sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Review - Chrono Crusade (2003)


É isso então, finalmente uma review de anime nesse maldito blog! E qual outro desenho chinês melhor pra escrever uma primeira review dessa mídia do que um dos meus favoritos? Falo de nada mais e nada menos do que Chrono Crusade, ou "Chrno Crusade" pra quem prefere o famoso typo que fizeram no nome desse negócio, um anime que não tem absolutamente nada a ver com a série Chrono da Squaresoft! Eu sei, tem "Chrono" no nome e o logo da localização americana usa uma fonte idêntica à dos logos da série Chrono, especialmente Chrono Cross... Por algum motivo! Eu não sei como diabos a Square não acabou processando esses malucos, mas foda-se também, até porque esse logo da versão americana foi exatamente o motivo de eu ter assistido Chrono Crusade em primeiro lugar, eu fui seco no bagulho achando que era um anime que fazia parte da série Chrono ou algo assim, e no fim das contas não tinha nada a ver mesmo.

Chrono Crusade meio que tinha causado uma agitação na comunidade dos otacos fedidos nos anos 2000, e não é muito difícil ver o porquê disso levando em conta a época em que o anime foi transmitido. Em sua essência, isso aqui é um shounen de ação e... Mas o que diabos é isso? Mortes permanentes? Os atos dos personagens têm consequências? Um "romance" tabu entre uma freira humana e um demônio? Temas religiosos e uma abordagem cinza do conflito entre bem e mal? E um final que não parece tirado de um conto de fadas onde fica tudo feliz pra sempre? Oloco, bicho! É um shounen diferentão, que nem Fullmetal Alchemist!

Bem, eu não gostei tanto assim quando assisti Chrono Crusade pela primeira vez em 2006 por motivos que nem eu sei dizer hoje em dia, mas felizmente eu assisti Chrono Crusade novamente alguns anos depois e acabei apreciando esse anime bem mais do que na primeira vez. Se tornou um dos meus animes favoritos depois disso, e toda vez que eu o reassisto só fica melhor! Mas eu estou me adiantando um pouco demais aqui... Então, Chrono Crusade é um anime do estúdio Gonzo, o mesmo que produziu clássicos como Gankutsuou, Last Exile, Bokurano, NHK ni Youkoso e Full Metal Panic... E também produziu Final Fantasy Unlimited, Shangri-La e os animes de Gantz e Rosario to Vampire, e desses aí ninguém gosta. Pois é, esse é um estúdio complicado, mas eu gosto dele... Ou pelo menos gosto do que ele era nos anos 2000, hoje em dia não dá pra defender.

De qualquer forma... Chrono Crusade é um anime "adaptado" de um mangá de 1999 escrito por Daisuke Moriyama. Eu digo "adaptado" entre aspas porque esse anime é praticamente outra história criada em cima da premissa básica da obra original, mesmo a primeira metade dele que adapta material do mangá ainda o faz de um jeito bem liberal: Tem capítulos do mangá que não foram adaptados, as caracterizações de vários personagens estão diferentes, além de uma boa parcela dos episódios serem exclusivos do anime, então na segunda metade a história se diverge totalmente do mangá e vira por completo uma trama original do anime, com alguns eventos em comum, mas colocados em contextos completamente diferentes. Assim como Fullmetal Alchemist (o de 2003 em específico), essa história original foi bem planejada, o anime nunca foi pra ser realmente uma adaptação fiel por motivos de o mangá progredir mais devagar que o anime que logo logo o alcançaria. Ao invés de encher o bagulho de episódio filler enquanto espera o mangá ter material suficiente pra continuar a adaptar, ou adaptar fielmente e inventar um final original mal feito só pra fechar a história do anime ali, optaram por fazer o anime ser uma história original desde o começo, o que facilita pra entregar um produto melhor.

Então não falarei do mangá aqui a menos que faça sentido comparar, mas é melhor que eu tente ao máximo me focar apenas no anime e o ver como a sua própria história. Na verdade, isso é o que qualquer pessoa deveria fazer, afinal de contas... Usar o quão fiel um anime é a um mangá que ele não tem intenção de adaptar fielmente em primeiro lugar como padrão pra julgar a qualidade desse anime me parece uma coisa estúpida e sem sentido. Mas acho que sou só eu que penso assim, né? Pois até hoje tem gente que diz que Fullmetal Alchemist 2003 é ruim com o único argumento sendo o de não ser fiel ao mangá, e vez ou outra eu acabo vendo por aí gente dizendo a mesma coisa sobre o anime de Chrono Crusade também, um dia a humanidade evolui.

Chrono Crusade se passa na América da década de 1920, um período de prosperidade econômica, luxúria e agitação cultural, mas também uma época na qual a divisão entre os ricos e pobres se torna ainda maior após o fim da Primeira Guerra Mundial. Em épocas como essa, as criaturas demoníacas que se escondiam abaixo do nosso mundo começam a surgir e causar caos na superfície, e pra combater ameaças desse tipo, a Igreja Católica criou uma organização religiosa militar conhecida como Ordem de Madalena, com divisões espalhadas por todo o país e as mais influentes sendo as de Nova York e Chicago. Os dois protagonistas, uma freira chamada Rosette Christopher e o seu parceiro Chrono, são membros da divisão de Nova York da Ordem e frequentemente entram em missões pra encarar demônios que tão fazendo merda por aí e meter bala neles. Mas não é qualquer bala, são armas e munições específicas pra acabar com demônios, criadas através de métodos envolvendo coisas como água benta, magia, alquimia e afins.

Nosso par de protagonistas é bom quando se trata de exterminar os demônios, porém eles têm um pequeno problema pra minimizar os danos colaterais causados nos embates, o que acaba resultando em um pouco mais de destruição do que o que o pessoal da Ordem gostaria, e sermões da chefe, Irmã Kate. Apesar de serem apresentados pelo anime como um par de imbecis que acabam causando mais estrago do que os próprios demônios que eles caçam e vivem batendo boca um com o outro pelas suas diferenças de personalidade, Chrono e Rosette são amigos extremamente próximos e se encontram em uma situação meio que horrível.

Antes de qualquer outra coisa... Chrono é um demônio, porém diferente da maioria dos outros, ele é um demônio tranquilo, adorável e bondoso que não machucaria nem uma formiga, apesar disso ele é visto com maus olhos e até temido pela maior parte do pessoal da Ordem, em especial a Irmã Kate, por motivos compreensíveis até. Além desse pequeno detalhe, Chrono também tem um contrato com a Rosette, no qual ele basicamente usa a vida dela como fonte de energia pra lutar ou curar seus ferimentos, e pra manter o consumo da vida da Rosette no mínimo possível, ele usa uma forma semelhante a de um garoto adolescente ao invés da sua verdadeira que é... Um demônio bishounen bonitão sarado, o que provavelmente era o motivo de ter tanta menina que gostava desse anime na época. Mas enfim, o Chrono não se sente nem um pouco bem fazendo isso, ele tem total consciência de que tá matando a Rosette aos poucos e procura se transformar e usar qualquer tipo de poder apenas quando não há outra escolha, e a própria Rosette apesar de estar tendo a sua vida encurtada parece aceitar o seu destino inevitável.

Mas por que diabos eles fizeram esse contrato em primeiro lugar? Bem, quatro anos atrás, Rosette vivia em no Orfanato do Sétimo Sino junto com outras crianças e seu irmão Joshua, um garoto com poderes divinos e uma doença misteriosa que nem ele mesmo com seus poderes é capaz de curar, e tudo mudou no dia em que o ministro Remington da Ordem de Madalena chegou ao orfanato e disse que Joshua é um dos sete Apóstolos, pessoas abençoadas com os poderes de Deus, e que vão precisar levá-lo. Isso levou Rosette a fugir junto com Joshua pra uma floresta, e nisso eles acabaram indo parar na tumba da donzela santa Maria Madalena (não, não é a bíblica) que era guardada por Chrono, um demônio sem chifres à beira da morte.

Após ficarem amigos, Rosette, Joshua e Chrono passaram a se ver regularmente, em uma dessas "visitas" dos dois, o Chrono conta a história da Linha Astral, uma corrente celeste similar a um rio, normalmente invisível e composto por inúmeros fragmentos que quando combinados de formas diferentes se cria uma alma, e assim nasce a vida, que quando chega ao seu fim na Terra, se fragmenta de volta e retorna à corrente. Sim, lembra o Lifestream de Final Fantasy VII, só que sem a parte de poder ser extraído e usado como energia artificial... Mas pode ser usado como energia sim, inclusive é de onde os demônios tiram energia pra usar seus poderes, assim como também é de onde os Apóstolos tiram energia pra usar os poderes divinos deles. Joshua ficou muito empolgado com essa história e jurou que ele e Rosette explorariam a Linha Astral algum dia, mas aí alguns dias depois um demônio chamado Aion, que parece ter uma conexão com Chrono e estava com os chifres dele o tempo todo, surgiu e disse a Joshua que poderia curar a sua doença. Nisso, Aion fez com que Joshua ficasse com os chifres do Chrono, o que fez com que ele perdesse o controle de si mesmo e petrificasse o orfanato todo com o poder dos chifres, e depois Aion o levou pra longe.

Deixada sozinha e sem muita opção, Rosette se volta pro Chrono, que revela que os chifres são o que permite que os demônios obtenham energia da Linha Astral não só pra usar seus poderes, mas também pra se manterem vivos, e ele só está ficando cada vez mais fraco e próximo da morte sem os chifres. Após saber disso, ela aceita fazer o contrato com o Chrono pra que ele possa usar seus poderes a custo da vida dela pra ajudar a resgatar o Joshua, enquanto ela mesma se junta a Ordem de Madalena pra ficar mais forte e poder enfrentar o Aion e os outros demônios, assim como investigar com mais facilidade onde diabos o Joshua foi parar, na esperança de conseguir fazer isso antes da sua morte prematura inevitavelmente chegar.

A única total certeza que a gente tem na vida é que uma hora nós vamos morrer. Eu vou morrer, você que tá lendo também vai, as pessoas que você conhece vão, as que eu conheço também... Todo mundo uma hora vai bater as botas. Mas e se a sua vida estivesse acabando mais rápido e você talvez pudesse viver apenas por mais alguns anos? Mortalidade, perda, fé e o conflito entre bem e mal são os o temas centrais de Chrono Crusade, tanto a história que o anime conta quanto os arcos dos personagens giram em torno dessas coisas. Apesar de ter todo esse ar de tragédia, isso aqui não é um anime completamente sério o tempo todo, a princípio ele se apresenta como um shounen de ação descontraído com um tom um pouco mais sombrio do que o normal, mas não sombrio demais.

De um modo parecido com Fullmetal Alchemist, Chrono Crusade em seus primeiros episódios apresenta uma mistura de ação com drama e comédia... E infelizmente, assim como em Fullmetal Alchemist, a comédia é bem ruim na maior parte do tempo, com a maioria das piadas girando em torno de fanservice, com direito a um velho tarado conhecido como Elder, que trabalha criando os equipamentos que a Ordem usa pra lutar contra os demônios, basicamente ele gosta de teta e calcinha, é essa a piada dele toda santa vez, até chega a ter umas mudanças esquisitas de tom por causa dele. Mas ei, se Fullmetal Alchemist (especialmente o Brotherhood) pode sofrer desse mal e ainda ser considerado uma obra excelente, então Chrono Crusade também pode. E se você discorda, foda-se! Foda-se e morra!

Mas de um modo também parecido com Fullmetal Alchemist, as interações entre os personagens são impecáveis, especialmente as da Rosette com o Chrono. O contraste entre ela sendo uma garota forte cabeça-dura que se mete em problemas com facilidade e ele sendo só um cara mais de boa que não quer confusão proporciona momentos divertidos quando essas diferenças são colocadas em evidência. Mas o laço entre esses dois é mais forte quando dão foco nos elementos mais sérios dela, como o sentimento de culpa que o Chrono carrega por causa do contrato, a Rosette tentando parecer forte não só pra ele se sentir melhor, mas também pra convencer a si mesma de que tá tudo bem e que essa foi a escolha certa. O resultado disso é uma das relações mais tocantes e ao mesmo tempo trágicas que eu já vi, quando o Chrono e a Rosette brincavam entre si, eu me divertia junto com eles, quando eles se apoiavam em momentos difíceis, eu sentia meu coração se aquecendo, e nos momentos mais tristes, eu me sentia triste por eles. Isso é o quanto eu me apeguei.

E não, Chrono e Rosette não são os únicos personagens principais dessa porra, temos mais duas personagens no elenco principal: Azmaria Hendric, uma Apóstola cantora de coral que Chrono e Rosette salvam no primeiro arco do anime, e Satella Harvenheit, um par de tetas que pode invocar Stands mágicos através de joias, por isso ficando conhecida como a Bruxa das Joias! Essas duas também têm seus arcos de personagem, apesar de terem menos foco do que a Rosette e o Chrono, a Azmaria pelo menos é uma personagem bem realizada de modo geral... A Satella nem tanto, o anime não faz tanto uso dela quanto o resto do elenco, o que é uma pena, mas pelo menos ela ainda assim tem um arco decente.

Um ponto discutivelmente negativo do anime é que... Bem, apesar do nome Chrono Crusade, no caso do anime é bem óbvio que a protagonista da história é a Rosette, enquanto o próprio Chrono tá mais pra um protagonista secundário, diferente do mangá onde os dois são igualmente tratados como protagonistas. A personagem que mais desenvolve na obra é a Rosette, a história gira bem mais em torno dela do que o Chrono, outros personagens possuem paralelos com ela, e é quase sempre ela quem parte pra ação, enquanto o Chrono tá lá mais pra suporte do que qualquer outra coisa e só se transforma na sua forma verdadeira pra lutar em situações extremas. Isso faz sentido considerando o negócio todo do contrato, se o Chrono lutasse e usasse seus poderes o tempo todo, a Rosette não duraria muito, mas o mangá conseguiu contornar esse problema melhor do que o anime.

Eu pessoalmente não reclamo muito disso, porque o desenvolvimento da Rosette aqui é excelente. No começo da história ela é mostrada como uma garota idealista, brincalhona e forte que consegue manter uma atitude positiva e otimista apesar de toda a merda pela qual ela passou, reassegurando que ela tá ok. Porém, as coisas não são tão simples assim, e na medida em que a história progride, a Rosette vai dando sinais sutis de estar perdendo esse otimismo, essa atitude "Yeahhh man eu nunca desistirei, vamos lá!" de protagonista de shounen, e vamos vendo que na verdade ela é mais fraca do que deixa parecer, e o contrato dela com o Chrono tem um peso bem maior do que parece também. Isso não fica muito óbvio de cara, durante uma boa parte da história a Rosette ainda mantém essa atitude forte e otimista de sempre, mas quando ela acaba sendo pressionada psicologicamente, ela toma certas atitudes e decisões que podem até parecer questionáveis pra alguém, isso quando não faz algo contraditório ao que ela mesma disse nos episódios por volta do começo da série.

Essas atitudes questionáveis e contraditórias que a Rosette toma na medida em que o anime progride não são resultado de incompetência dos roteiristas, mas sim de ela ser apenas uma garota de 16 anos de idade que nunca realmente pôde aproveitar a infância direito por passar ela cuidando de um irmão doente, e agora não tá podendo aproveitar a adolescência direito porque tem que lutar contra demônios e salvar o irmão dela, tudo isso enquanto tá garantido que a vida dela na melhor das hipóteses vai durar até os 30 anos. É difícil se manter forte e positivo em uma situação dessas, qualquer ser humano teria medo, medo da morte em si, ou medo de morrer sem ter conseguido alcançar o seu objetivo, ou alcançar o objetivo e não ter mais tempo de vida sobrando pra aproveitar enquanto tá tudo feliz... A Rosette se encontra em um dilema, nenhuma das possíveis conclusões disso vai ser muito satisfatória no fim das contas, o jeito é buscar a menos ruim. É por isso também que algumas vezes a Rosette passa um tempo apenas se divertindo com o Chrono, a Azmaria e ocasionalmente a Satella, é importante que ela crie boas memórias com as pessoas próximas dela também pra não ter arrependimentos quando a morte chegar.

Uma das minhas cenas favoritas do anime é no episódio 18, basicamente o último episódio a ter qualquer resquício de clima positivo nesse anime. O momento perto do final quando a Rosette e o Chrono se separam dos outros durante o festival e ficam olhando a paisagem enquanto conversam sobre o quanto eles foram importantes nas vidas um do outro, e nisso o Chrono diz que não pretende viver por mais tempo do que ela, que após a morte dela, ele também deixaria de existir. Se essa fosse a Rosette lá do começo do anime, ela provavelmente mandaria o Chrono deixar de ser dramático e falaria que ninguém vai precisar morrer... Mas agora que ela tá encarando de verdade a situação toda e demonstra mais insegurança sobre o que pode acontecer no futuro, ela aceita essa decisão do Chrono, e os dois aparentemente se beijam... E logo depois desse momento romântico, a história muda de rumo pra um último quarto bem mais sombrio em comparação com o que teve antes.

E não, diferente do que alguns dizem, não é uma mudança de tom tão brusca assim, até porque Chrono Crusade sempre teve uma atmosfera sombria apesar de no começo ter uma narrativa mais voltada pra algo típico de shounen de ação com um pouco de comédia. O primeiro arco de história mesmo se trata de um vilão que foi uma vítima da Primeira Guerra Mundial e precisou fazer um pacto com um demônio pra manter o seu corpo cadavérico ainda animado, e em uma tentativa de trazer de volta a vida ao seu corpo antes que apodreça de vez, ele adota a Azmaria, que também perdeu seus pais na guerra e se tornou órfã, e tenta usar o poder que ela tem como Apóstola pra chamar a Linha Astral e colocar os fragmentos de vida dentro do corpo dele. Isso tá longe de ser algo leve, assim como os episódios que contam o passado da Rosette, o próprio contrato dela com o Chrono, os backgrounds trágicos da Azmaria e da Satella... Esses elementos mais sombrios sempre estiveram lá desde o começo, eles só não foram enfatizados como os últimos seis episódios do anime o fazem, mas a progressão da série rumo a algo mais sombrio sempre foi aparente...

... Com exceção de um único episódio da segunda metade do anime, o episódio 14 no qual o Chrono fica doente e a Rosette e a Satella saem por aí procurando medicina que funciona com demônios e tal. Apesar de bonitinho, esse episódio é bem dispensável, não acrescenta muita coisa na narrativa e quebra um pouco o clima sério que o episódio anterior deixou, mas é literalmente um episódio dispensável de 24. Outro episódio que eu não gosto muito é o 11, mas no caso desse é mais pelas mudanças de tom aleatórias por causa das piadinhas toscas com fanservice do que pela história que o episódio conta em si, que é sólida e faz um trabalho decente em demonstrar as caracterizações da Rosette e da Satella e os pontos de vista diferentes que as duas têm sobre essa questão de mortes e sacrifícios. Eu só acho que se esse episódio mantivesse um tom sério mais consistente, ele poderia aprofundar mais nesse debate, mas eh... Fazer o que? É o que tem. Todos os outros episódios são relevantes, no entanto, mesmo os que não avançam muito a história ainda desenvolvem os personagens e mostram mais coisas sobre o setting do anime.

Bem, eu falei um monte sobre a Rosette, mas ainda tem os outros personagens principais aqui, além do Aion, ele é um dos meus vilões de anime favoritos e eu tenho muita coisa pra falar sobre ele... Ok, vamos ser breves sobre os outros personagens com exceção desses dois, ou ao menos tentar.

O Chrono tem toda uma história que vai desde 50 anos atrás quando ele era um membro do grupo de demônios do Aion chamados de Pecadores por terem traído os outros demônios e causado caos no Pandemonium, o nome dado ao mundo dos demônios que é basicamente o Inferno desse anime aí, esse nome também é dado à mãe de todos os demônios que teve sua cabeça cortada fora por Aion durante a rebelião. Além disso, ele sequestrou a donzela sagrada que estava sendo protegida pela Ordem, Maria Madalena, que tinha o poder de prever o futuro e seria usada como ferramenta no plano de Aion. Acabou que Chrono e Madalena foram ficando próximos e depois de uma série de merdas que foram acontecendo, Chrono "traiu" Aion e os Pecadores e perdeu os chifres tentando proteger a garota quando Aion foi atacar ela. No fim das contas, ele ficou bastante ferido e precisou formar um contrato pra se curar às custas da vida dela, depois o Chrono colocou o corpo morto da Madalena em uma tumba e ficou o resto dos anos lá esperando pra morrer até um dia a Rosette e o Joshua o encontrarem.

Esse passado do Chrono com a Madalena só é revelado totalmente lá pelo episódio 21, e pra ser honesto eu achei que essa parte ficou meio rushada, essa sequência grande de eventos foi se passando rápido demais e em um só episódio a gente vê o Chrono conhecendo ela, tendo umas conversas e depois o momento da morte dela chegando. A história em si é boa, mas ela se beneficiaria bem mais se tivesse dois episódios dedicados a ela ao invés de tentarem resumir tudo em apenas um... Outro episódio que sofre com eventos rushados é o 23, onde ocorre a infame luta final de 30 segundos entre Chrono e Aion. Talvez teria sido melhor se Chrono Crusade tivesse 26 episódios ao invés de 24... Ou 25, basta cortar o episódio do Chrono doente lá, enfiar os eventos importantes dele em um episódio anterior ou posterior, e usar esse tempo de episódio pra desenvolver melhor o passado do Chrono, e aí o episódio extra seria pra luta final não ficar tão anti-climática quanto acabou ficando.

De qualquer forma, o arco de personagem do Chrono se trata disso, lidar com a perda que ele sofreu no passado enquanto aqueles eventos de antes meio que estão se repetindo agora com a Rosette. Há uns elementos de romance na relação dele com a Rosette, mas esse aspecto da relação deles é bem secundário, mas claramente ela é a pessoa que ele mais ama e quer proteger, e ao mesmo tempo é a pessoa que ele tá matando mesmo contra a própria vontade. É óbvio que ele se sente mal por isso, ele evita ao máximo usar os seus poderes na esperança de manter ela viva por mais tempo possível e tudo acabar ok, e apesar do foco que o anime dá nele ser consideravelmente menor que o que a Rosette tem, ele ainda é um personagem bem escrito e complementa a Rosette perfeitamente.

A Azmaria é uma Apóstola que, apesar de ter sido abençoada com esses poderes divinos através do seu canto, acabou sendo amaldiçoada com a capacidade de trazer azar a quem entrasse em contato com ela, e desenvolveu uma auto-estima quase nula, além de uma personalidade frágil e uma visão bastante auto-depreciativa de si mesma como resultado. Acontece que o status de Apóstolo da Azmaria após ter sido descoberto acabou tornando ela um alvo de pessoas que queriam usar os poderes dela pra benefício próprio, depois que seus pais morreram na guerra, ela foi sendo passada por famílias diferentes que depois de usá-la, a descartavam como se fosse um objeto. Os únicos companheiros de verdade que ela tinha era o pessoal de uma banda de coral com os quais ela passou a andar depois de ter se tornado órfã, mas ela também perdeu essa galera aí depois de ter sido adotada pelo Ricardo, foram devorados por demônios e ela não reagiu muito bem a isso.

Depois de ser resgatada pela Rosette e o Chrono e se juntar ao grupo de coral da Ordem, Azmaria começa a querer mudar, a querer ficar mais forte, mas a princípio esse desejo partia de um sentimento de culpa por causa das mortes que ocorreram pelo fato de que ela tem os poderes divinos, além de medo dos poderes dela em si, não era algo positivo. Ela realmente cresce quando aprende de vez a usar os poderes dela pra proteger as pessoas importantes pra ela, assim como também percebe que ela não só merece ser feliz como também é perfeitamente capaz de trazer felicidade às pessoas ao seu redor, por mais que essas leis de causa e efeito que vêm com os poderes dificultem isso. E o episódio onde esse arco se realiza de vez é o 12, também conhecido como o episódio de natal que a plebe diz ser filler ou inútil... Não, não é, bando de macacos incultos! Além desse episódio concluir o arco de personagem da Azmaria e a partir dele ela se sentir melhor consigo mesma, tem todo um significado simbólico no fato de que o episódio no qual a Azmaria supera o seu passado e aceita o seu status de Apóstola é um episódio de natal!

É, pra vocês que ficam aí com "MUH SIMBOLISMO!!!" com qualquer obra que mostre uma cruz ou contenha nomes/termos bíblicos e fica fazendo a maior punhetação mental possível pra tentar achar significado onde muitas vezes nem tem e os caras só botaram isso lá pra ficar esteticamente legal... Chrono Crusade tem simbolismo religioso que realmente significa alguma coisa, que traça paralelos visíveis entre elementos/personagens do anime e figuras bíblicas! Vou falar mais disso depois, por enquanto ainda não.

Porque agora eu preciso falar brevemente sobre a Satella... Que é provavelmente a personagem mais fraca entre os principais. Não fraca de força, mas de não ser uma personagem tão boa quanto os outros três principais, e parte do motivo disso é ela não ter tanto tempo de tela quanto eles. A Azmaria tá sempre junto com o Chrono e a Rosette, então a gente acaba acompanhando ela também por ficar envolvida direta e indiretamente com os assuntos dos dois, mas a Satella não, ela tá lá fazendo as coisas dela separadamente. Pois bem, a Satella tem uma vendetta pessoal contra demônios porque a família dela foi assassinada em um ataque de demônios e um demônio sem chifre misterioso raptou a irmã dela. Acho que já dá pra você adivinhar qual vai ser o desenvolvimento dela só por essa premissa: Ela odeia demônios, não se dá muito bem com o Chrono a princípio e depois vai mudando de ideia sobre ele... Pois é, o arco dela é meio comum, mas é bem feito pelo que é.

Os aspectos interessantes da Satella tão mais em como ela se compara com a Rosette, tendo uma motivação parecida e também tendo passado esse tempo todo procurando a irmã sem muito sucesso. E apesar disso, ela não poderia ser mais diferente por causa da criação que teve, diferente da Rosette, ela é rica e nunca realmente precisou da ajuda de ninguém pra buscar o objetivo dela, o que acabou tornando ela bem mais egoísta e manipulativa com as pessoas em comparação. Acho que o fim que ela acaba tendo na história durante a reta final é particularmente bonito: Ela acaba enfrentando a irmã dela, Fiore, que tava o tempo todo sob o controle do Aion e agindo como irmã mais velha do Joshua, encurralada na luta, ela percebe que é impossível trazer a irmã de volta do mesmo jeito que era antes e resolve matar não só a ela, mas também a si própria no processo, talvez a primeira e única vez na vida em que ela fez um sacrifício pelo bem de outra pessoa.

Além da galera principal aí, outros personagens mais secundários também têm seus arcos menores. A Irmã Kate no começo do anime não gostava nem um pouco do fato de que a Rosette andava por aí com um demônio junto, e ficou mais desconfiada do Chrono ainda depois de descobrir que ele tem alguma relação com o Aion. Mais tarde no anime ela é vista defendendo Chrono como um membro importante da Ordem e que a eles devem trabalhar junto com outros demônios que têm o Aion como inimigo em comum, apesar das várias críticas que recebeu dos membros do conselho por isso, ela não recua e com o tempo começa até a questionar a própria fé, apesar de nunca abandoná-la. O Ministro Remington também meio que tem um arco de personagem, mas é mas sobre a relação dele com Deus do que qualquer outra coisa, e não chega a ter muito foco também, infelizmente. Outros personagens como a Fiore e o Joshua também podiam ter sido melhor usados... A Fiore é provavelmente a pior ofensa, no mangá tem um motivo pro Aion ter raptado ela, já no anime aqui... Meio que não, a gente só assume que ele fez isso porque ter uma bruxa de joias lutando do seu lado talvez seja útil.

Mas ok, agora sim falemos sobre o vilão do anime, o tal do Aion.

Aion (pelo menos essa versão dele, já que o do mangá é um personagem completamente diferente) é um vilão um tanto único no sentido de que ele é uma aproximação bem mais literal do arquétipo de "Messias Sombrio" que costuma ser usado em obras de ficção, talvez ele até seja o mais próximo que eu já vi de um "Jesus invertido" em um anime até então. Inclusive ele até profere frases ditas pelo próprio Cristo no decorrer da história, quase como se estivesse ridicularizando ele de certa forma. Assim como muitos vilões desse arquétipo, Aion reúne seguidores através do seu carisma e de promessas de liberdade, tendo tanto demônios como os Pecadores do seu lado quanto humanos como o Joshua e outros que se tornam adoradores do Diabo e oferecem outras pessoas como sacrifícios a ele, lhe rendendo uma fonte enorme de energia vital pra usar como quiser, já que assim como Chrono, ele também não tem chifres, mas nesse caso ele mesmo arrancou seus próprios chifres, originalmente com a intenção de fazer um contrato com a Maria Madalena.

Mas diferente de muitos desses vilões, o Aion não tem intenções discutivelmente boas que dariam uma moralidade cinza ao conflito contra ele e o tornariam um personagem que "não fez nada de errado" como o Griffith de Berserk, por exemplo. Nada disso, esse cara é implacavelmente mau e manipulativo, as coisas que ele faz no decorrer da trama são repulsivas e ele não vê problema algum em sacrificar um ou dois aliados pra conseguir o que ele realmente quer: Destruir o equilíbrio entre Pandemonium, a Terra e os Céus pra causar um apocalipse e acabar com Deus. Aion fala bastante sobre Deus no decorrer desse bagulho, mas nunca é algo positivo, ele apenas destrói vidas, causa mortes, deixa pessoas psicologicamente quebradas, e questiona por que Deus não faz alguma coisa pra impedi-lo. Chega a um ponto que fica até meio difícil não concordar com o Aion... O que xerecas Deus tá fazendo? Se ele é todo poderoso e pode impedir o Aion, por que ele não o faz? Por acaso ele tá cagando pro que acontece com as suas próprias criações?

Se a imagem de Deus começa a ficar minimamente questionável quando vemos a suposta apatia dele com o que ocorre, isso se agrava depois quando o anime revela que os próprios demônios são ferramentas usadas por Deus pra manter a humanidade na linha, por assim dizer. Em tempos de prosperidade, as pessoas tendem a "abandonar" Deus por se sentirem bem, e por isso os demônios surgem em épocas como essa, fazendo com que as pessoas através do medo recorram a Deus e resgatem a fé. O que o Aion quer dizer com "liberdade" é a quebra desse status quo, acabando com Deus, ele não estaria mais sendo usado por ninguém, e nem os outros demônios que o seguiam... Apesar que obviamente ele pensa apenas em si mesmo. Mas calma! Eu sei o que você tá pensando, esse anime vai mandar um "religião eh ruim", "Deus eh mau" ou algo derivado disso no fim das contas, né? Não, não é bem assim, eu diria que o que Chrono Crusade tem a dizer sobre religião é que ela tem a capacidade de manifestar tanto os melhores quanto os piores aspectos do ser humano, e que Deus é uma figura misteriosa que ninguém realmente conhece ou entende, mas mesmo assim muitos sustentam uma fé cega nele.

Além de ter criado os humanos em primeiro lugar, Deus também deu a eles os meios de enfrentar os demônios, além de dar uma parcela do seu próprio poder pra sete humanos específicos poderem usar. Mas Deus também deu aos humanos o livre arbítrio, e infelizmente há quem acabe usando isso pra fazer o mal em benefício próprio, como aqueles que usaram a Azmaria, ou os adoradores do Diabo, sem falar das guerras e mortes que os próprios humanos causam. De que forma Deus seria o culpado disso? As pessoas fizeram essas coisas por livre e espontânea vontade, agora elas que lidem com as consequências dos seus atos, oras! De certa forma, o livre arbítrio também se aplica aos demônios, mesmo que a natureza deles seja destrutiva e a função deles seja representar um mal aos humanos, nada os impede de escolher ir contra isso como o Chrono o faz. Enquanto a maioria dos demônios são maus, no decorrer da série vemos outros como o Duke Duffau, que propõe que os demônios do seu grupo e a Ordem trabalhem junto pra acabar com o Aion, e então vemos cenas de demônios e membros da Ordem interagindo normalmente como se convivessem um com o outro, um deles até protege aquelas freiras amiguinhas da Rosette no meio da luta entre eles e os Pecadores, e também acaba se sacrificando pra proteger a própria Rosette.

E ainda assim, mesmo estando fisicamente ausente, dá pra discutir que na verdade Deus sempre esteve de olho nos eventos que aconteciam na história de Chrono Crusade e havia planejado tudo aquilo, agindo apenas quando lhe convém. A Rosette, de todas as pessoas, acabou sendo escolhida por ele pra ser a sucessora da Maria Madalena, com as marcas sagradas aparecendo pelo seu corpo em horas estranhamente específicas que favorecem o lado do bem, como se ele estivesse realmente usando até mesmo o Aion como marionete sem que o mesmo perceba. Pode talvez parecer um tanto pessimista olhar pra Deus dessa forma, mas é uma das perspectivas que mais ressoam comigo, pra mim Deus é um ser que eu não conheço e nem faço ideia de qual diabos seria o plano dele, mas que aparentemente tem a mim e a todo mundo na palma da sua mão, por bem ou por mal. Isso é bom? Ruim? Acho que depende de como você olhar, no episódio final mesmo vemos personagens questionando a própria fé, apesar de escolhendo mantê-la com alguma esperança.

Fé é uma questão muito individual e íntima, cada um tem ou não tem por uma infinidade de motivos diferentes e até por isso eu acho idiotice quando as pessoas discutem isso e ficam tentando impôr a própria fé uma pra cima da outra. A intenção de Chrono Crusade não é fazer você largar a sua fé ou algo assim, mas sim usar essa perspectiva diferente pra te fazer refletir sobre ela. Isso é feito bem cuidadosamente pra não parecer que o anime quer forçar uma visão específica a respeito de Deus e religião no geral, com personagens que apresentam pontos de vista variados sobre o assunto e nenhum sendo realmente retratado como certo ou errado. E sim, isso inclui o Aion... Ele pode ser o vilão da história e fazer coisas horríveis, mas o que ele questiona sobre Deus continua fazendo pelo menos algum sentido, especialmente porque muitas pessoas também ecoam esse pensamento dele, desde bem antes desse anime ter sido lançado até.

Inclusive, no último quarto do anime o Aion, após causar uma espécie de apocalipse em pequena escala na América, usa a Rosette que ele transformou em uma santa corrompida controlada por ele pra realizar "milagres" pras pessoas desamparadas com toda a destruição e assim ganhar a total confiança delas, se apresentando como um salvador. Isso não só mostra como as pessoas são fáceis de manipular quando uma figura de um salvador aparece na frente delas durante uma crise, como também reforça a ideia de que as pessoas costumam se lembrar de Deus mais em tempos ruins do que em qualquer outra situação. E qual é o motivo que foi anteriormente estabelecido no anime pros demônios surgirem e atacarem os humanos? Pois é, quando elas vivem tempos de prosperidade e acabam de certa forma esquecendo da sua fé.

O fato de que Chrono Crusade se passa em um passado alternativo que mais ou menos se conecta ao nosso presente também ajuda a criar um senso de imersão, como se eu pudesse estar sendo parte de uma história parecida no mundo real, mesmo obviamente não sendo esse o caso. Mas é por isso que o último episódio é tão perfeito e não poderia ter sido de nenhuma outra forma, a reta final como um todo toma um clima apocalíptico e é bastante brutal com os personagens principais, e o último episódio não dá um final muito feliz a essa parte da história que já tava ficando bem deprimente antes mesmo dessa conclusão. É um final extremamente trágico: Todos os personagens principais com exceção da Azmaria estão mortos, o Joshua foi salvo, mas ficou com uma espécie de dano cerebral causado pelos chifres do Chrono que tavam na cabeça dele, o mundo de forma geral se encontra num estado pior do que ele estava no começo do anime e Deus já escolheu os próximos sete Apóstolos e a próxima santa.

Eventos históricos que afetaram o mundo todo negativamente como a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial se passam, e como um chute final que o anime dá nas suas bolas (ou tetas, se for mulher), rola um time skip de décadas no qual é mostrado do ponto de vista de um Remington quebrado e desiludido que o Aion continua vivo, e aparentemente causou ou esteve por trás da tentativa de assassinato do papa João Paulo II em 1981! Essa última cena com o Remington vendo o Aion possivelmente indo tentar assassinar o papa é algo meio aberto a interpretações, há quem ache que o Aion sobreviveu à luta entre ele e o Chrono antes e agora simplesmente voltou sem ninguém sobrando pra impedi-lo, há quem ache que Deus trouxe o Aion de volta pra repetir o ciclo no qual ele é usado como ferramenta pra testar a fé de todo mundo e no fim impedido por algum salvador que também teria sido escolhido por Deus. Também já disseram que o Remington ficou meio maluco vendo esses anos se passarem sem poder fazer nada, e aí o Aion ter aparecido ali na frente dele foi só um delírio mesmo... Ou que na verdade o Aion não tá realmente vivo e só aparece ali como uma representação de que o mal continua existindo no mundo.

Independente de qual seja a sua interpretação pro que diabos ocorreu nessa última cena, eu acho que o mais importante não é o que acontece na cena em si, mas sim o que ela representa tematicamente. Sim, eu vou dar uma de Quadro em Branco aqui e tentar explicar o significado e o subtexto da última cena de Chrono Crusade que dura cerca de um minuto, depois de zoar o Quadro em Branco por fazer esse tipo de coisa... Eu sou hipócrita mesmo, foda-se, agora me chamem de desconstrução de reviewer de anime por ser hipócrita e humano comparado com os reviewers clichês que existem por aí!

Uma das reclamações mais comuns da plebe sobre esse final é que ele supostamente tornou a história toda inútil ou nula... Dá pra entender o porquê de pensarem assim, afinal de contas o Chrono, a Rosette e os outros fizeram todo aquele sacrifício e aparentemente salvaram o mundo, pra umas décadas depois o Aion aparentemente voltar e continuar fazendo as merdas dele por aí como se nada tivesse acontecido. Mas isso é uma visão tão superficial e burra desse desfecho que dá vontade de mandar a pessoa assistir o anime de novo até entender o porquê do final ser desse jeito e por que ele só funcionaria se fosse assim. É óbvio que apesar de toda essa putaria sobrenatural de demônios, magia e tal, o mundo de Chrono Crusade espelha o nosso, os locais nos quais a trama se passa são locais que existiram historicamente ou ainda existem aqui, e os eventos referenciados também ocorreram aqui. Tendo isso em mente, você acha que um final completamente positivo com o mundo salvo do mal e todos felizes para sempre faria sentido? Pois é, não faria, porque isso não é uma realidade aqui também.

Mesmo 16 anos depois do lançamento desse anime, nós ainda vivemos em um mundo que tá longe de ser um lugar feliz, muitas coisas ruins acontecem com muitas pessoas e lugares pra todo lado, e provavelmente vai continuar assim por mais e mais décadas. E mesmo que haja pessoas como Rosette e Chrono, que trabalham duro pra tornar esse mundo um lugar melhor, elas não são capazes de realmente consertar esse mundo e torná-lo feliz, mas os atos delas têm um impacto positivo, eles trazem esperança pro mundo e o impedem de sucumbir ao mal. Após as mortes dessas pessoas, cabe a outras preencher o espaço que elas deixaram e continuar a fazer o possível pra que o mundo se mantenha na luta contra o mal que continua nele e não parece que vai embora tão cedo, isso também acontece no anime com última cena da Azmaria que indica que ela vai seguir os passos da Rosette, além dos já mencionados novos Apóstolos.

Se a Rosette e o Chrono não tivessem conseguido impedir o Aion antes, o mundo teria sido misturado com o Pandemonium e os Céus e acabaria em um estado caótico irreversível, mas graças a eles isso não aconteceu e o mundo ainda tem uma chance de continuar. Esse é o legado que eles deixaram, não o fato de que eles mataram o Aion e acabaram com o mal definitivamente ou não, o anime nunca nem foi sobre isso em específico e sim sobre a ambiguidade em volta de uma figura como Deus e o peso que o conflito entre bem e mal têm sobre tudo. Como diz a última frase do anime antes dos créditos do episódio final: "Não podemos fazer nada além de ver os tempos passarem, seguindo o caminho que Deus escolheu..."

Existem alguns defeitos menores no anime, como algumas imprecisões históricas e uns momentos de fanservice completamente fora de lugar, mas nada disso chega a comprometer a narrativa e os temas que ela aborda. Os visuais e a animação são decentes, na maior parte do tempo Chrono Crusade é até um anime bonito pra algo lançado em 2003, apesar do traço dos personagens ter envelhecido um bocado, os cenários e backgrounds ainda são muito bons e capturam bem a atmosfera da América dos anos 20. Mas como isso é um anime da Gonzo, tem sempre um ou dois episódios em que parecem ter chamado os estagiários pra desenhar e animar, com personagens parecendo fora dos seus modelos originais e animações no máximo medíocres... Mas com exceção desses episódios específicos, eu diria que esse é um anime visualmente agradável, as cenas de ação são legais também, apesar de eu não gostar nem um pouco dessa aura amarela que deram pros demônios, honestamente não combina nem um pouco com eles.

Por mais que pareça tentador assistir isso com a dublagem americana, levando em conta a ambientação ocidental... Não, por favor não faça isso. A dublagem americana é péssima e não tem nem metade da emoção que a japonesa tem, especialmente em cenas como a morte do Chrono e da Rosette, que no original a dubladora da Rosette soa tão convincente que eu fico me perguntando se ela realmente chorou de verdade enquanto dublava... E na versão americana é... Bem... Isso aqui. A trilha sonora tem uma pegada de jazz característica das tendências musicais da época, apesar que as minhas músicas favoritas são as dos momentos mais melancólicos mesmo, grande parte do motivo da cena do Chrono e a Rosette no festival ser uma das minhas favoritas é essa música que toca bem quando ele diz que não pretende viver mais do que ela. Dito isso... Bem, a opening, Tsubasa wa Pleasure Line é boa, apesar de ser um tanto padrão de opening de anime, junto com a animação que rola com ela. Mas a ending, Sayonara Solitaire, é uma das minhas endings favoritas de todas, especialmente depois do último episódio do anime, você pode ver ambas aqui.

Por fim, Chrono Crusade continua sendo um dos meus animes favoritos de todos, são até poucas as obras que me tocam do mesmo jeito que essa tocou quando os seus temas centrais foram aos poucos tomando o foco que antes estava mais em ação e comédia. O último episódio foi uma das poucas obras de ficção que chegaram perto de me fazer chorar (as outras sendo o final ruim de Breath of Fire II e a cena do Tio Ben em Homem-Aranha 2) e a história toda ao mesmo tempo me fez refletir sobre muita coisa, foi com certeza uma experiência que eu não costumo ter com animes. Por isso eu queria que esse fosse o primeiro anime a ter uma review nessa caralha aqui, além de ter sido um anime bem importante pra mim, ele não tem lá a melhor das reputações, em grande parte por não ser fiel ao mangá e isso o tornar alvo de críticas de gente que gostou do mangá... Mas também já vi algumas críticas fora desse nicho. E como eu vou defender esse anime até o dia da minha morte, eu quis me preparar bem pra escrever essa review, então resolvi até ler algumas reviews negativas desse anime pra ver se tem alguma falha grande nele que eu não percebi... E não, honestamente todas as reviews negativas de Chrono Crusade que eu parei pra ler e até reler não fizeram o menor sentido.

Talvez seja um pouco difícil de acompanhar pra algumas pessoas, especialmente aquelas que não possuem lá muita noção de mitologia cristã. Pra explicar esses elementos melhor pro pessoal que boiou com a história simplesmente usando eles lá, até fizeram um extra chamado Azmaria's Extra Classes onde explicam essas coisas em mais detalhes e é honestamente bem útil pra quem ficou meio perdido no anime e tem interesse em reassistir pra entender melhor depois, admito que o anime exige um pouco de familiaridade com esses conceitos. Dito isso, Chrono Crusade um excelente anime, além do uso inteligente de simbolismo e elementos religiosos pra transmitir mensagens que mesmo hoje em dia são relevantes, os personagens (a maioria deles, ao menos) são bem desenvolvidos, e diferente de muitos outros shounens, a história desse não tem medo algum de ser trágica e imprevisível, e também consegue evitar fazer isso de uma maneira forçada, sem ser tragédia só por ser tragédia.

Nota: 9

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Rankeando os filmes de Dragon Ball Z (e um do Super)


Não é nenhum segredo que eu amo Dragon Ball... A menos que você esteja me conhecendo agora com esse post, nesse caso, agora você sabe! Mas pra quem já me conhecia antes não é mesmo, prova disso é que eu já joguei a maioria dos jogos de Dragon Ball mesmo sendo um jogo bom pra cada cinco ruins ou medíocres... Mas os jogos bons valem a pena, então tudo bem. Pois bem, outra prova de que eu amo Dragon Ball é que eu assisti todos os filmes do Z... Sim, todos os 13, uma vez eu procurei todos na internet e assisti um por um até chegar no último, e aí quando os mais recentes saíram, eu os assisti também. Não cheguei a assistir os filmes do clássico porque ouvi falar que eles são só retelling dos arcos já existentes no anime/mangá e isso não é lá algo que me interessa tanto assim, mas talvez eu dê uma olhada depois e faça um rank deles também.

Assim como a maioria desses filmes baseados em anime shounen, os de Dragon Ball são basicamente fillers glorificados que variam de qualidade. Alguns têm histórias decentes que expandem o lore da série de uma forma interessante mesmo não sendo canon, outros são ruins e no máximo oferecem umas cenas de ação legais... E tem aqueles que nem isso fazem, não servem pra absolutamente nada. E sim, eu resolvi colocar Dragon Ball Super: Broly nessa lista. Sabe por que? Porque A Batalha dos Deuses e O Renascimento de Freeza são filmes de Dragon Ball Super, mas têm o título de Dragon Ball Z por algum motivo... Talvez seja porque Dragon Ball Super não existe e esses filmes tão apenas tentando se encaixar no Z de alguma forma, claro! Enfim... Já que é assim, eu vou fingir que esse filme novo do Broly é do Z também pra ele não ficar sozinho ali no canto dele enquanto os outros são destacados.

Até porque Dragon Ball Super: Broly é melhor do que mais da metade dos filmes dessa lista, que em maioria não são muito bons de qualquer forma, então não quero deixar ele de fora. Dito isso... Vamos logo começar com esse bagulho antes que enrole mais ainda pra encher texto!

16- O Renascimento de Freeza

Jesus, esse filme foi lamentável... Eu lembro que ele foi bastante hypado antes de sair. Todo mundo tava empolgado depois de A Batalha dos Deuses (eu nem tanto porque achei esse filme uma decepção também) e os trailers mostravam algo bem promissor, apesar de eu nunca ter sido muito a favor da ideia de trazer o Freeza de volta ao invés de criar algum vilão novo, mas eu fiquei pelo menos apreensivo. Uma nova transformação do Freeza? O Goku aparentemente sendo derrotado pra então o Vegeta acabar sendo o herói do filme e matando definitivamente aquele que exterminou a raça dele? Uau, aí sim, hein!

Então o filme saiu... E os trailers e coisas hypáveis eram tudo falso, tudo fake news! Esses fodidos montaram todo esse material meticulosamente pra gente ir lá esperando que esse filme fosse algo especial, pra no fim das contas ser só mais um filme esquecível de Dragon Ball Z onde todo mundo tá lá só pra apanhar até o Goku e o Vegeta aparecerem... Não, não, na verdade é pior do que isso! Pelo menos os outros filmes de Dragon Ball Z tinham vilões que conseguiam representar alguma ameaça pros heróis, esse aqui não tem nem isso, o Freeza é uma piada durante praticamente o filme todo e o Goku e o Vegeta poderiam acabar com ele a qualquer segundo que quisessem, mas eles ficam enrolando, enfrentando ele um de cada vez, o Goku nem leva a luta em si muito a sério, é patético. Aí chega a reta final com o Goku sendo derrotado da forma mais sem sentido possível, a destruição do planeta e a viagem no tempo... Que é uma das sequências de eventos mais estúpidas que eu já vi na vida, eu fiquei sem palavras vendo essa desgraça no cinema, não dava pra acreditar.

Prefiro ver qualquer filme de Dragon Ball do que isso, literalmente qualquer um! Até o próximo da lista aqui ó:

15- Goku: O Super Saiyajin

Sim, até esse aqui, que não passa de um rehash safado e estúpido da saga do Piccolo Daimaoh do Dragon Ball clássico, ainda é melhor do que O Renascimento de Freeza! Mas ainda assim é uma bela merda de filme, não me entenda errado.

Bem, tem esse vilão chamado Slug, que é basicamente um Super Namekuseijin velho que foi mandado pra outro planeta enquanto ainda era uma criança pra escapar da extinção que estava pra acontecer no planeta Namekusei. Então depois disso ele reúne um exército de demônios e resolve conquistar planetas por aí no espaço, eventualmente chegando até a Terra e querendo reunir as Esferas do Dragão pra desejar sua juventude de volta. Me pergunto qual seria o motivo de ele não ter pensado em voltar pra Namekusei pra pegar as Esferas do Dragão de lá que podem realizar não só o desejo de juventude dele, mas também mais dois desejos, o cara podia até ter desejado imortalidade junto e tal. Mas como isso nunca será respondido, o jeito é aceitar que é assim mesmo.

Slug consegue a sua imortalidade, arrebenta com todo mundo e depois o Goku consegue uma transformação de Super Saiyajin que a Toei inventou porque o Toriyama ainda não tinha criado o Super Saiyajin canon. A propósito, Namekuseijins aparentemente possuem audição apurada e não aguentam o som de assobios... E é isso que causa a derrota do Slug no fim do filme. Pois é... Isso nunca é sequer indicado na série antes e também nunca é usado fora desse filme, genial.


14- O Retorno do Guerreiro Lendário

Sim, eu sei, vocês provavelmente esperavam o terceiro filme do Broly tão baixo nessa lista e não o segundo. Honestamente... Os dois são fracos, e o primeiro nem é lá grande coisa também, mas naquele pelo menos era divertido ver o Broly destruindo tudo, metendo a porrada brutalmente no Goku e nos outros como se eles fossem um monte de sacos de batata ambulantes e tankando até mesmo um Kamehameha na cara sem esforço nenhum. Esse aqui? Não, nem mesmo o Broly lutando é legal. Uma parte do filme é uma tentativa de reproduzir Dragon Ball clássico com o Goten, o Trunks e a Videl procurando as Esferas do Dragão por algum motivo e lidando com o problema que um vilarejo tinha com um monstro, ok.

Depois disso a Videl bate no Goten e ele chora... E isso faz com que o Broly, que tirou uma nave espacial de Saiyajin do cu pra escapar do planeta do primeiro filme antes que exploda, desperte do estado dormente/congelado em que ele se encontrava. Então o filme vira um episódio de Tom e Jerry só que com o Broly perseguindo o Goten e o Trunks, depois o Gohan chega, apanha em uma luta sem graça dele na sua forma base contra o Broly Super Saiyajin, daí ele se transforma em Super Saiyajin 2 (ou 1, não fica muito claro) e continua apanhando porque o Broly se transforma em Lendário Super Saiyajin.

Por algum motivo, o Vegeta ou o Piccolo nunca aparecem nesse filme pra lutar contra o Broly também, e os roteiristas cometem o mesmo erro do primeiro filme: Fazer o Broly parecer OP demais, chegar numa situação onde parece impossível derrotar ele, pra no fim os caras arrumarem um jeito forçado e anti-climático de acabar com ele. Mas novamente, o primeiro filme pelo menos tinha cenas de luta boas, esse aqui nem isso, até na forma de Lendário Super Saiyajin o Broly lutando é tedioso, não chega nem perto de ser intimidador e destrutivo que nem antes.


13- Devolva-me Gohan

Alguém aí lembra do Garlic Jr.? O vilão daquele arco filler de Dragon Ball Z que foi colocado entre as sagas do Freeza e dos Androides e que absolutamente ninguém gosta? Pois é, na verdade ele é um vilão tirado de um filme, mas não é apenas um filme qualquer, é o primeiro filme de Dragon Ball Z! E não é um filme muito bom, pra falar a verdade, mas também não é completamente terrível. Quer dizer... A história é bastante genérica, Garlic Jr. é um vilão malvadão que reune as Esferas do Dragão pra desejar imortalidade e depois se vingar do Kamisama porque ele acabou se tornando o guardião da Terra ao invés do pai do Garlic Jr, ou algo assim. Então eles atacam a casa do Goku e sequestram o Gohan porque ele tinha a esfera de quatro estrelas no chapéu dele, o que faz com que Goku e Piccolo vão até lá salvar o garoto... Ao invés de simplesmente levarem o chapéu e facilitarem as coisas pra eles mesmos. Vai entender...

Mas em defesa desse filme, o Goku e o Piccolo se unindo pra lutar juntos contra um inimigo é legal, ainda que eles já tenham feito isso antes com o Raditz no anime mesmo, e esse filme recicla umas partes da luta do Raditz... Pensando bem, essa luta nem é tão empolgante assim mesmo. Mas tem aquela cena lá do Gohan ficando bêbado e tendo uma sequência musical esquisita e meio engraçada sobre o Piccolo, ela é boa! Acho que é só isso mesmo, de resto... Meh, é bem ruim.

12- O Retorno de Cooler

Cooler é o irmão do Freeza, e também uma versão bem mais sem graça dele apesar de ter um design de personagem bacana. Na verdade um bocado desses vilões de filmes de Dragon Ball Z meio que são versões pioradas de vilões do anime, mas pelo menos eles conseguem disfarçar isso bem com a maioria... Com o Cooler não, ele é tão descaradamente chupinhado do Freeza que os caras imitaram até a parte dele ter um novo corpo mecânico depois de ser derrotado pela primeira vez! Porra, Toei... Fala sério, né?

O modo como o Cooler sobreviveu à derrota dele do primeiro filme também é tão ridículo que parece até algum tipo de piada... Um pedaço da cabeça dele escapou do Kamehameha que levou ele até a porra do sol no final do primeiro filme... E por acaso esse pedacinho da cabeça dele se manteve vivo e por acaso trombou com um chip de computador com inteligência artificial e se fundiu a ele, absorvendo outros tipos de sucata espacial e se tornando uma espécie de planeta mecânico capaz de produzir clones metálicos do Cooler em massa. Sim, eu sei, isso é ridículo pra caralho. E agora o Cooler unido a esse planeta-computador-estrela-da-morte invade o novo planeta Namekusei pra absorver ele ou algo assim... Não, caras... Apenas não.

Pra dar algum crédito, O Retorno de Cooler tem o Goku e o Vegeta como Super Saiyajins lutando juntos contra um inimigo, isso nunca realmente aconteceu na série até o momento em que lançaram esse filme. E sim, as cenas de luta são boas, pelo menos as do Goku e do Vegeta contra o Meta-Cooler, porque os outros personagens só enfrentam uns robôs genéricos aí. Mas o filme dá uma cagada na reta final e deixa de mostrar o Goku e o Vegeta enfrentando o exército de Coolers que é revelado... Pra depois mostrar eles capturados lá dentro do bagulho onde o Cooler verdadeiro está e eles derrotarem ele porque têm energia demais e isso sobrecarregou o sistema dele. Pois é...


11- Bio-Broly

A gente realmente precisava de um terceiro filme do Broly?

Não, na verdade não precisava nem do segundo, mas o Broly era popular entre a criançada e por isso teve mais um filme, só que... Enquanto o segundo filme dividiu opiniões, esse aqui eu não conheço ninguém que gostou. E honestamente... Ele é melhor do que o segundo filme em diversos aspectos, as cenas de ação são melhores, a história é idiota, mas parece ser auto-consciente porque ela não chega a se levar a sério demais, e é legal ver um filme mais focado no Goten, no Trunks, no Kuririn, na Androide 18... Esses personagens que no anime normal passaram a ter quase nenhuma relevância, e o Mr. Satan é tão divertido de assistir quanto ele sempre foi também.

Acho que o pessoal ficou com tanto ódio do filme do Bio-Broly por causa do próprio vilão mesmo, e eu até meio que entendo... A única coisa realmente maneira no Broly, fora os poderes e o estilo de luta, era o design dele. Então fazem esse filme onde o Broly volta, mas não é o mesmo Broly de antes e sim um clone dele criado por um antigo rival do Mr. Satan que criou guerreiros geneticamente modificados pra enfrentar o campeão e provar que ele é uma fraude. O Bio-Broly é o mais forte desses guerreiros e obviamente foge de controle, o corpo dele fica coberto por uma substância esquisita e o design dele passa a ser um monstro de gosma com uns cabelos dos lados que parecem mais bananas, e ele também é bem mais fraco do que o Broly original, tanto que o Goten e o Trunks dão trabalho pra ele.

Mas como eu não ligo pro Broly, esse filme não me incomodou tanto assim, ver personagens ignorados pelo anime ganhando os holofotes é uma boa mudança de ritmo, e aqui até tem um motivo mais plausível pro Bio-Broly ter sido derrotado do que os outros dois filmes. Eu não acho esse filme bom e nem nada do tipo, eu só tô dizendo que ele não é esse lixo completo que fazem parecer que é, é só um filme mediano com alguns aspectos bacaninhas mesmo, nada mais e nada menos.


10- Uma Vingança Para Freeza

E aqui está o filme original do Cooler, que é um filme... Meh, mas até que tem seus momentos. O Freeza esse tempo todo tinha um irmão chamado Cooler que viu o momento em que o Goku foi mandado pra Terra durante a destruição do planeta Vegeta e não fez nada porque foda-se, o Freeza que se vire e lide com as consequências desse erro dele! Então depois de descobrir que Freeza foi derrotado por um Super Saiyajin, Cooler vai lá vingar o seu irmão e derrotar o maldito, e pra isso ele leva junto os seus soldados que, pra surpresa de ninguém, também são só uma versão piorada das Forças Ginyu do Freeza.

A parte que eu gosto nesse filme nem é bem o conflito com o Cooler em si, mas os personagens fugindo das tropas dele enquanto mantêm o Ki baixo pra não serem detectados pelos Scouters dos caras e cuidam do Goku que ficou ferido por causa de um ataque do Cooler mais cedo. Achei interessante como eles tiveram que fazer as coisas sem usar Ki, e as cenas de ação até que são boas, o Piccolo lutando contra os soldados do Cooler foi a melhor parte do filme, e a luta do Goku contra o Cooler tem umas partes bacanas, principalmente quando o Cooler se transforma e domina totalmente a luta, até chegando a voar direto através de um Kamehameha como se não fosse nada. Mas bem... O Cooler é um Freeza piorado, então ele precisa ter a mesma personalidade que a do Freeza, o que significa que assim que o Goku se transforma em Super Saiyajin e vira o jogo, o Cooler resolve explodir o planeta e tal. Provavelmente a intenção disso era mostrar a ironia do Cooler ter desprezado o Goku da mesma forma que o Freeza o fez e depois ter o mesmo fim, mas isso não adiciona tanta coisa assim à caracterização dele de qualquer forma.

Aliás, desde quando o Goku Super Saiyajin tem poder de cura? Tem uma cena nesse filme onde ele pega um pássaro ferido e simplesmente cura ele com a sua energia ou algo assim. O que diabos?


9- A Batalha dos Deuses

Esse é um filme meio complicado pra eu falar sobre... Na primeira vez que eu assisti ele, eu não tinha gostado nem um pouco, a pegada mais de comédia não me agradou e eu não senti nenhum hype quando começaram a rolar as cenas de luta também. Aí assistindo de novo eu comecei a gostar, apreciei certos aspectos do filme que antes eu meio que tinha ignorado, e na terceira vez que eu assisti... Eu fiquei indiferente.

A história aqui é que o deus da destruição, Bills (ou Beerus), é acordado do seu sono profundo e descobre que Freeza foi derrotado por um Super Saiyajin, o que faz ele lembrar de uma profecia que um oráculo contou a ele décadas atrás sobre um Super Saiyajin Deus. Então ele vai atrás do Goku, derrota ele lá no planeta do Sr. Kaio sem muito esforço e então vai pra Terra atrás de oponentes melhores e mais entretenimento. Então Vegeta e o resto dos personagens que estavam lá comemorando o aniversário da Bulma encontram Bills e agora precisam fazer de tudo pra manter ele de bom humor, ou então o planeta já era... E também tem um subplot lá com o Pilaf e o grupo dele, que de alguma forma conseguiu reunir as Esferas do Dragão antes e desejaram ficar mais jovens, mas o Shen Long deixou eles um pouco jovens demais... Como eles conseguiram fazer isso sem nenhum dos heróis aí perceber? Sei lá, também não sei como diabos o Vegeta conhece o Bills e tem tanto medo assim dele ao ponto de jogar o seu orgulho fora, sendo que ele nunca nem o mencionou antes na série... Mas foda-se, tanto faz.

Isso é basicamente uma tentativa de juntar a comédia do Dragon Ball clássico com a ação do Z, a comédia é bem legal, na verdade. Depois que eu olhei esse filme dessa forma ao invés de algo que tenta ser completamente no tom do Z, ficou bem mais fácil de digerir, inclusive eu achava criminoso o que fizeram com o Vegeta nesse filme, mas agora eu acho a cena dele fazendo a dança do bingo a melhor parte do filme de longe... Assim, de muito longe! O que eu tinha na cabeça pra desgostar dessa cena na primeira vez? Não sei! A melhor cena de luta também é com ele, quando o Bills acaba batendo na Bulma e ele fica putasso e parte pra cima do cara dando 0 fodas, muito bom! O resto do filme... Eh, é uma coisa, eu acho. Pelo menos o Bills não é um vilão genérico de filme de Dragon Ball que tenta imitar um dos vilões do anime e falha, mas eu também não achei ele lá muito interessante no fim das contas, só diferente do comum mesmo.


8- Broly: O Lendário Super Saiyajin

Pois bem... Acho que já ficou meio óbvio que eu acho o Broly uma boa bosta de personagem, né? Ainda assim o primeiro filme dele tá em uma posição relativamente alta nessa lista, e eu tenho motivos pra isso!

Não que esse filme seja algum tipo de obra prima ou algo assim, eu nem diria que ele é um bom filme pra ser honesto, mas é um filme ok. Pra quem assiste Dragon Ball Z mais pela ação do que qualquer outra coisa, o primeiro filme do Broly tem ação de sobra, por mais que o personagem em si tenha tanta profundidade quanto uma piscina de bebê e tanta personalidade quanto um vilão de filme do Rocky... Ele compensa um pouco isso sendo um puta dum monstro enquanto luta depois de se transformar no Lendário Super Saiyajin, ninguém consegue parar esse maluco e ele quebra tudo e todos no seu caminho! É até um pouco único, são poucos os vilões dessa série que conseguem ser intimidadores assim por causa das habilidades de luta deles ao invés da personalidade.

Além do mais, há quem diga que o vilão "tradicional" desse filme não é o Broly e sim o pai dele, Paragus. Foi ele quem orquestrou os eventos do filme inteiro e usou o filho descontrolado dele pra se vingar do Vegeta... Pena que ele não é lá muito explorado no fim das contas, pois o filme tá bem mais preocupado em mostrar o Broly arrebentando todo mundo pra depois ser derrotado anti-climaticamente pelo Goku do que em construir personagens. Mas eu aprecio a tentativa de mostrar um pouco mais sobre a sociedade dos Saiyajins, mesmo que seja só um pouco mesmo. No geral... É um filme legalzinho, nada mais e nada menos que isso.


7- O Homem Mais Forte do Mundo

Mas sabe qual filme tem cenas de ação ainda melhores que o do Broly? Esse aqui... Que tem uma história mais esquisita, se trata de um cientista chamado Dr. Wheelo, que no passado tentou criar um exército de humanos mutantes pra... Isso mesmo, dominar o mundo! Porém o seu laboratório acabou sendo congelado e isso o impediu de colocar seus planos em prática, até que o seu assistente, Dr. Kochin, conseguiu preservar o cérebro do seu amigo e o colocou em um robô gigante. E agora ele quer achar o corpo perfeito, o corpo do homem mais forte do mundo, pra poder usar como o novo recipiente do seu cérebro, obviamente esse homem é o Goku.

... Bem, eu disse que essa história é estranha.

Mas foda-se, você não tá assistindo esse filme aqui pela história e sim pelas lutas! E essas aqui são algumas das lutas mais bem coreografadas já vistas em uma animação de Dragon Ball, meus amigos, a animação é impecável e o Goku usa o Kaioken pra caralho nisso aqui, é uma das minhas técnicas favoritas que ele nunca mais usou depois que Super Saiyajins passaram a ser uma coisa. Minhas únicas reclamações são o fato de que... Assim como em muitos desses filmes, os outros personagens que não são o Goku só se fodem, eles não chegam a ganhar uma luta nem contra os antagonistas secundários disso aqui. E bem, pra uma história tão estúpida quanto essa do Dr. Wheelo, o filme dedica bastante tempo em ficar explorando ela, por mais que não seja nem um pouco interessante.

Agora eu não sei se eu devia ter colocado isso aqui antes ou depois do filme do Broly nessa lista... Bem, vou deixar aqui, pois pau no cu do Broly e da galerinha que endeusa ele!


6- A Árvore do Poder

O que acontece quando você bota o Goku pra enfrentar o que é essencialmente um Goku do mal?

"O arco do Goku Black de Dragon Ball Super?"

Eu já falei que Dragon Ball Super não existe, caralho! Quantas vezes eu vou ter que repetir isso? Daqui a pouco cê vai me falar que Dragon Ball GT existe também, né? Vê se pode...

Mas sim, nesse filme, Goku e a sua turminha do barulho encaram uma ameaça de Saiyajins liderados pelo vilão Turles, que planta a Árvore do Poder no nosso planeta pra absorver toda a energia e gerar frutos que dão um boost no poder de quem come... E por algum motivo ele é idêntico ao Goku. Tem quem ache que ele é algum tipo de filho perdido do Bardock, mas eu digo que provavelmente isso era só pra gente ter mais ou menos uma ideia de como um Goku maligno seria, caso ele não tivesse tido a sua programação de Saiyajin destruidor de planetas apagada da sua mente.

Esse é basicamente o único aspecto interessante dessa história, e ele não é elaborado além do básico que eu disse aí. De resto... É um filme de Dragon Ball Z, as cenas de ação são boas, mas personagens como Yamcha, Tenshinhan e Chaos só tão ali pra apanhar pra antagonistas secundários que o Goku derrota facilmente depois. O próprio Turles é um vilão bem mais legal do que o Dr. Wheelo, no entanto, além dele ter um pouco mais de personalidade e um objetivo menos ridículo, ele até faz o Gohan virar um macaco gigante pra atacar o Goku depois. Isso, e a surra que ele dá no Goku depois de comer a fruta da Árvore do Poder é sensacional, uma das melhores sequências de luta desses filmes. Levemente melhor do que o filme anterior da lista, eu diria.

5- A Batalha nos Dois Mundos

Ok, A Batalha nos Dois Mundos é um filme que me deixa com sentimentos bastante mistos, mas acho que dá pra considerar o saldo positivo no fim das contas. É um dos poucos filmes que não são protagonizados pelo Goku e a primeira metade dele é uma espécie de torneio onde vemos personagens como Gohan, Kuririn, Tenshinhan e Trunks lutando... O Piccolo também tá lá, e honestamente desperdiçaram uma puta oportunidade de fazerem uma luta dele contra o Kuririn que lembrasse a luta que eles tiveram no Dragon Ball clássico, os roteiristas sempre fodem com o Kuririn nesses filmes fazendo ele parecer o cara mais fraco, incompetente e medroso que existe, e isso me deixa um pouco triggerado. A luta do Trunks contra o Tenshinhan foi legal, no entanto.

No fim das contas, o torneio é interrompido pelos vilões dessa vez: Bojack e a sua gangue de guerreiros galácticos. Aparentemente, esses caras têm um background no qual eles foram selados pelos quatro Senhores Kaio, mas como o Goku fez aquele negócio de se teleportar com o Cell pro planeta do Sr. Kaio e explodir lá, o selo foi quebrado e agora esse pessoal tá livre pra aterrorizar tudo por aí de novo. Essa história é explorada e a gente fica sabendo quem diabos o Bojack é além de um vilão de filme de Dragon Ball? Mas é claro que não, oras! Acho que o meu maior problema com esse filme é os vilões dele mesmo, eles são bem vazios apesar do filme tentar dar alguma substância a eles, e apesar do torneiozinho ali ter proporcionado uns bons momentos de personagem, ele realmente não tem muita relevância pra história desse filme e ocupa tempo que poderia ser gasto explorando mais essa história dos Senhores Kaio e do Bojack. Tá vendo por que eu reclamo de filmes de Dragon Ball Z que tentam morder mais do que conseguem mastigar e contar histórias que com um tempo de 40 pra 50 minutos parecem cruas e pouco desenvolvidas? Pois é...

Mas ok, do jeito que eu falei, até parece que eu não gosto desse filme, mas não é bem assim. A história podia ter sido melhor? Absolutamente, mas é bom ver o Gohan sendo o herói de um filme dessa série, principalmente essa versão da Saga do Cell dele que é de longe o ápice do personagem, e os outros personagens têm seus momentos também... Apesar de no fim das contas perderem as lutas conta os vilões secundários que eles enfrentam e o Gohan simplesmente solar todo mundo depois de ser salvo pelo Goku Ex Machina e transformar em Super Saiyajin 2. Quer dizer... O Trunks derrota aquele Crono versão alienígena sozinho, mas é o único também, por algum motivo ele não é forte o suficiente pra derrotar os outros membros da gangue do Bojack e nem o Vegeta e os outros personagens são. No geral, esse é um filme ok, potencial desperdiçado e tudo, mas tem uma quantidade considerável de momentos bons.


4- O Retorno dos Androides

Esse é provavelmente o filme com a história mais simples dos que tão aqui: Dr. Gero foi morto pelos seus próprios androides, mas ele de alguma forma conseguiu colocar a própria consciência em um computador avançado e criou outros androides: 13, 14 e 15, e esses também foram criados com a intenção de matar o Goku. Eles lutam contra o Goku e os outros e o Androide 13, sendo o mais avançado do trio, absorve os outros dois pra ganhar uma nova forma.

Isso não é exatamente uma crítica, no entanto, pra um filme de cerca de 40 pra 50 minutos de duração (média dos filmes daqui) é até bom que não escrevam uma história complexa demais que nunca vai ser totalmente explorada como no primeiro filme do Broly... E nem tentem fazer algo simples parecer mais complexo do que realmente é, como fizeram no filme do Dr. Wheelo. Então sim, eu gosto de como esse filme sabe bem o que ele quer ser e faz isso muito bem: As lutas são memoráveis, diferente da maioria dos outros filmes, nesse aqui não é o Goku quem derrota literalmente todos os antagonistas dessa merda! Sim, diabos! O Trunks e o Vegeta destroem os Androides 14 e 15, e o 13 precisa mudar de forma pra poder peitar todos os Saiyajins juntos, é disso que eu tô falando!

Ok, eu sei... Os designs desses Androides são horríveis. Quer dizer, o 14 até que vai, mas o 15 parece um anão africano com roupa de circo, e o 13 parece um caminhoneiro caipira que escuta Jorge e Mateus e decorou as letras de todas as músicas deles... A segunda forma dele é um pouco melhor, no entanto. Mas tá, tirando isso, esse é um bom filme, apesar de ter saído antes do filme do Broly, eu sinto que é uma versão bem melhor dele, mantendo a qualidade das cenas de ação com o 13 limpando o chão com todo mundo brutalmente depois de se transformar, com direito até a meter um socão no saco do Goku... O que definitivamente confirma que esse filme não é canon, porque o Goten nem ao menos existiria se fosse. Tornaram a história simples e direta também... E o vilão principal é tão genérico e raso quanto o Broly, mas ok.


3- Dragon Ball Super: Broly

Bem, agora Dragon Ball Super existe! Mas é só pra eu poder falar sobre esse filme aqui mesmo, depois Dragon Ball Super pode voltar a não existir.

Então, eu sempre reclamei que o Broly é um personagem que mal se qualifica como personagem e que tem uma motivação inacreditavelmente estúpida, né? Mas não é como se não existisse possibilidade de ele ser um bom personagem, a ideia de um Lendário Super Saiyajin é muito boa, e parece que o Toriyama também achava isso, porque ele resolveu escrever a sua própria versão do Broly pra esse filme de Dragon Ball Super aqui e... Uau, é como se ele tivesse escutado todas as minhas reclamações sobre o personagem ao longo dos anos e trabalhado pra melhorar cada um desses aspectos fracos dele! Esse Broly é tão melhor do que o original que chega até a ser covardia comparar os dois.

O filme mostra mais detalhes sobre o passado dos Saiyajins, como o Freeza chegou até o planeta Vegeta e os transformou em servos dele, o que a família do Goku, o Rei Vegeta e o Paragus faziam durante aquele tempo e os eventos que ocorreram antes do planeta acabar sendo explodido pelo Freeza. Isso significa que aquele ótimo especial do Bardock não é mais canon, mas tudo bem... É um preço a se pagar pela história mais detalhada dos Saiyajins... Então vemos como Goku, Vegeta e Broly ainda crianças sobreviveram à destruição do seu planeta natal e como o destino acaba fazendo esses três se encontrarem novamente.

O Broly é um personagem bem mais simpatizável aqui, o passado dele é diferente e não tem aquela idiotice de odiar o Goku porque ele chorou muito quando os dois eram bebês e ficavam do lado um do outro, ao invés disso ele tem rancor contra o Vegeta pelo pai dele ter feito a merda que ele fez com ele e o Paragus... O que faz muito mais sentido! E não, o Broly não mudou de "KAKAROTTOOOO!!!" pra "VEGETAAAAAA!!!" aqui, ele tem personalidade, ele respeita o Paragus como pai apesar de talvez estar só sendo usado como arma por ele, ele fez amizade com a Cheelai e o Lemo e até protege eles de uns soldados cuzões do Freeza que tavam enchendo o saco, ele não gosta realmente de lutar e só o faz quando necessário, e desenvolve uma rivalidade meio amigável com o Goku. O Broly é uma boa pessoa, só acabou sendo usado por gente mal intencionada como Paragus e Freeza que queriam tirar vantagem do poder imenso que ele tem desde nascença... O que torna a decisão do Goku e do Vegeta de tentar matar ele depois de se fundirem e o Gogeta dominar o cara sem o menor sentido, acho que essa é a parte mais zoada desse filme. Quer dizer que o Freeza que é um imperador espacial maligno que escraviza planetas e comete genocídios quando tá de mau humor pode viver, mas o Broly que é só uma vítima de gente filha da puta não? O que diabos, caras?

Deixando essa esquisitice lado... Esse é um bom filme também, inclusive é o mais bonito que Dragon Ball já foi em qualquer animação. Sério, me fez até querer um remake do começo da série até a saga do Majin Buu nesse estilo, ia preferir mil vezes mais isso do que essas sequências. E quanto as cenas de ação? Puts... Eu não sei nem como descrever elas de tão incríveis, vou apenas deixar a luta do Broly contra o Vegeta linkada aqui porque é a primeira luta do filme e estabelece muito bem o padrão pro resto das lutas seguirem. Se ação é o que você mais valoriza em Dragon Ball, é provável até que esse acabe sendo o seu filme favorito, nenhum outro supera quando se trata disso. A melhor parte é que você nem precisa assistir Dragon Ball Super pra entender esse filme, então aproveite!


2- O Ataque do Dragão

Esse quase foi o meu filme de Dragon Ball Z favorito... Quase! Ele chegou muito perto de ser, mas acabou dando uma fraquejada bem grande no final e isso rendeu a ele a posição de vice mesmo. O ritmo é ok pra um filme de 50 minutos, mas ele é outro filme que se beneficiaria tendo uma duração mais longa, talvez se fosse uns 90 pra 100 minutos, que foi a duração de Dragon Ball Super: Broly. Felizmente, esse aqui não é um filme que não chega nem perto de alcançar o potencial que tinha por causa da duração, como foi o do Bojack, e ele merece créditos por ser um filme com uma história completamente única e original, sem parecer inspirado em nenhuma saga do anime ou do mangá em particular.

Goku e os seus amigos acabam encontrando um velho que mostra a eles uma espécie de caixa selada e diz que uma nova ameaça vai acabar destruindo o mundo todo a menos que abram essa caixa. Eles acabam indo atrás das Esferas do Dragão só pra isso, já que ninguém, nem mesmo o Goku consegue abrir essa caixa, e é bem divertido assistir eles indo atrás das esferas. Depois dessa tarefa realizada, quem sai da caixa é um sujeito misterioso chamado Tapion, que ficou puto por terem tirado ele dessa caixa, pois dentro dele se encontra uma metade de um monstro chamado Hirudegarn, e então ele se isola de todo mundo, mas o Trunks realmente gostou do Tapion e resolveu ir atrás apesar de ele não querer. Então a outra metade do Hirudegarn já tá solta e fazendo merda por aí, os nossos heróis lutam contra ele e não conseguem fazer muita coisa, mas então o Tapion salva o dia por enquanto tocando a sua ocarina e fazendo o monstro desaparecer, e partindo dessa premissa o filme se desenrola e explica a história por trás do Hirudegarn, do Tapion e do velho que fez eles tirarem Tapion da caixa.

Um dos motivos de eu dizer que esse filme podia ser mais longo é por ele contar todo o background mais através de exposição e não entrar muito em detalhes, só o necessário pra gente ter uma ideia de quem o Tapion é e qual a relação dele com o Hirudegarn e os aliens que o despertaram antes. Eu fiquei interessado nisso e queria ver mais coisa, mas eh... Pelo menos a relação do Tapion com o Trunks é excelente e se desenvolve com naturalidade, ele chega a representar uma espécie de irmão mais velho que o garoto nunca realmente teve e isso poderia culminar em um momento emocional no fim... Poderia. Quando nenhum dos personagens consegue derrotar o Hirudegarn, agora completo, Tapion resolve selar o monstro inteiro dentro do seu corpo, o que obviamente não vai durar muito tempo, mas se ele for morto com o Hirudegarn dentro dele, então o Hirudegarn também morre, ele pede ao Trunks que faça isso e... O Trunks não faz, daí o Hirudegarn sai de novo e agora quem derrota ele é o Goku Super Saiyajin 3 usando o Ataque do Dragão.

Foi exatamente nesse ponto que esse filme perdeu a posição de primeiro lugar nessa lista... Ele tava construindo uma coisa tão bonita e impactante com o Trunks e o Tapion, pra desperdiçar toda a narrativa dele num final rushado onde o Goku sola o Hirudegarn porque tiraram do cu algo como emoções intensas enfraquecerem ele ou algo assim. Eu fiquei tão decepcionado com isso quando vi esse filme pela primeira vez que eu até cheguei a não gostar dele, esse final é tão rushado e anti-climático que não dá pra engolir. Hoje em dia eu tenho apreciação por esse filme, especialmente por ele ser único entre o resto aqui, mas o gosto amargo que o final dele deixou nunca vai sair.


1- O Renascimento da Fusão

Se for pra eu resumir O Renascimento da Fusão em uma única palavra, essa palavra seria: Diversão.

Esse é um filme ridiculamente divertido de assistir, e dá pra perceber que o pessoal da Toei também se divertiu bastante fazendo ele. O orçamento foi maior do que o de qualquer filme que saiu antes e claramente os caras se inspiraram na saga do Majin Buu pra fazer o roteiro, que é bem mais descontraído e leve em comparação com o da maioria dos outros filmes, e o vilão, Janemba, que na sua primeira forma lembra bastante o Majin Buu gordo e na segunda o Kid Buu. Mas não, eu não considero o Janemba exatamente um Majin Buu piorado que nem o Cooler é um Freeza piorado, o que acontece é que, diferente do Majin Buu, o Janemba não chega a ter desenvolvimento de personagem e nem nada assim, mas ele não deve em nada pro Buu gordo em matéria de ser imprevisível e ter um certo charme na maneira infantil como ele se porta. A segunda forma do Janemba é... Só um monstro mau mudo que nem o Kid Buu foi, nada demais.

A história coloca os personagens da série tendo que enfrentar mortos-vivos que incluem vilões passados como Freeza, até... O Hitler. Sim, sério, o Hitler tá nesse filme! Tudo isso porque um dos funcionários do Enma Daioh que ficou a cargo de supervisionar a máquina que limpa as almas dos mortos e armazena a energia maligna delas, deu um descuido e acabou fazendo a máquina explodir, absorvendo toda a energia negativa dela e se transformando no Janemba e adquirindo poderes até mesmo sobre as leis do mundo dos mortos, o que faz com que essa galera toda aí volte à vida e vá parar no mundo dos vivos. O Janemba consegue ser um vilão perigoso apesar de infantiloide e desastrado, o Goku precisa se transformar em Super Saiyajin 3 pra poder derrotar a primeira forma dele, enquanto na segunda ele se fode mesmo com a ajuda do Vegeta que brota ali depois. Então os dois se fundem, a princípio dá errado e resulta em uma "luta" hilária do Gogeta gordo contra o Janemba, e aí no finalzinho a fusão dá certo... E o Gogeta fica na tela por alguns segundos enquanto ele derrota o Janemba facilmente. É... Isso foi meio decepcionante, mas fazer o que.

De resto, esse filme tem tudo o que me agrada em Dragon Ball: Lutas emocionantes, momentos de personagens que transbordam carisma, e humor criativo, se não um pouco controverso por causa do Hitler aí. Não tenho muito do que reclamar com exceção da breve participação do Gogeta aos 45 minutos do segundo tempo, esse filme é consistentemente divertido, bem escrito e bem animado do começo ao fim. Definitivamente meu filme de Dragon Ball Z favorito.


Bem, essa lista pode até fazer parecer que tem um monte de filme bom aí, mas na real... Eu só consideraria os quatro primeiros colocados daí como algo bem acima da média mesmo. Os outros... Variam de ok pra ruim, mas com exceção dos três últimos colocados, eu consegui me entreter com esses filmes apesar da maioria deles deixar a desejar, eles são aceitáveis se você tiver muito entediado num fim de semana chuvoso e quiser algum passatempo rápido sem muito compromisso pra distrair a mente e esquecer do quanto a sua vida é medíocre e desinteressante.

Não que essa tenha sido a motivação de eu ter pego os filmes pra assistir... De forma alguma, eu apenas quis mesmo!

De qualquer forma, é isso aí. Você acha que a minha lista tá certa? Tá errada? Tá mais ou menos certa ou errada? Basta apenas dizer o que você acha e qual seria a sua lista aí, se é que você assistiu a todos esses filmes, mas se não tiver visto todos, pode ser só os que cê assistiu mesmo. Faça qualquer coisa que te deixar feliz, ok? Pois é, tchau.

 
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