa guerra, providencia tecnologia pra ambos os lados e se certifica de que as batalhas sigam as regras do cavalheirismo. Em meio a isso tudo, dois carteiros dos céus, Claus Valca e Lavie Head, acabam se envolvendo nesse conflito quando precisam entregar ao pessoal da nave de batalha Silvana uma garota chamada Alvis, que pode ser a chave pra colocar um fim na guerra, assim como desvendar o mistério por trás do Exílio, um objeto de interesse de todas as facções que dizem dar poderes inimagináveis a quem conseguir obtê-lo.

A narrativa de Last Exile é um tanto diferente do usual, no sentido de não ser exatamente um anime focado nos personagens ou na trama em si, mas sim no mundo que vai sendo construído e explorado na medida em que a história progride e os personagens vão interagindo mais com ele. Em seu núcleo, esse é um anime de aventura e mistério com um grande foco nos céus, batalhas e corridas aéreas são bastante comuns e uma grande ênfase é dada aos locais onde os eventos da trama se passam, tem diálogos e muitos detalhes visuais que não só enriquecem a história por trás desse mundo, como também indicam sutilmente plot twists futuros. A técnica de "mostrar, não contar" é usada com força aqui e é até fácil se perder no meio da história caso você não preste atenção direito no que tá acontecendo, principalmente no último arco, que admitidamente tem problemas de ritmo nos episódios finais onde muita coisa acontece rápido demais e o final é bem rushado, mas não chega a ser ruim, só um pouco difícil de acompanhar sem se perder mesmo.

Apesar do foco maior em worldbuilding e no mistério em volta do Exílio, isso não significa que a história e os personagens façam feio. A guerra entre Anatoray e Disith tem um propósito pra estar ali, ela é retratada com uma moralidade cinza com ambos os lados tendo suas circunstâncias que os levaram a esse ponto (apesar do lado de Disith ser menos explorado) e o anime aborda esse tema de guerra de um forma bem interessante principalmente nos primeiros episódios. Porém, essa guerra vai ficando mais em segundo plano na medida em que o anime se desenrola e passa a se focar mais nos personagens indo atrás do Exílio, ainda assim a guerra não é esquecida completamente, o anime volta o seu foco pra ela depois e resolve na hora certa. Os personagens são bem caracterizados e desenvolvidos, cada um deles, até mesmo os mais secundários, tem um motivo pra estar ali e um objetivo a se cumprir, e eu gosto de como os roteiristas de Last Exile tomaram esse cuidado mesmo desenvolvimento de personagem não sendo o foco principal, é como ver vários mini-arcos de personagem acontecendo simultaneamente, as vidas de todas essas pessoas são impactadas pelos eventos que ocorrem e isso ajuda bastante com a imersão. Enfim... Já falei demais, minhas únicas reclamações com Last Exile são a reta final rushada e a vilã principal que é uma personagem fraquíssima e rasa, mas é perfeitamente possível lidar com essas coisas.

Planetes
Outra adaptação de mangá aparecendo aqui, e dessa vez é de um dos meus mangás favoritos de todos: Planetes! E assim como Bokurano, não é uma adaptação completamente fiel, nesse caso eu li o mangá pra poder comparar e posso dizer que das duas versões o mangá é definitivamente superior. Mas isso não significa que não valha a pena assistir o anime, é uma ótima interpretação alternativa da história do Yukimura Makoto (autor de Vinland Saga, pra quem não sabe) e expande elementos que a história original não dá tanto foco assim, além de adicionar alguns personagens novos que... Bem, uns são legais e outros nem tanto, mas o que vale é a intenção, eu acho. De qualquer forma, chega de comparar isso com o mangá!

A história se passa no ano de 2075 e gira em torno da seção de detritos da estação espacial Tecnora, basicamente coletores de lixo espacial que têm o trabalho de impedir que ocorram acidentes na órbita da Terra e da Lua causados por esses detritos, e essa atividade passou a ser reforçada após um acidente com a nave Alnail-8 que resultou na morte dos seus passageiros. Os personagens principais são funcionários de uma das divisões da seção de detritos, e o protagonista é Hachirouta Hoshino, mais conhecido pelo apelido "Hachimaki" por causa da faixa que ele sempre usa na cabeça quando vai realizar suas missões, um homem que segue o seu sonho de ter uma nave espacial, mas tem chances bem baixas de conseguir realizá-lo por causa do custo absurdamente caro de uma nave e o seu emprego atual que não tem muita chance de progresso e não oferece lá o melhor dos salários. Outros personagens principais que trabalham junto com Hachimaki incluem a novata energética Tanabe Ai, o calmo e reservado Yuri Mihalkov e a fumante facilmente irritável Fee Carmichael.

Se lixeiros espaciais não parecem ser algo lá muito interessante pra você, não se preocupe porque Planetes é bem mais do que um anime/mangá sobre pessoas pegando lixo no espaço, isso é apenas uma das possíveis versões futurísticas de um salaryman em uma das histórias sci-fi mais realistas que eu já vi. Cada um dos personagens principais, principalmente o Hachimaki, é bem desenvolvido e as histórias por trás deles comunicam temas variados sobre a humanidade e a nossa relação com o espaço, a primeira metade do anime tem uma ênfase bem forte em caracterização, worldbuilding e algumas vezes até comédia, chegando próximo de um slice of life espacial. Enquanto o mangá vai mais fundo nessa questão da humanidade e nos temas existencialistas, o anime na sua segunda acaba se focando mais nos aspectos políticos e aumentando um bocado o escopo da trama, porém não ao ponto de sair completamente dos trilhos e virar uma história diferente, isso ainda tem ligação com o tema da humanidade e do espaço e levanta uma questão legitimamente interessante sobre as pessoas incapazes de ir ao espaço. É uma pena que a minha parte favorita do mangá acabou sendo sacrificada em favor dessa trama política da segunda metade do anime, mas tudo bem, é mais do que bem feito o suficiente pra eu aceitar.

Chrono Crusade
Seguindo a lista com mais uma adaptação de mangá que diverge do original, aqui está Chrono Crusade, um anime do qual eu já fiz uma review aqui na qual eu falei sobre a obra em detalhes, e também outro caso de anime que na época era bastante conhecido principalmente lá fora, e hoje em dia se tornou obscuro. O anime de Chrono Crusade ficou conhecido não só por divergir bastante do mangá e se tornar a sua própria história original, mas também por ter um final que causou uma certa polêmica na época, muita gente ficou insatisfeita com o modo como a história do anime terminou e até mesmo a galera lá no Japão não pareceu ter gostado, com o consenso sendo de que o mangá é muito melhor e ninguém deveria perder tempo com o anime. Pois eu digo que isso é um severo caso de mau gosto e birra porque o anime não teve o final que as pessoas queriam que tivesse, já falei na review sobre o porquê desse final ser perfeito pra história desse anime em detalhes e não vou me repetir aqui, vou apenas dar um breve resumo do porquê de valer a pena assistir esse anime. A propósito, o mangá também vale a pena, fica aí a recomendação dele também.

A história gira em torno de uma freira chamada Rosette Christopher e o parceiro dela, um demônio chamado Chrono, ambos trabalham pra uma organização da Igreja Católica chamada Ordem de Madalena e têm a missão de lidar com a ameaça dos demônios que começaram a surgir nos Estados Unidos durante a década de 1920. Nossos dois protagonistas estão atrás de um demônio chamado Aion que por motivos misteriosos raptou o irmão da Rosette no passado e está atrás dos sete Apóstolos escolhidos por Deus e abençoados com seus poderes divinos, e a partir dessa premissa básica a história vai se desenvolvendo em algo bem maior e mais complexo do que parecia no começo. Chrono Crusade é bem parecido com Fullmetal Alchemist no modo como a narrativa é conduzida, tendo uma mistura de ação com comédia e drama a princípio, depois ficando progressivamente mais sombrio na medida em que a trama vai ficando mais séria. O uso da comédia é tão ruim quanto o de Fullmetal Alchemist, com alguns episódios da primeira metade do anime sofrendo com mudanças de tom repentinas, mas felizmente esse aspecto da obra vai sumindo cada vez mais. A ação é decente e o drama tem uma carga emocional bem forte, mesmo se tratando das histórias de personagens secundários como a Apóstola Azmaria Hendric e a bruxa de joias Satella Harvenheit.

O que torna Chrono Crusade mais do que um shounen de ação parecido com Fullmetal Alchemist, no entanto, são os seus temas ligados à religião, a figura de Deus e o fato de que o Chrono e a Rosette possuem um contrato entre si no qual ele precisa usar a vida dela como fonte de energia pra usar seus poderes, o que significa que ele está matando ela aos poucos. Esses elementos são a base das partes mais fortes da história do anime, o uso de simbolismo religioso é muito presente na narrativa e cada um desses símbolos e citações tem um significado e um propósito de estar ali, o modo nuançado como o anime explora a fé e a relação da humanidade com Deus sem recorrer a uma visão preta e branca das coisas e vai borrando a linha que separa o bem do mal através dos humanos e os demônios é interessantíssimo. Também tem o desenvolvimento dos personagens, em especial a belíssima relação entre a Rosette e o Chrono que são extremamente importantes um pro outro a um nível emocional, mesmo com o medo que ela tem de morrer e o sentimento de culpa que ele carrega pelo contrato ficando cada vez mais aparentes na medida em que a história segue adiante, tudo isso é muito bem feito. Eu meio que tô me repetindo aqui, se você quer uma opinião detalhada sobre Chrono Crusade e não se importa com spoilers, vai lá ler a review então.

Gankutsuou
Dessa vez a adaptação não é de um mangá, mas sim de um livro, nada mais e nada menos do que O Conde de Monte Cristo, do Alexandre Dumas. Não, eu nunca li a obra original do Dumas, não sou muito de ler livro e provavelmente nunca vou conseguir mudar isso, mas independente de qualquer coisa, Gankutsuou é um dos animes mais únicos que eu já vi, desde a identidade visual forte presente no estilo de arte do anime onde cada pedaço das ilustrações como objetos, roupas, cabelos e afins, tem seu próprio padrão, até a ambientação mais puxada pra um lado sci-fi futurista, ao contrário da obra original que se passa no começo do século XIX. Duvido que seja uma adaptação fiel do livro, mas o fato de que muitas pessoas que são fãs do livro gostaram dessa versão, alguns até dizendo que é a melhor versão da história sem contar o original, provavelmente diz que no mínimo é uma adaptação que faz justiça ao material base.

É o ano distante de 5053, na França, um jovem visconde chamado Albert de Morcerf e o seu amigo barão Franz d'Epinay vão a uma festa em Luna, uma colônia humana localizada na lua. No meio disso, eles encontram um estranho homem nobre de pele azul que se autodenomina o Conde de Monte Cristo, rico, enigmático e sobrenaturalmente poderoso, ele acaba entrando na vida dos dois e parece ter um interesse grande no Albert em particular, assim como na família do jovem. E na medida em que o tempo passa, o Conde se envolve cada vez mais com a vida do Albert e das pessoas que ele conhece, quase todos também vindos de famílias nobres. Bem, acho que todo mundo sabe pelo menos da premissa da história do Conde de Monte Cristo, né? É um cara que foi injustamente incriminado e mandado pra cadeia por um bando de nobres cuzões, mas ele conseguiu escapar, adquiriu uma fortuna e agora planeja se vingar de cada um deles. Gankutsuou segue essa mesma linha, a gente vai acompanhando o Conde se aproximando não só da família do Albert como também as dos seus amigos, ganhando a confiança dessa galera toda e aos poucos plantando ali as sementes da sua vingança contra eles.

Talvez a maior diferença entre o anime e o que me disseram sobre o livro é que a história de Gankutsuou é contada do ponto de vista do Albert e não do Conde, o que ao meu ver funciona bem pra essa história, em especial o destaque maior que ela dá pras consequências horríveis que os atos de vingança do Conde trazem aos inocentes, como os filhos dessas famílias. O que o Albert, o Franz e os outros mais jovens têm a ver com essa merda toda? Nada, porém eles acabaram sendo pegos nisso por causa dos pecados que os seus pais cometeram, é uma história sobre vingança e o mal causado por ela, contada de um modo moralmente cinza. Apesar do Albert ser o protagonista, eu não nego que o Conde é um personagem bem mais interessante que ele, a mera presença dele já torna esse anime um puta dum thriller e ver o plano dele ir se realizando aos poucos é um dos melhores aspectos... Mas eu gosto do Albert, apesar dele ser ingênuo ao ponto de ficar até irritante em alguns momentos, ele amadurece muito bem do começo até o fim da trama. Só achei que o anime podia ter dado uma humanizada maior nos outros chefes das famílias nobres que nem ele fez com os pais do Albert, porque é meio difícil não ficar do lado do Conde quando esses caras são pessoas bem desprezíveis na maior parte do tempo. Independente disso, Gankutsuou tá mais do que recomendado.

Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu
Antes de qualquer coisa, eu não vou ficar digitando Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu o tempo todo não, dá licença que eu vou me referir a esse anime a partir de agora como SGRS. Dito isso, esse é um anime adaptado de um mangá, mas até onde eu sei é uma adaptação fiel, saiu por volta de 2016 e a história se fechou com a segunda temporada em 2017, que ficou com o subtítulo Sukeroku Futatabi-hen. Curiosamente, poucas pessoas assistiram SGRS na época em que esse anime saiu, inclusive eu mesmo só fui conhecê-lo ano passado, mas essas poucas pessoas que assistiram juravam de joelhos que é uma das coisas mais geniais que elas já assistiram, então eu fui lá ver o que diabos eu tava perdendo no fim das contas... E pra ser honesto, só depois de ver as duas temporadas eu realmente consegui criar uma apreciação por SGRS, foi um anime um pouco difícil de gostar assim de cara pra mim.

No Japão da década de 70, um ex-membro da Yakuza chamado Kyoji acaba de sair da prisão, porém ao invés de voltar pro mundo do crime, ele ao invés disso escolhe se tornar um artista de Rakugo. Pra quem não sabe, Rakugo é mais ou menos um stand-up comedy japonês, exceto que o artista na verdade fica sentado e a comédia é mais voltada pras histórias que ele conta ao invés do cara só estar ali fazendo piadas e tal. Kyoji teve essa ideia depois de uma performance especial de Rakugo que foi feita na prisão por ninguém menos do que Yuurakutei Yakumo, um dos conhecidos mestres dessa arte. Ele eventualmente encontra Yakumo e implora desesperadamente pra que o velho seja o seu mentor e o ensine a se tornar um artista de Rakugo, e ele assim o faz, agora abrigando em sua casa o jovem que ele passa a apelidar de "Yotaro", junto com uma mulher rebelde chamada Konatsu, filha do falecido mestre Yuurakutei Sukeroku. Após essa introdução, o resto da primeira temporada de SGRS é um flashback contando toda a história do Yakumo e do Sukeroku, desde quando eles se conheceram ainda crianças até se tornarem artistas de Rakugo com a responsabilidade de manter essa tradição da família que vem sendo uma tocha passada de geração em geração, com bastante ênfase no que levou os dois a serem artistas de Rakugo em primeiro lugar e as dificuldades que vêm com isso.

Há quem não goste disso de começar a história de um jeito pra depois o resto dos episódios serem flashbacks, eu honestamente não me incomodo com isso, desde que a história que o flashback conta seja boa. Felizmente, SGRS conta uma história bem interessante nesse flashback que ocupa 12 dos 13 episódios da primeira temporada, falando sobre pessoas que tentam encontrar algum tipo de felicidade no meio de toda a pressão e amargura que vai passando a dominar as suas vidas, com a narrativa girando em torno de temas como família, tradição, solidão e até sexismo. O que me incomodou sobre esse flashback todo da primeira temporada é que o clímax dela pareceu um tanto forçado, mas acredite se quiser... Isso foi intencional, e eu só fui entender exatamente o porquê disso ter sido assim vendo a segunda temporada, que não só mantêm os temas da primeira como traz coisas novas e recontextualiza praticamente tudo o que você sabia antes de ver ela. Me recuso a falar mais do que isso sobre a segunda temporada, ela me pegou de surpresa, e creio eu que pegou a maioria das pessoas também. Apenas assista SRGS logo, faça esse favor a si mesmo e depois me agradeça nos comentários daqui por ter incentivado.

Ima, Soko ni Iru Boku
Esse é outro que eu não vou ficar digitando o título todo não, ao invés disso eu vou usar um mais fácil de abreviar, que é o nome que a localização americana deu a ele: Now and Then, Here and There. E a partir de agora vai ser NTHT, e continuarei fazendo isso até os japoneses tomarem vergonha na cara e pararem de dar esses nomes longos idiotas pras obras deles! Mas ok, NTHT também está perdoado por ter um título longo idiota, porque não só é um ótimo anime, como é um dos raríssimos casos de isekai (anime onde o protagonista vai parar em outro mundo diferente do dele) legitimamente bom. Sem harem, sem protagonista estupidamente OP que tem tanta personalidade quanto um vaso sanitário pros otaco gordão fazer self-insert e nada dessas coisas estúpidas que dominam os isekais desde que Sword Art Online apareceu. Sim, eu sei que SAO "não é" um isekai, mas foi o que inspirou esses isekais harem genéricos que você encontra saindo por aí em toda temporada, então foda-se.

Matsutani Shuzo, mais conhecido como Shu, é um garoto japonês normal que pratica Kendo e está no seu caminho de volta pra casa, acaba encontrando uma garota misteriosa chamada Lala-Ru, e logo descobre que ela está sendo perseguida por uns mechas estranhos que acabam atacando o garoto também quando ele tenta protegê-la deles. No meio dessa confusão, os mechas que tavam raptando a Lala-Ru acabam levando o Shu junto acidentalmente e o pingente da Lala-Ru acaba indo parar nas mãos dele. Logo, Shu se encontra em um mundo completamente diferente daquele onde ele vivia: Um planeta deserto à beira da morte, desprovido de água e orbitando em volta de uma estrela vermelha gigante que age como um sol. Enquanto isso, Lala-Ru é levada pra uma fortaleza chamada Hellywood, comandada pelo auto-proclamado rei Hamdo, que pretende usar os poderes que o pingente da Lala-Ru dá a ela de manipular a água em algum plano sinistro. Eventualmente, Shu acaba sendo forçado a se juntar ao exército de Hellywood, que é composto por outras crianças que foram corrompidas pelo Hamdo.

Basicamente, NTHT pega essa ideia de que ser transportado pra um mundo alternativo seria foda pra caralho e vira ela de ponta-cabeça, isso aqui definitivamente não é um mundo alternativo onde alguém iria querer ir parar. Além de ter sido jogado nesse lugar horrível sozinho, o Shu passa por tanta merda que é até impressionante que ele consiga se manter otimista e esperançoso, ainda que as experiências nesse inferno tenham feito ele abrir os olhos pra muita coisa. É até um pouco difícil recomendar NTHT pra outras pessoas, especialmente as mais sensíveis provavelmente não vão gostar muito do quão brutal esse anime consegue ser. Não é aquele tipo de anime cheio de desgraça só por desgraça, é uma ambientação distópica bem construída, especialmente a própria Hellywood, tudo sendo usado nessa história que faz uma crítica bem forte aos recrutamentos militares infantis, que até hoje ainda acontecem em várias partes do mundo. Os personagens secundários que em maior parte são membros do exército da Hellywood oferecem pontos de vista diferentes em volta disso, algumas dessas crianças aceitam e seguem esse estilo de vida, outras não estão preparadas e muito menos conseguiriam lutar, mas são forçadas a isso de qualquer forma... O fato de que isso é um mundo onde pessoas cometem atrocidades umas com as outras pela chance de sobreviver, invasões a aldeias, capturas e até mesmo estupros são comuns, acaba reforçando esse ponto.

Eu não gostei do Hamdo, no entanto, a princípio ele pareceu um vilão mais ou menos interessante, mas... Quanto mais eu pensava no plano dele, menos sentido eu via, pra ser honesto. Talvez eu fale disso em mais detalhes no futuro, mas independente desse ponto fraco, NTHT ainda é um anime bem forte no geral e aborda de um modo inteligente um problema que continua muito frequente no mundo real. Provavelmente você não vai achar isso aqui divertido de assistir, e muito menos vai ficar feliz com a conclusão da história, porém é mais provável que a experiência te faça refletir sobre essa questão, e nesse caso o anime cumpriu seu objetivo.

Gungrave
Muita gente conhece Trigun, mas nem todo mundo conhece Gungrave que é do mesmo criador, Nightow Yasuhiro, e honestamente é uma história superior... Ao menos superior ao anime de Trigun, eu nunca li o mangá pra saber, mas pretendo algum dia. Pois bem, Gungrave é um caso até peculiar, porque o original não é um mangá e sim um jogo de ação, e eu nunca joguei pra saber se é bom ou não, mas a princípio eu fiquei com um pé atrás porque aprendi que animes adaptados de video game costumam ser tão agradáveis quanto bater o dedo mindinho do pé na quina de um móvel. Mas não no caso de Gungrave, esse aqui é um anime adaptado de jogo e é foda pra caralho, meus confrades! Apesar que não parece ser uma adaptação direta da história do jogo, pelo que eu li a respeito é uma versão alternativa e os dois têm pouco em comum fora a premissa, mas tanto faz.

Brandon Heat e seu amigo Harry MacDowell são dois criminosos membros de uma gangue de rua que faz coisas de gangue de rua enquanto tentam sobreviver nesse mundo dominado pelo crime. No meio dessa história, Brandon acaba se apaixonado por uma garota chamada Maria Asagi, o que acaba não sendo muito aprovado pelo tio dela, um ex-mafioso conhecido como Jester. Um dia, a gangue do Brandon acaba se metendo numa treta com a gangue de um cara apelidado de Deed, deu ruim porque o irmão desse cara tem ligações com a organização mafiosa Millennion e é óbvio que o irmão dele foi entrar nessa treta também. No fim das contas, todo mundo da gangue acabou morrendo, menos o Brandon e o Harry que não só conseguiram sobreviver como se vingaram matando o Deed e o irmão dele, isso acaba chamando atenção da Millennion, que resolve acolher os dois como membros novos. Brandon se torna um assassino da máfia e Harry o usa como subordinado pra ir crescendo dentro da organização e realizar a sua ambição de eventualmente se tornar o chefe e conseguir a liberdade que ele tanto sonha em ter.

Assim como Trigun, Gungrave é uma história que fala sobre morte, mas enquanto Trigun era sobre pacifismo e o quão difícil realmente é manter esse tipo de pensamento de se recusar a matar independente de qualquer coisa, Gungrave é sobre o oposto disso, ao mesmo tempo que também condena o ato de matar apesar da narrativa consideravelmente mais sombria e pesada. O anime mostra toda a tragetória do Brandon, desde quando ele era um garoto de rua que cometia crimes, mas tinha um bom coração e era capaz de sentir empatia, até a primeira vez que ele vê um inimigo sendo morto a sangue frio, e como um assassino da Millennion ele continua indo fundo nesse caminho, matando cada um dos alvos que são dados a ele e até mesmo ganhando a sua própria unidade de assassinos. Depois de um tempo, o Brandon já matou tanta gente que ele nem sente mais nada, pra ele isso passa a ser uma coisa normal, mas ao mesmo tempo ele também não consegue mais ficar próximo de ninguém, nem mesmo da Maria, se sentindo incapaz de fazer ela feliz por causa do fato de que ele é um assassino e praticamente perdeu a sua humanidade no processo. O Harry também vai ficando mais corrompido pelas suas próprias ambições, usando métodos cada vez mais questionáveis pra escalar na máfia, ele vai perdendo aos poucos tudo o que ele valorizava e jogando fora aos poucos qualquer senso de moral que ele antes tinha.

A história de Gungrave é muito bem construída e a maioria dos personagens são explorados e passam por um desenvolvimento, até mesmo alguns dos antagonistas são humanizados, o anime consegue criar uma empatia com eles com certa facilidade porque quase nenhum deles chega a ser exageradamente mau que nem um vilão de Akame ga Kill da vida. Mesmo os elementos sobrenaturais que a princípio parecem fora de lugar ainda são bem inseridos, mesmo eu preferindo a primeira metade do anime que era mais pé no chão e era mais um drama de crime com máfia, mas ainda assim a segunda metade é boa o suficiente e o final é fantástico. Só aconselho quem for assistir a não ver o primeiro episódio, comece pelo segundo... Sim, eu sei que é estranho falar isso, mas é porque o primeiro episódio é um daqueles que mostra a história começando na reta final enquanto o resto vai mostrando o que aconteceu pra chegar até aquilo. O problema é que isso não é muito bem feito e esse episódio dá mais spoilers do que o necessário, é muito mais interessante ver o começo dela no episódio 2 sem ter nenhuma ideia de como isso terminaria.

Então, por hoje é s-


"GRRRRR POR QUE VOCÊ NÃO BOTOU O MEU DESENHO CHINÊS OBSCURO FAVORITO NESSA LISTA LIXO SEU BAKA CUZÃO CHUPADOR DE PIRU DE JUMENTO DOS DIABOS, SHINEEEEE!!!"

Calma aí, Batman otaku, eu não botei porque eu queria limitar essa lista a apenas 10 animes, mas não quer dizer que eu não possa fazer posts falando de outros 10, quem sabe nesse post futuro o seu desenho chinês obscuro favorito apareça. Ou talvez ele não vai aparecer porque é só um anime obscuro ruim mesmo, mas você só descobrirá isso me perguntando o que eu acho desse anime ou olhando meu MAL e procurando qual foi a nota que eu dei pra isso e se eu não tive preguiça de descrever com uma tag. Aliás, eu realmente devia arrumar as tags do meu MAL, tem muita coisa lá que eu quero mudar, ou anime sem tag que eu quero botar tag. Um dia eu faço isso.

A propósito, os animes aí não tão em nenhuma ordem em particular, não é algo tipo do melhor pro pior ou algo assim, são só os 10 que me foram vindo na cabeça na medida em que eu escrevia esse post. Agora sim, por hoje é só, quem quiser deixar sugestões de animes desconhecidos aí pra uma próxima lista, ou até que eu não tenha assistido ainda, fique à vontade.

 
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