sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Review - Sword Art Online


Existe alguma série mais fácil de odiar na internet do que Sword Art Online?

Não, sério, eu acho que não existe, pelo menos não atualmente. Tem tantas pessoas que falam mal de Sword Art Online na internet, tantos textos de blogs, reviews do Youtube por diversas "celebridades" de anime diferentes, tudo isso literalmente dissecando Sword Art Online, falando de tudo o que há de errado com essa série aos mínimos detalhes e de como o Reki Kawahara devia ser condenado à guilhotina por ter criado uma aberração tão asquerosa quanto essa... Você praticamente nem precisa assistir a porra do anime pra odiar ele! Os caras já contam tudo o que acontece na história e todos os erros, daí pra ser um dos garotos legais da comunidade de animes, basta apenas repetir o que essa galera aí diz que você logo será aceito como um dos "conhecedores" da arte de criticar desenho chinês da internet, é um caminho facílimo, assim como odiar qualquer coisa mainstream, especialmente aquelas que têm falhas mais óbvias, te faz parecer legalzão.

Por mais que alguns me digam que eu sou assim... Eu não sou, eu não tenho ódio de coisas mainstream. Diabos, meu anime favorito é Fullmetal Alchemist: Brotherhood, o anime que tá no topo do ranking do MAL e de várias outras listas genéricas de "melhores animes" por aí! E se isso não te convence ainda, eu também amo Dragon Ball, Code Geass, Angel Beats, Death Note, Steins;Gate... Todos esses aí são mainstream, são conhecidos e referenciados até por gente que sequer gosta de anime, e também todos esses são criticados por uma parcela considerável de pessoas das quais algumas têm pontos válidos nas suas críticas e dá pra entender o porquê delas não gostarem, e outras só odeiam o bagulho porque é mainstream, um monte de gente gosta e eles querem ser os diferentões que nadam contra a maré. E é por isso que... Eu não queria odiar Sword Art Online, muito pelo contrário, eu adoraria gostar dessa série e encarar o pessoal que odeia que nem eu faço com os outros citados aí, mas infelizmente eu não consigo...

Acho que Sword Art Online dispensa introduções, todo mundo já sabe que foi um dos animes mais bem sucedidos e influentes da década passada, por bem ou por mal, causou um impacto na indústria e fez com que ela mudasse de alguma forma, o reflexo disso agora é o fato de que toda santa temporada tem algum isekai genérico esquecível graças ao fato de que Sword Art Online popularizou o gênero. Pois bem, apesar do anime ter ficado tão insanamente popular quando saiu lá pros últimos suspiros de 2012, eu não assisti ele naquela época, já havia perdido meu interesse em animes e não tava afim de assistir mais nenhum, mas eu sabia que Sword Art Online existia porque tanto as pessoas na internet quanto os meus colegas de sala do curso de jogos digitais que eu fazia na época comentavam sobre. Mesmo assim, não me interessei, e continuei sem assistir anime nenhum até ir voltando aos poucos pra isso em 2016.

Então quando eu considerei dar uma olhada em Sword Art Online, pra minha surpresa todo mundo parecia odiar isso, e eu não queria assistir um anime que todo mundo dos meus círculos tava falando que é uma bosta, provavelmente eu não ia gostar também. Mas será que isso pode ser tão ruim assim? Eu li a sinopse e parecia legal, um anime sobre pessoas que ficam presas dentro de um video game de realidade virtual e morrer no jogo significa morrer na vida real... Video games, caras, eu gosto de video games! Um dia, a curiosidade acabou falando mais alto e eu fui assistir Sword Art Online, me preparando pra isso ser o pior anime já feito e me broxar de anime por mais 4 anos que nem Mirai Nikki fez em 2011-2012. E honestamente... Não, Sword Art Online não chegou nem perto de ser tão abismal quanto esse pessoal faz parecer, mas eu definitivamente concordo que é um anime ruim de modo geral, e eu me senti frustrado por esse anime ter sido ruim.

Ainda assim... Não, caras, não é a pior coisa do mundo. Eu posso citar pelo menos uns 10 animes que são bem piores que Sword Art Online aqui e agora. Quer ver? Lá vai: Mirai Nikki, School Days, Guilty Crown, Deadman Wonderland, Aldnoah.Zero, Blood-C, Erased, Musaigen no Phantom World, Domestic na Kanojo e Arifureta. Pronto, não-ironicamente prefiro assistir Sword Art Online do que assistir qualquer um desses aí, e tem mais de onde eles vieram! Agora que eu deixei bem claro que eu não tenho esse ódio visceral de SAO e muito menos acho que é o pior, ou sequer um dos piores animes que eu já assisti, acho que dá pra começar essa review sem os outros tendo ideia errada sobre mim. A propósito, essa é uma review especificamente do anime de Sword Art Online, eu nunca li a Light Novel que é a obra original que foi adaptada aqui, não sei como ela é e nem se ela faz as coisas melhor ou pior do que o anime, só sei que é uma novel que foi escrita e publicada na internet pela primeira vez em 2002, e depois teve a versão física lançada em 2009, continuando até hoje. Essa review também é apenas da primeira temporada do anime, eu faço reviews separadas pras outras quando tiver afim, mas por agora é só a primeira mesmo.

E aí, gamers! Oprimindo muitas minorias nesse belo dia 6 de Novembro de 2022? Que tal jogar esse novo MMORPG chamado Sword Art Online? Um game de realidade virtual com um gigantesco mundo de fantasia criado pra você explorar como nunca antes, travar batalhas épicas, se juntar com outros gamers pra xingar as jogadoras mulheres querendo farmar escravos e depois espancar não só elas, mas os próprios escravos até zerar o HP! Tudo isso é possível em Sword Art Online, essa nova experiência revolucionária que traz a imersão dos video games a um nível completamente novo. O futuro dos jogos eletrônicos está aqui, e você pode experienciá-lo agora mesmo indo na loja de jogos mais próxima da sua casa e comprando seu Sword Art Online junto com o novo console, NerveGear, um capacete que estimula os cinco sentidos do usuário e assim o permite controlar seu avatar do jogo como se fosse ele mesmo! Cortesia da Argus!

E foi isso que o nosso protagonista, Kirigaya Kazuto, um geek de 14 anos mais conhecido como Kirito, fez assim que o jogo lançou, tendo sido um dos 1000 jogadores a terem o privilégio de testar a beta fechada de Sword Art Online alguns meses antes do lançamento do título. Chegando lá, ele encontra um outro jogador chamado BallsDeep69... Digo... Klein... E após ensinar os básicos do jogo a esse noob do caralho que nem deve ser um gamer de verdade e os dois ficarem meio que amigos, Kirito descobre que não tem como dar logout no jogo. Bem, acontece que na verdade o criador do jogo, Kayaba Akihiko, tirou a opção de logout e basicamente prendeu todos os 10000 jogadores presentes ali dentro do jogo, e se eles quiserem sair e voltar às suas vidas normais, eles vão precisar passar dos 100 andares de Aincrad, o castelo enorme onde Sword Art Online se passa. A propósito, quem morrer no jogo morre na vida real, aparentemente o NerveGear vai fritar o cérebro do usuário se ele morrer no jogo ou se alguém de fora tentar tirar o aparelho da cabeça dele, ou algo assim.

Então no episódio 2 já rola um time skip de 2 meses, 2000 dos 10000 jogadores morreram e todo mundo ainda tá no primeiro andar, um outro beta tester chamado Diavel organizou um encontro com outros jogadores pra derrotar o boss do primeiro andar de Aincrad que só agora o grupo dele encontrou. Nisso, os beta testers começam a ganhar uma má fama porque aparentemente eles são um bando de trapaceiros cuzões que tiram vantagem do conhecimento extra que eles têm do jogo pra ficar mais fortes do que o resto dos jogadores e rola toda uma discussão por causa disso, mas no fim todo mundo resolve se juntar em grupos separados pra ir lutar contra o boss, e o Kirito acaba ficando junto com uma garota chamada Asuna. No dia seguinte, a galera vai lá derrotar o boss e tudo parece correr bem, até que o Diavel acaba sendo morto pelo boss porque ele agora usa uma arma diferente do que tinha na versão beta e o Kirito tentou avisar quando ele percebeu, mas já era tarde demais. O Kirito acaba derrotando o boss, o resto dos jogadores acusam ele de ser um beater... Não, não tão chamando ele de punheteiro, é uma mistura de beta tester com cheater, mas o uso desse termo ainda é hilário de qualquer forma.

Kirito então simplesmente assume esse papel de vilão que omitiu informações sobre o jogo só pra ninguém além dele derrotar o boss e ganhar a jaqueta preta que ele dá de loot como recompensa, agindo como um edgelord da internet com os caras enquanto prossegue pro próximo andar. Eu... Entendo a lógica do que ele quis fazer aqui e até gosto da ideia, todos os beta testers tavam sendo mal vistos e isso tava causando uma falta de confiança generalizada nos jogadores, então o Kirito resolveu aproveitar que esse infortúnio aconteceu pra direcionar esses maus olhares que tavam nos outros beta testers pra ele mesmo, assim todos teriam um inimigo em comum e ficariam mais unidos, aumentando as chances do jogo ser terminado. O problema é que não faz sentido culpar o Kirito pela morte do Diavel, ele claramente tentou avisar sobre a arma diferente do boss e o cara não deu ouvidos, e quando ele tava morrendo, o Kirito tentou dar a ele uma poção que ele mesmo recusou... E os outros viram aquilo acontecendo! Então por que diabos o Kirito teria culpa? Ele até podia muito bem falar que ele tentou salvar o Diavel e que os próprios caras que acusam ele agora viram isso claramente, mas ele não o faz porque... Tem que ter algum drama nisso, eu acho.

Acho que é mais fácil falar sobre o que eu gostei nesses dois primeiros episódios de Sword Art Online antes de sair falando dos defeitos. O episódio 1 introduz as coisas muito bem, a gente é apresentado ao Kirito, vemos que ele vive com a mãe e a irmã e aparenta não ser lá uma pessoa muito sociável pelo modo como ele já foi entrando no jogo e indo jogar sozinho, só parando pra ensinar o Klein a jogar depois que ele insistiu um bocado, e nisso as mecânicas básicas do jogo também são bem explicadas. O Kirito menciona que ele se sente mais vivo no mundo do jogo do que no real, o que reforça a ideia de que ele não é muito sociável, diferente do Klein que até tinha um encontro marcado com uma galera dentro do jogo e tentou chamar o Kirito pra ir junto, mas acabou sendo recusado. Os dois personagens foram bem caracterizados e o anime conseguiu fazer os dois parecerem gostáveis e relacionáveis da sua própria forma.

A revelação do Kayaba sobre Sword Art Online ser um jogo da morte, com os avatares das pessoas se desfazendo e se tornando réplicas dos seus corpos reais e tudo foi bem legal também, inclusive essa parte tem um momento onde dois caras após terem os corpos reais revelados falam um pro outro "Você é um homem!" "E você não tem 17 anos!" e isso foi hilário, sem brincadeira, foi uma das melhores cenas do anime inteiro. O episódio 1 no geral foi bem divertido e me deixou curioso pra ver o que vem depois, foi uma ótima primeira impressão! Então vem o episódio 2 que... Não é tão bom quanto o 1, mas foi decente, ver o pessoal se juntando pra lutar contra um boss com esses termos e mecânicas de video game sendo usados num anime assim foi bacana, apesar dos meus problemas com o lance todo dos beta testers e do Kirito, a Asuna também até então parecia ser uma personagem interessante.

Agora sobre os defeitos... Por onde eu começo? Então, se acostume com time skips como esse do episódio 1 pro 2, porque Sword Art Online faz muito isso, especialmente pra justificar os pulos absurdos de nível que o Kirito ganha de um episódio pro outro, e eu honestamente acho isso um jeito bem preguiçoso de fazer a história ir saltando de um evento pro outro sem o autor precisar explicar o que aconteceu entre antes e agora. Sim, eu sei que o Kirito treinou, é óbvio, isso é um RPG, você sobe de nível matando monstros e ainda por cima o Kirito é um beta tester, então ele e mais 999 outros jogadores sabem mais do que o resto e provavelmente conhecem os atalhos pra subir de nível mais rápido. O problema é que o Kirito é praticamente o único jogador disso que fica tão OP assim, os outros beta testers, mesmo tendo tanto conhecimento quanto ele, sequer são relevantes pra história e aparentemente também tão vários níveis abaixo. Onde diabos tavam esses beta testers que supostamente tão usando os melhores lugares pra ganhar exp e subir de nível rápido pra ir lá enfrentar o boss do primeiro andar junto com o Diavel e os outros? Obviamente nenhum dos outros jogadores ali além do Kirito e do Diavel era um beta tester, caso contrário ele saberia o que fazer também.

Aliás, algo me diz que o Kawahara não sabe exatamente como beta testing funciona, porque beta testers precisam jogar o jogo todo, o propósito disso é justamente testar tudo o que tem no jogo pra se certificar que tudo funciona direito, que não haja falhas em lugar nenhum, e as que forem encontradas precisam ser reportadas pros desenvolvedores consertarem. Como diabos isso sequer é um jogo finalizado e tecnicamente estável se os beta testers nem ao menos chegaram até o fim dele? Por acaso a Argus era pra ser uma paródia da Bethesda ou algo assim? Nah, provavelmente eu só tô dando crédito demais pra esse anime pensando isso. Aliás, alguém pode me explicar como diabos os desenvolvedores de Sword Art Online concordaram em fazer esse jogo do jeito que ele é? Ninguém dessa empresa estranhou quando o Kayaba sugeriu que fizessem uma função pro NerveGear que matasse os usuários dele? Por que nenhum dos desenvolvedores desse jogo tomou alguma atitude sobre essa situação toda? Todos eles tavam de acordo com esse plano do Kayaba? Se sim, por que? O que picas eles têm a ganhar com isso?

Existem alguns defeitos menores que valem pro anime todo, como as inconsistências no modo como o NerveGear funciona, porque aparentemente você não sente dor, mas sente frio, sente o gosto das comidas virtuais ali, sente até prazer transando dentro do jogo... É... Pelo visto os caras programaram orgasmo em Sword Art Online, me pergunto como diabos os beta testers testaram essa função. Mas eu não ligo muito pra isso, isso é um anime sci-fi, eu consigo suspender minha descrença ao ponto de acreditar que o NerveGear é avançado o suficiente pra bloquear certos sinais do sistema nervoso e manter outros. Algumas reviews que eu vi por aí também falaram sobre como Sword Art Online não funcionaria como um jogo oficialmente lançado pras massas jogarem porque os bosses dos andares não respawnam depois dos andares, skills exclusivas apenas pra um jogador, etc. Isso seria um ponto válido... Se Sword Art Online fosse um jogo lançado pras massas jogarem, mas não é, isso foi apenas o marketing que fizeram, o plano do Kayaba era prender aquele bando de nerds fedidos no jogo dele pra que ele possa ser o deus do seu próprio mundo ou alguma merda do tipo. Seguindo essa narrativa de que ele quer ser um deus, ou um vilão, e lutar contra algum herói que seja capaz de derrotá-lo e sair do jogo no fim, esse design faz sentido.

Honestamente, eu nem quero ficar entrando em detalhes demais sobre o jogo em si porque esse anime não é exatamente sobre o jogo, mas sim sobre as pessoas que tão nesse jogo e as relações que elas formam dentro dele, assim como o modo como elas se adaptam a essa situação toda. O jogo é apenas uma gimmick, eu não exijo que ele seja 100% precisamente igual a um MMORPG do mundo real... O meu problema é com a história que envolve esse jogo dentro do universo do anime, essas coisas sem sentido que ficam sem explicação e poderiam até ser parte do mistério da trama que ia sendo resolvido aos poucos se o autor tivesse pensado mais nisso, mas ele não pensou. Isso e os time skips constantes são os maiores problemas com o arco de Aincrad, não tem muito senso de conexão de um episódio pro outro, e em alguns desses episódios a história se move em um ritmo rápido demais pra eu me importar com as coisas que ela quer que eu me importe.

Por exemplo... Lembra de quando no final do episódio 2 o Kirito fez toda aquela atuação de anti-herói solitário que trabalha sozinho e até desfez o grupo dele com a Asuna? Pois então, no episódio 3 já tem outro time skip e o Kirito de repente tá ali numa guilda chamada Moonlit Black Cats e se tornou amigo dessa galera! Mas hein? A gente mal viu o cara jogando sozinho e ele aparentemente conheceu/ajudou essa galera em offscreen, inclusive ele já tá no nível 40 nesse episódio e mente pra eles que tá no 20... Por algum motivo. Detalhe que ele também comenta que jogadores solo como ele atacam inimigos isolados e que isso não é uma maneira muito eficiente de subir de nível... O que só me deixa mais curioso pra saber como diabos ele é consistentemente o jogador com o nível mais alto da história se o método que ele aparentemente usa é ineficiente! Sério, o que esse cara faz? Aparentemente já tem vários andares liberados como resultado do time skip, mas por algum motivo ele fica brincando por aí nos andares mais baixos e de alguma forma consegue chegar a níveis absurdos assim. O anime vai explicar isso alguma hora? Mas é claro que não!

Ok, então nesse episódio a gente vê mais ou menos o Kirito ficando amigo desses caras, mas nenhum deles tem muito foco com exceção de uma garota chamada Sachi, que morre de medo de lutar e morrer, e mesmo assim os caras mantêm ela na guilda e levam ela pras quests. Numa certa noite, o Kirito encontra a Sachi por aí e ela continua com medo, então eu te pergunto: O que exatamente o gênio Kirito com toda a sua sabedoria faz?

a) Convencer a Sachi a sair dos Black Cats e tentar viver a vida dela em paz na cidade até alguém conseguir derrotar o último boss, já que as cidades são tratadas pelo jogo como locais seguros onde nenhum perigo alcança e ninguém pode morrer.

b) Encorajar a Sachi a ir lá lutar, mesmo a garota se cagando de medo de morrer.

Se você escolheu a opção B... Meus parabéns, você acertou! E o fato de que o Kirito mentiu sobre o nível dele pros caras enquanto eles foram pegando quests fez com que eles ficarem confiantes o suficiente pra entrar numa dungeon perigosa bem acima do nível deles... Com a Sachi junto... Você imagina que essa seria uma boa hora pra falar "Peraí, pessoal, olha, eu tava mentindo e eu tô num nível bem acima do de vocês, é melhor não fazer isso se não cês vão morrer", mas não, esse imbecil do caralho não fala nada! Pra surpresa de ninguém, todo mundo morre, inclusive a Sachi, e o Kirito é o único sobrevivente. Nosso herói, pessoal!

Depois desse desastre todo com os Black Cats, Kirito tenta consertar o seu erro indo lá pro 35º andar atrás de um item que pode reviver outro jogador, porém outras guildas também estão atrás desse item e já se reuniram pra derrotar o boss que dá ele. Felizmente, o Klein aparece com a guilda que ele montou com o passar do tempo e luta com os caras enquanto o Kirito vai lá derrotar o boss, no fim das contas não adiantou muita coisa porque o item de reviver só funciona quando é com um jogador que tá morto há até 10 segundos, então ele dá o item pro Klein e se manda pra casa onde ele vai ter uma crise emo por causa da própria burrice que causou a morte dos Black Cats. Lá ele acaba encontrando uma mensagem que a Sachi gravou antes dessa merda toda dizendo pra ele não se culpar pela morte dela e e tal... Exceto que a morte dela foi totalmente culpa dele sim, porra! Ele podia ter evitado literalmente tudo de ruim que aconteceu nesse episódio se tivesse sido honesto com os caras, tenho certeza que eles não se importariam em saber disso logo de cara, considerando que todos eles eram bem amigáveis com o Kirito.

Foi a partir do episódio 3 que eu comecei a pensar "Hmm... Ok, talvez esse anime seja uma merda... Talvez...", porque vendo o 1 e o 2 eu tava gostando. Apesar disso eu me enganei, Sword Art Online não fica um lixo completo desse episódio em diante, eu diria até que dá uma melhorada por um tempo, mas Jesus, esse episódio foi ruim... E poderia não ter sido. Eu gosto da ideia desse episódio: O protagonista comete um erro que acaba custando a vida de uma ou mais pessoas que eram importantes pra ele, deixando ele com um sentimento de culpa no fim. Isso mostra que o personagem tem falhas, ele comete erros e na teoria aprenderia com eles na medida em que a história progride e ele se desenvolve. Então sim, eu entendo pelo menos a intenção por trás disso, e por mais que essa tragédia que houve com os Black Cats tenha sido mais forçada que a minha quinta punheta da madrugada, ainda dá pra ver algum potencial ali.

Só que o Kirito não aprende porra nenhuma com isso e nem cresce de maneira alguma também. Ou pelo menos o anime não faz parecer que sim, porque depois desse episódio já tem outro time skip e outra história sem conexão alguma com o anterior, com o Kirito aparentemente ficando de boa e ajudando a loli desse anime aí a ressuscitar o dragãozinho morto dela... Porra, Kawahara! Ou A-1 Pictures... Ou seja lá quem for o culpado por isso! Você faz um episódio inteiro focado num evento trágico que afetou o protagonista da sua história emocionalmente, e faz ele superar isso em offscreen? Mas o que caralhos, velho? Por que? Vocês são alérgicos a escrever personagens lidando com as consequências dos seus atos ou algo assim? E não é como se isso fosse um evento que assombra o Kirito apesar dos time skips, como se isso ainda ficasse na mente dele por uma boa parte do tempo ou algo assim, ele sequer menciona a Sachi ou os Black Cats por todo o resto do anime.

O único efeito disso que a gente vê mais ou menos é o Kirito continuando a ser um jogador "solo" e supostamente ficando mais distante dos outros, mesmo que em 90% dos episódios desse arco ele esteja sempre acompanhado de alguém, normalmente alguma garota que ele para pra ajudar e que depois se apaixona ou fica atraída por ele de alguma forma, ou a Asuna depois de reencontrá-la. Se o Kirito realmente tem um arco de personagem nessa história no qual ele começa tendo receio de se aproximar das pessoas, especialmente depois do que aconteceu com a Sachi e os Black Cats, e aos poucos vai aprendendo a confiar mais nos outros e em si mesmo através das histórias que ele presencia dentro desse mundo e a relação dele com a Asuna... O anime comunicou isso mal pra caralho, a impressão que ficou é que o Kirito muda de personalidade de um episódio pro outro de acordo com o que for mais conveniente pra história andar no momento. Provavelmente é por causa dos time skips... Sério, o maior problema com esse arco é a porra dos time skips.

Não, eu não acho time skips uma coisa automaticamente ruim, mas acontece que no caso desse anime aqui eles não têm propósito nenhum fora o de dar ao autor uma desculpa pra não ter que explicar o Kirito sendo o jogador mais OP do bagulho o tempo todo, impedir que o anime dure mais de 100 episódios explorando todos os 100 andares de Aincrad, o que é compreensível e nem eu ia querer isso... Mas o provável maior motivo pra esses time skips é o fato de que Sword Art Online originalmente foi uma história escrita por um amador no começo dos anos 2000 pra uma competição de escritores amadores, e havia um limite de páginas nessa competição. E mesmo com esses time skips, a história aparentemente ainda passou do limite de páginas permitido e ele ao invés disso a publicou na internet mesmo. Entende agora o porquê de certos aspectos do roteiro do arco de Aincrad parecerem amadores? Pois é, é porque a história foi literalmente escrita por um amador, e a A-1 Pictures ao invés de aproveitar a oportunidade pra consertar esses problemas e melhorar Sword Art Online na sua adaptação, resolveu só pegar o negócio com os problemas e tudo, misturar com as histórias secundárias lançadas no segundo livro e foda-se.

O Kawahara sabe tanto de como esses time skips prejudicaram a história original dele que ele tá escrevendo uma nova versão desse arco chamado Sword Art Online: Progressive, e a ideia desse remake aí é explorar cada um dos andares de Aincrad sem time skips e nem nada. Existe uma adaptação em mangá do Progressive, eu li essa adaptação e honestamente gostei, obviamente o mangá não cobre tudo porque nem a novel terminou ainda, mas até onde o mangá foi eu realmente gostei e espero que o Progressive ganhe um anime algum dia desses aí. Quer dizer, eu não acho que seja necessário que cada andar seja explorado em detalhes, por mim tava ok usar time skips desde que eles sejam bem posicionados na história, mas tanto faz, não sou totalmente contra explorar cada um dos andares também, por mais que isso acabe resultando numa história muito mais longa.

De qualquer maneira, depois do episódio 3, Sword Art Online vira uma série de histórias separadas dentro do mundo do jogo, a única ligação que essas histórias têm uma com a outra é que elas se passam dentro desse mundo e o Kirito tá presente em todas elas, não dão muita atenção ao plot de chegar ao fim do jogo. Pra ser honesto, essa é provavelmente a minha parte favorita do anime... Sim, é ridículo o fato de que o Kirito ajuda umas garotas que se apaixonam por ele logo depois só porque ele ajudou elas, isso parece o tipo de coisa que eu me imaginaria fazendo nos meus 12 anos de idade baseado na minha idealização do que uma garota faria caso eu ajudasse ela com alguma coisa. Diabos, eu já segurei uma garota aleatória que ia atravessar a rua mexendo no celular sem perceber que o sinal tava aberto, e ela simplesmente me agradeceu e a gente foi cada um pro seu lado depois de atravessar a rua. Eu literalmente salvei a vida dela! Por que ela não se apaixonou? Sword Art Online mentiu pra mim!!!

Mas quer saber? Tirando esse retardamento todo com o harém do Kirito e tal... Eu meio que gosto da maioria das histórias separadas que esses episódios do 4 ao 12 contam. Sim, elas são inconsequentes pro plot principal, mas foda-se, o plot principal já é cheio de problemas e tem uma conclusão horrível quanto a história volta pra ele nos episódios 13 e 14. Pelo menos o Kirito (e a Asuna depois que eles se reencontram) se aventurando por aí em Aincrad é divertido de assistir, apesar do Kirito ser tão OP remover a tensão de 90% das cenas de ação. A história lá onde o anime vira CSI Online deles investigando uns assassinatos misteriosos que ocorreram numa cidade foi interessante, o Kirito indo atrás de um dragão pra matar e pegar o mineral que ele dropa pra Lizbeth (uma ferreira que também é uma das garotas do harém dele) forjar uma espada nova através dele foi um episódio de aventura legalzinho... Enfim, não é nada incrível essa parte meio slice of life/aventura do anime, mas é o ponto dele que eu mais me diverti assistindo.

O que ajuda isso é que Aincrad é um mundo de fantasia legal, os andares que o anime mostra são bem distintos um do outro ao mesmo tempo que ainda assim parecem todos parte do mesmo universo, e como estamos falando da A-1 Pictures que sempre foi um estúdio ótimo com visuais e produção, esse aqui sendo um dos animes mais bonitos e consistentemente bem animados que eles fizeram, acaba capturando bem a sensação de estar se aventurando num JRPG com vários locais únicos a serem desbravados. Agora eu vou fazer uma afirmação meio controversa aqui, provavelmente a maioria de vocês que estiverem lendo esse texto aqui e agora vão arregalar os olhos assim que a informação processar, então lá vai:

Eu gosto da Asuna, e até um pouco do relacionamento dela com o Kirito.

... Bem, eu avisei que era uma opinião controversa.

Primeiramente, eu gosto da Asuna porque ela é uma personagem feminina bem forte... Não, eu não tô tentando dar uma de feministo aqui, é só que eu gosto de personagens femininas, em especial interesses amorosos, que não são completamente dependentes do protagonista pra tudo. A Asuna a princípio parecia ter muita pressa de sair desse jogo logo porque aparentemente ela tinha assuntos importantes a resolver no mundo real e isso tava deixando ela ansiosa e estressada o tempo todo, e depois de interagir com o Kirito ela foi tentando ficar mais calma e aprender a viver nesse mundo, e dá pra ver uma mudança dela no começo do anime pra mais ou menos metade, ela parece bem mais tranquila e receptiva com os outros. Apesar do anime focar quase exclusivamente no Kirito, é perceptível a progressão que a Asuna tem, de uma garota ansiosa e distante lá no começo ela com o tempo acaba se tornando vice-líder de uma guilda chamada Knights of the Blood Oath, se mostra capaz de lutar sozinha. Não que a parte de ser capaz de lutar já não tenha sido mostrada antes, mas a atitude dela no geral tá diferente.

O romance do Kirito com a Asuna têm essa fundação, os dois se distanciavam dos outros por seus próprios motivos, então de certa maneira eles se entendiam bem, a relação deles é construída de um jeito bem natural e plausível com o tempo que eles passam juntos na história, isso resulta em alguns dos poucos momentos desse anime onde o Kirito demonstra mais lados da personalidade (ou falta de tal) dele do que só ser o cara bonzinho que quer ajudar os outros ou o emo depressivo que quer ficar sozinho. Uma das coisas que eu queria nesse anime é ver mais da Asuna, saber mais sobre o background dela, ver as coisas que ela andou fazendo depois de separar do Kirito no episódio 2 até eles se reencontrarem e tal, e isso é uma coisa que o Progressive faz, inclusive, pelo menos no mangá a Asuna é a protagonista e o Kirito é mais secundário, e a história fica bem melhor assim, além do próprio Kirito ser um personagem mais legal lá também. Sério, se você quer uma versão boa de Sword Art Online, tem duas alternativas: Progressive e Abridged.

De qualquer forma, essa relação do Kirito com a Asuna não é sem defeitos também. Depois que os dois passam um tempo juntos, a Asuna vai tendo cada vez menos papel importante nas lutas, porque o anime ainda tá mais preocupado em mostrar o Kirito sendo OP e tal... A última vez que a gente vê a Asuna fazendo alguma coisa significativa é quando ela salva o Kirito daquele antagonista stalker genérico da guilda dela, que depois se revela membro de uma guilda edgy que mata jogadores por diversão chamada Laughing Coffin. Primeiro que todo o conflito com esse cara é ridículo, a Asuna é a vice-líder da guilda dele e uma jogadora de nível bem mais alto, ela podia muito bem ordenar ele a parar de encher o saco desde o começo ou então descer a porrada no cara ali mesmo, mas por algum motivo ela precisa do Kirito derrotar esse cara numa luta pra ele parar de encher ela por um tempo. Aí depois esse mesmo cara atrai o Kirito pra uma armadilha lá, deixa ele paralisado e vai torturando ele até o HP quase zerar, nesse momento a Asuna chega lá e desce a porrada no cara. Isso devia ser o momento dela, mas no fim ela fica sem coragem de matar o cara... E aí o Kirito de alguma forma consegue dar o golpe final, sabe-se lá como diabos ele se desparalizou.

Acho que essa seria uma boa hora pra falar que eu gosto de alguns personagens secundários desse anime também, em especial o Klein e o Agil, que era um dos caras do primeiro episódio que defendeu os beta testers do ódio injusto dos outros jogadores. Uma das coisas legais sobre esses episódios era ver como esses caras andavam do começo do anime pra cá: O Klein conseguiu montar a guilda dele, liderando e protegendo os caras até todos eles se tornarem jogadores bons o suficiente pra lutar nas linhas de frente e ajudar a terminar o jogo, e o Agil deu um jeito de abrir uma loja em uma cidade ao mesmo tempo que ele também andou treinando pra lutar nas linhas de frente. Cês sabem que eu gosto quando uma história mostra os outros personagens progredindo ao mesmo tempo que os principais, Sword Art Online faz isso, apesar de todos os problemas que o anime tem. Vou dar crédito onde é merecido, oras!

Dito isso, um pouco antes da reta final desse arco, o Kirito e a Asuna se casam e passam a viver juntos, eles até chegam a transar e tal. Então, uma hora eles acabam encontrando uma garotinha chamada Yui, que parecia perdida e depois de um tempo passa a tratar os dois como seus próprios pais, e depois de muitas confusões aprontadas pela nossa família do barulho, é revelado que na verdade a Yui é uma inteligência artifical do próprio jogo criada pra ajudar os jogadores a ficarem com um estado psicológico bom. Por algum motivo, a Yui ficou impedida de interferir no jogo e ajudar os jogadores, então ela ficou deprimida vendo todo mundo sofrer, mas então quando ela viu que o Kirito e a Asuna eram felizes ali, ela quis interagir com eles. Só que como ela interferiu no jogo, ela vai ser deletada... Exceto que o Kirito usou o console da GM pra impedir que ela suma totalmente, transformando ela num item pra ser usado depois ou algo assim. Não tenho nada contra a Yui como personagem, mas não entendi qual foi o propósito dela no fim das contas... O que o Kayaba queria? Pra que ele programou essa IA no jogo se ele não vai fazer nada com ela? Sei lá... Apenas mais uma das várias coisas sem sentido que nunca são explicadas em Sword Art Online...

Aliás, foda-se, vamo falar do Kayaba aqui. A última parte do arco de Aincrad se consiste em todo mundo se juntando pra derrotar o boss do 75º andar, e depois de uma luta até bem legal contra esse boss, acontece a grande revelação de que o líder dos Knights of the Blood Oath, Heathcliff, era na verdade ninguém menos do que o Kayaba Akihiko esse tempo todo! Woooow, que reviravolta! Pois bem, o Kayaba é o boss do 100º andar, o que significa que derrotando ele, todo mundo tá livre do jogo, mas obviamente ele não deixa isso acontecer tão fácil e usa os seus poderes de adm pra paralizar todo mundo menos o Kirito, propondo um duelo contra o nosso protagonista e aceitando libertar todo mundo se ele perder. O Kirito perde a luta e tava prestes a ser morto, quando a Asuna misteriosamente conseguiu se desparalizar e entrar na frente dele, levando o ataque do Kayaba e morrendo pra proteger o Kirito... Que fica todo tristão e sem vontade de lutar, daí ele acaba sendo morto pelo Kayaba também... Exceto que não, ele por algum motivo conseguiu dar um golpe final no Kayaba mesmo com o HP zerado... E agora a Asuna tá viva também... Que? Como? Isso tudo aí foi algum bug do jogo ou algo assim? É claro que o anime não explica essa merda, o Kirito e a Asuna sobreviveram porque sim!

Então antes do jogo acabar e ser deletado, eles têm uma conversa com o próprio Kayaba e perguntam por que caralhos ele fez isso... E esse é provavelmente o momento mais estúpido desse arco: Ele diz que esqueceu. Sério, ele realmente diz isso, não tô inventando coisa. Depois ele faz um monólogo idiota pra caralho sobre como ele sempre sonhou com um castelo que flutua no céu, um mundo acima das leis ou alguma merda do tipo... O que não explica por que diabos ele prendeu um monte de gente dentro desse bagulho e colocou todas essas vidas em risco, na verdade não explica porra nenhuma sobre nada! Qual diabos era a intenção desses caras com o Kayaba? Que tipo de vilão ele era pra ser afinal? Eles acham que deixar o vilão sem uma motivação aparente e umas indicações ridiculamente vagas do que ele quer torna esse vilão profundo ou algo assim? Fala sério, vai chupar um pinto, Kawahara! Ou a culpa disso é da A-1 Pictures? Sei lá, vai todo mundo chupar um pinto então!

O pior é que o Kayaba é só um dos vários vilões horríveis de Sword Art Online... Não, sério, essa série é péssima com vilões, quase todos eles são ruins das suas próprias maneiras, a primeira vilã decente dessa merda só foi surgir no Alicization, que é o último arco que o anime tá adaptando aí ainda. Comparado com o vilão do próximo arco, o Kayaba é até aceitável, sério, o próximo arco depois do episódio 14 desse anime é tão terrível que até os fãs de Sword Art Online que eu conheço odeiam ele, acho que é a única parte desse anime que eu diria que realmente merece esse ódio todo e é bem mais do que só um anime ruinzinho.

Bem, eu tô me adiantando aqui, de qualquer forma. O arco de Aincrad termina assim então, o jogo acaba, as pessoas que sobreviveram voltam pras suas vidas normais depois de se recuperarem no hospital, já que essa galera ficou dois anos com um capacete de VR na cabeça com o corpo inativo e isso obviamente causaria problemas de saúde. O Kirito sai da sua sala do hospital e vai lá encontrar a Asuna, fim do arco!

Apesar desses defeitos, eu continuo não achando o arco de Aincrad necessariamente ruim... Não, isso não significa que eu ache ele bom, mas ele tem um certo charme, sabe? O conceito dele é bem interessante, o mundo virtual que ele apresenta é bonito e variado, alguns dos personagens são gostáveis e a mensagem sobre relacionamentos virtuais e como eles podem ser tão significativos quanto os que temos no mundo real, muitas vezes até mais, é bem relacionável pra pessoas como eu que têm mais amizades na internet mesmo. Sim, tem coisas estúpidas e sem sentido nessa história, as que eu mencionei aqui foram apenas as que me incomodaram, isso aqui tinha potencial pra ser um híbrido incrível de realidade virtual com jogo de sobrevivência, romance e mistério... Mas o anime nunca aproveitou muito desse potencial, desperdiçando boa parte disso sendo wish-fulfillment de otaco moderno estereotipado, e o resto com um plot principal que tem sérias dificuldades em fazer sentido e se desmorona na reta final. É frustrante, eu admito, dá raiva ver uma coisa que tinha tudo pra ser boa pra caralho acabar sendo medíocre assim.

Apesar disso... Meh, esse arco é no máximo divertidinho e na pior das hipóteses um pouco abaixo da média. Aquele negócio bem nota 5 mesmo, sabe? Essa é a minha opinião sobre o arco de Aincrad, nota menor que 4 é exagero e maior que 6 é inocência. Agora vamos ver a obra prima que vem depois dele, o tal do arco Fairy Dance...

Sabe como o arco de Aincrad começou bem, com uma premissa boa, uma introdução legal e depois acabou decepcionando porque a história não conseguiu aproveitar o potencial que ela mostrou no começo? Pois bem... O arco Fairy Dance não tem nem isso, ele já começa ruim e continua sendo uma bosta durante todos os 11 episódios que ele dura, sério, não tem um único episódio que eu assisti dessa merda que eu tenha gostado ou achado pelo menos aceitável. A história faz menos sentido ainda do que a do arco de Aincrad, o jogo em si é desinteressante... E é um arco maçante no geral, não dá nem pra se divertir assistindo que nem o de Aincrad, eu quase morri de tédio com esse bagulho. Pra mostrar pra vocês o absoluto nível da estupidez da história desse arco, vou resumir a premissa dele.

Kirito e a maioria dos outros jogadores voltam pras suas vidas normais, porém ainda existem 300 jogadores que tão em coma, um deles sendo ninguém menos do que a Asuna. Em uma das suas visitas à sua waifu no hospital, Kirito acaba encontrando o pai dela, que é o chefe de uma das empresas associadas a Sword Art Online, junto do pai da Asuna está um dos seus programadores principais chamado Sugou Nobuyuki. O Sugou foi escolhido pelo pai da Asuna pra se casar com a filha dele pra herdar a sua empresa, mas como a garota ainda tá em coma e obviamente recusaria o pedido de casamento, ele então foi adotado pela família, mas mesmo assim o Sugou quer se casar com a Asuna por algum motivo e ameaça o Kirito, que a princípio não pode fazer nada a respeito disso. Exceto que depois acaba sendo descoberto que a Asuna e os outros 300 jogadores estão em um MMORPG de realidade virtual novo chamado Alfheim Online, e a diferença desse pro jogo anterior é que não tem níveis, ao invés disso você melhora as suas habilidades através de repetição, também tem raças diferentes, magia e um sistema de voo, e ele é jogado em um console novo chamado AmuSphere.

A propósito, o Kirito tem uma irmã que na verdade é prima chamada Kirigaya Suguha, ela também joga Alfheim Online, por acaso ela encontra o Kirito lá e se junta com ele... Sem nenhum dos dois saberem quem eles são por trás dos seus avatares do jogo. E adivinha só...? A Suguha acaba se apaixonando pelo Kirito. Mas é claro que sim, caralho! Que personagem feminina não quer dar pro Kirito nessa merda? Aposto que o único motivo da Yui não ter acabado por se apaixonar por ele também é o fato de que provavelmente o Kawahara já tinha pensado nela como filha dele e da Asuna, e aí... Botar interesse amoroso nisso seria passar dos limites, né? Aliás, a Yui também tá nesse arco, o Kirito conseguiu dar um jeito de fazer ela brotar em Alfheim Online com a desculpa de que ele usa a mesma engine que Sword Art Online ou algo assim. Honestamente nem vale a pena falar sobre o quão ridícula é essa ideia de que um MMORPG de realidade virtual novo foi criado com um console totalmente novo em menos de 2 anos, foi permitido que lançassem isso mesmo com o incidente de Sword Art Online acontecendo e ainda por cima as pessoas simplesmente foram lá jogar depois do incidente com MMORPG virtual que matou milhares de pessoas alguns meses atrás. Até porque tem muito mais coisa errada com esse arco além de isso aí...

Esse negócio todo da Suguha com o Kirito é tão estúpido e podia ter sido feito de tantas formas melhores que toda vez que dão foco nisso eu ficava rangendo os meus dentes enquanto mal esperava a hora dessa merda ser resolvida logo... E é claro que isso não é resolvido rápido! Qual diabos é o propósito de arrastar isso da Suguha ter se apaixonado pelo Kirito no jogo sem saber que era o primo dela o tempo todo se eu, que tô assistindo a merda do negócio, já sei que ele é o primo dela e que isso não vai dar em nada? Por que ela sequer precisa se apaixonar por ele de qualquer forma? Não dava pro Kirito simplesmente explicar pra Suguha a situação dele, e então ela como jogadora experiente, resolve ajudar ele com isso e os dois apenas vão se aventurando no jogo atrás da Asuna enquanto ficam mais próximos sem esse elemento de romance? Não daria, né? Aí seria uma história sobre o Kirito se reaproximando da Suguha depois do trauma que ele teve com Sword Art Online, e no fim conseguindo voltar a ter a mesma relação que ele tinha com a sua família antes do incidente ao mesmo tempo que ele salva a Asuna, e isso claramente não funcionaria tão bem quanto mais uma garota pro harém do Kirito porque sim. Não dá pra ter uma personagem feminina nisso sem ela fazer algo que não seja querer a piroca do Kirito dentro dela, não é mesmo?

Falando em personagens femininas... Uau, o que esse arco fez com a Asuna me deixou até sem palavras a princípio, é como se o anime tivesse ouvido as minhas reclamações sobre o papel da Asuna no arco de Aincrad, falado "Ah é? Pois eu posso fazer pior!" e... Bem, dito e feito. Primeiro que essa história de donzela em perigo já é bem manjada e se você não tiver algo interessante pra fazer com ela, provavelmente o resultado vai ser medíocre na melhor das hipóteses. De alguma forma, esse arco consegue parecer que vai fazer algo interessante, pra depois acabar fazendo algo pior do que apenas seguir o clichê da donzela em perigo que não faz nada até o protagonista salvar ela. Basicamente, a maioria das cenas da Asuna nisso aqui se consistem nela sendo molestada e quase estuprada pelo Sugou dentro da gaiola lá onde ela tá presa, e na parte em que ela quase consegue escapar sozinha, ela é pega por dois monstros de tentáculos que não poderiam estar mais fora de lugar nesse negócio... Com essas cenas sendo retratadas de uma forma bizarramente erótica, como se o anime realmente esperasse que eu fosse paudurecer ou até tocar um punhetão pra isso. Não, caras... Não... Isso não é sexy, é nojento pra caralho!

E antes que alguém me chame de SJW, feministo e derivados... Não tem nada a ver com isso, eu não sou totalmente contra a ideia de um anime ter abuso sexual ou até mesmo estupro independente de como isso for feito simplesmente por dar gatilho ou alguma merda do tipo. Quer colocar estupro na sua história? Ok, coloque, é um tema interessante, apesar de ser de fato um assunto delicado pra muita gente e exigir um certo cuidado na hora de se abordar... O que significa que retratar isso de uma forma erótica com certeza não é uma maneira inteligente de abordar o assunto, né? E eu sei o que você deve estar pensando, que essas cenas são feitas pra quem tá assistindo odiar o Sugou, mostrar o quão detestável e doentio ele é. Pois bem, eles conseguiram, eu tive um ódio visceral desse maluco desde o primeiro episódio desse arco até o último... Mas eu também fiquei com ódio do anime por fazer isso da forma mais infantil e errada possível numa tentativa falha de parecer mais adulto. Não tem nenhuma nuance, nenhuma reflexão, não tem nada que justifique a necessidade de Sword Art Online ter essa merda aí, isso não é um comentário sobre abuso sexual e o impacto negativo que isso deixa na vida das vítimas. É como se High School Musical tivesse uma cena onde uma garota fica grávida e acaba abortando o bebê, vocês não sabem do que estão falando.

Mesmo ignorando esses elementos, o arco Fairy Dance é absurdamente tedioso. O mundo de Alfheim Online não chega nem perto da variedade que os cenários de Sword Art Online ofereciam, o Kirito é OP nesse jogo também, porque é claro que ele é, e mesmo com as mecânicas novas de voo e magia as lutas nem mudam tanto assim porque o método principal do Kirito lutar ainda é usando a sua espada pra retalhar tudo e dar one-hit kill em jogadores que tão no jogo há muito mais tempo do que ele porque ele é muito fodão. Quer dizer, o Kirito chega a aprender a usar magia, ele até consegue se transformar em uma espécie de demônio super poderoso parecido com aquele minotauro que ele enfrentou em Aincrad... Ele simplesmente destrói os inimigos dele com a maior facilidade quando usa essa magia, e nunca mais usa isso de novo depois daquele ponto, mesmo em situações onde ele era perfeitamente capaz de usar isso e resolver o problema logo. Por que? Sei lá, esse arco é estúpido.

E apesar do fato de que a Asuna é uma refém do Sugou tentar dar uma sensação de urgência à história, não adianta muito quando o Kirito não demonstra ter muita pressa pra salvar ela e fica brincando por aí nesse jogo fazendo nada que ajude a história a avançar. Sabe o que seria muito melhor? Se o arco não tivesse nenhum vilão, fosse só o Kirito e a Asuna se encontrando no mundo real e jogando esse bagulho juntos, e com isso eles poderiam simplesmente se divertir em um mundo virtual online como ele queria desde o começo. Mas não é só isso, fora do jogo poderia ter um drama com a Asuna e o Kirito se reaproximando das suas famílias depois de ficar 2 anos presos dentro de Sword Art Online, nisso entraria a Suguha, que queria ficar mais próxima do Kirito e resolveu começar a jogar MMORPGs nesse meio tempo pra tentar entender ele melhor. O Kirito e a Suguha acabam se encontrando em Alfheim Online, e na medida em que ela acaba jogando junto com ele e a Asuna, os dois vão ficando mais próximos e o Kirito passa a ter uma relação melhor com a família dele. Pronto, tá aí um anime sobre realidade virtual perfeitamente aceitável e com um drama humano que com certeza muita gente acharia relacionável... Mas não, eles tinham que enfiar um plot idiota com um vilão mais idiota ainda nisso.

Pra você ter uma ideia do quão estúpida é essa história toda, eu vou explicar aqui qual é o plano do Sugou. Basicamente, ele prendeu esses 300 jogadores dentro de Alfheim Online pra fazer experimentos em seus cérebros e aprender a manipular os pensamentos, as emoções e até as memórias das pessoas... De alguma forma ele quer vender esses experimentos pra outras companhias e dominar o mundo com isso, porque ele odeia o Kayaba e sofre de um complexo de inferioridade fodido. É sério, esse é o vilão do arco e a motivação dele. Imagina o Kawahara escrevendo isso mantendo uma expressão completamente séria no rosto, crente que ele tá no processo de criar uma obra prima e lançá-la pra que o mundo inteiro contemple o que saiu da sua mente brilhante. A única coisa remotamente satisfatória sobre esse cara é a cena do penúltimo episódio em que o Kirito desafia ele pra um x1 sem a função de absorção de dor lá e ainda dando pra ele a Excalibur, que é a espada mais forte do jogo, foi muito bom ver o Sugou sendo humilhado e depois morto como se ele fosse inferior a uma fralda cagada usada pelo autor de Mirai Nikki. Especialmente depois dele molestar a Asuna na frente do Kirito no que é provavelmente a pior cena dessa série inteira.

Eu nem ligo pro fato de que o Kirito conseguiu ganhar só por causa da ajuda do fantasma digital do Kayaba que surgiu do nada e deu a ele privilégios administrativos do jogo ou algo assim, a esse ponto asspulls estão entre os menores dos problemas com esse arco. Mas ok, depois de ir lá junto com a Suguha e a Yui salvar a Asuna e derrotar o Sugou, Kirito finalmente pode voltar pra sua vida normal... Exceto que o Sugou no mundo real ainda tenta matar ele, mas acaba se fodendo e sendo preso por seus webcrimes. Graças a um item chamado World Seed que o fantasma digital do Kayaba deu pro Kirito, um novo sistema pra MMORPGs virtuais é criado e agora todo mundo pode jogar feliz, eu acho, além do mais, Kirito e seu harem viram estudantes numa escola especial pra ex-jogadores de Sword Art Online. Final feliz!

Olha... Eu tenho quase certeza que o motivo das pessoas odiarem tanto Sword Art Online é o Fairy Dance, esse arco no seu melhor é desinteressante e no seu pior é horroroso, foram 11 episódios que honestamente pareceram ter durado uma eternidade e isso deixa uma péssima impressão final. É como se tivessem descartado os aspectos legais do arco de Aincrad, mantido os aspectos ruins e adicionado mais uns novos desses, desde a premissa sem sentido até as situações forçadas, o uso imaturo e nojento de abuso sexual, os plot twists hilariamente ruins e o péssimo vilão, isso aqui é de longe o ponto mais baixo da série inteira e a parte que eu concordo merecer todo esse ódio. Se Sword Art Online fosse um anime dividido em duas temporadas, uma sendo o arco de Aincrad e outra sendo Fairy Dance, eu daria respectivamente uma nota 5 pra primeira temporada e... 1 ou 2 pra segunda.

Porém, Sword Art Online não é só Fairy Dance, na verdade são 14 episódios de Aincrad e 11 desse, por mais que pareça mais longo por ser muito mais chato e desinteressante em comparação. Então... Eu não consigo de boa fé dizer que isso aqui é o pior anime que eu já assisti, e nem um dos piores, me diverti de verdade com o arco de Aincrad apesar dele ter as suas falhas também e nem todos os episódios serem exatamente bons, outros fatores compensaram isso... Mais ou menos... Mas o importante é que tiveram coisas pra eu gostar ali. E sim, se há algo que eu gosto em uma obra que a maioria (ou pelo menos a galera mais barulhenta) odeia, eu vou dizer que eu gosto e tô cagando e andando pro que os outros pensarem. Não tô aqui pra ficar seguindo opinião popular e sim pra expressar as minhas opiniões que podem ou não coincidir com as mais populares.

Com a opinião possivelmente popular de que Sword Art Online é um anime ruim falando de modo geral, no entanto, eu sinto dizer sou obrigado a concordar... Era bastante promissor, mas acabou que a execução dessas ideias legais foi bem falha. Mas olha, eu fico feliz por esse anime existir, de verdade, se não fosse por ele não existiria Sword Art Online Abridged, a série Abridged suprema que todos vocês deveriam estar assistindo desde já! Talvez esse post todo aqui até tenha sido só uma propaganda glorificada de SAO Abridged, interprete-o como quiser.

Nota: 4

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